A historiografia sobre o anarquismo foi distorcida com a criação daquilo que Michael Schmidt chama de mito dos “cinco grandes momentos” do anarquismo. Esse mito, segundo sustenta, hiperdimensionou a participação dos anarquistas em determinados eventos históricos – como no caso da revolta de Kronstadt, em 1921 – e, por outro lado, ignorou as revoluções com ampla influência anarquista, como a Revolução Mexicana (1910-1920), na Baixa Califórnia e em Morelos, no México; a Revolução da Manchúria (1929-1931) e a Revolução Cubana (1952-1959), no seio da qual os sindicatos revolucionários tiveram papel determinante. Isso, sem mencionar as diversas experiências como as Revoltas Cantonalistas na Espanha (1873-1874) e a Revolta da Macedônia (1903). Em todos esses casos, a tradição anarquista teve profundo enraizamento.
Segundo Schmidt, a maior fraqueza dos historiadores que sustentam o argumento dos “cinco grandes momentos” é que eles ignoram completamente não apenas os movimentos anarquistas do leste europeu, mas também os movimentos sindicalistas revolucionários[2] e anarco-sindicalistas[3], que foram hegemônicos na classe trabalhadora organizada de Cuba, México, Brasil, Portugal, Argentina, Uruguai – isso sem mencionar o leste da Ásia, como nos casos de Japão, China, Coréia, Vietnã, e o papel dos anarquistas em estabelecer os primeiros sindicatos no norte da África e no sudeste africano, no Caribe e na América Central, na Oceania, no sudeste asiático, no sul da Ásia e no Oriente Médio.
Em algumas pesquisas, esse mito ajuda a construir a visão do anarquismo como uma sucessão “martiriológica” e uma ideologia que, apesar de difundida, foi terrivelmente mal sucedida – pela sua inevitável “fraqueza” teórica ou seus horizontes “limitados” – em estabelecer sua proposta política. Implicitamente, nesta tese há a visão consagrada por certa historiografia do anarquismo como uma teoria “incoerente” e inadequada, sem critérios táticos e estratégicos bem definidos, cuja base se assenta no “equívoco” político[4] e no sectarismo dos anarquistas, ao rejeitarem o Estado.[5]
Estudos mais recentes sobre o anarquismo nos dizem que devemos “levar o anarquismo a sério” (take serious). Para isso, é necessário romper com as limitações da periodização dos “cinco grandes momentos” e abandonar a noção prévia e sem comprovação histórica[6], de que o anarquismo é uma ideologia pré-política ou simplesmente incoerente.[7] Rudolf de Jong, pesquisador do Departamento de Estudos sobre o Anarquismo na Espanha e na América Latina, ao preparar uma exposição sobre “movimentos pré-políticos em áreas periféricas”, nos alerta que se “realmente desejamos concentrar nossas atenções nas áreas periféricas, devemos abandonar o hábito de considerar essas áreas e seus habitantes como “periféricos”; e “quando nos referimos aos movimentos pré-políticos, nosso quadro de referências não é a própria área periférica, mas um centro”.[8]
Um exemplo dessa tendência são os estudos sobre o movimento operário brasileiro, nos quais o anarquismo aparece sempre, aos olhos do centro de análise, geralmente marxista, como uma ideologia pré-política. A maturidade do movimento operário parecia, enfim, atingida com a formação do Partido Comunista Brasileiro, em 1922. O anarquismo era visto como um estágio, talvez infantil, da experiência da classe. Ainda que esta visão tenha sido relativizada, a noção implícita do anarquismo como uma teoria política “primitiva” ou de visão “estreita”[9], sublinhada por Hobsbawm, é um fantasma que assola diferentes estudos.
O anarquismo, segundo esta perspectiva, é analisado sempre a partir de um referencial militante exógeno à sua própria constituição ideológica e julgado a partir de um critério valorativo que não o analisa, em termos históricos, pelo que realmente foi, mas por aquilo que deveria ter sido. Com o bolchevismo aparecendo furtivamente e a contrapelo, ainda que por um deslocamento sutil de sentido, conclui-se que o anarquismo, de maneira infeliz e trágica, nunca cumpriu as duras exigências de seus pesquisadores e adversários políticos.
Pierre Clastres, questionando a aplicação da terminologia pré-política às sociedades ameríndias, recorda: “Que significa de fato esse tipo de vocabulário onde os termos ‘embrionário’, ‘nascente’, ‘pouco desenvolvido’ aparecem com freqüência?”[10] Chegando à conclusão que determinados conceitos empregados pelo vocabulário sociológico/histórico envolvem “um julgamento de fato, mas [...], ao mesmo tempo, um julgamento de valor sobre as sociedades assim qualificadas: avaliação que destrói imediatamente a objetividade em que ela pretende fixar-se.”[11]
No que diz respeito ao estudo do anarquismo, isso se traduz pela completa ausência de um inventário político dos clássicos anarquistas; algo que parece não ser necessário ao estudo de suas estratégias, pois os anarquistas – segundo essa caricatura empobrecida, observada em parte de determinada historiografia – foram basicamente homens de ação.[12] As referências teóricas são, costumeiramente, reduzidas a um ou dois clássicos[13] e a investigação da amplitude da teoria política anarquista é costumeiramente substituída pela metodologia que busca na etimologia da palavra an arquia (“negação do Estado” ou da “autoridade”) sua base fundamental de compreensão.[14]
Vimos anteriormente que precisamos incluir outras questões para a análise do anarquismo além da simples negação do Estado. Partir de uma noção etimológica sobre o anarquismo não é o caminho mais adequado para compreendermos o contexto ideológico e de suas atividades militantes.
Do mesmo modo, o abandono da categoria do “pré-político” permite, também, que consigamos expandir nosso recorte temporal. Conseguimos, a partir disso, analisar a presença do anarquismo em diferentes países e contextos históricos. Em vez de nos restringirmos ao final do século XIX ou às primeiras décadas do século XX, podemos perceber a atividade anarquista em diferentes períodos e regiões.
Schmidt propõe uma periodização mais “generosa”, intitulada de teoria das cinco ondas [five waves theory], que não pretende ser uma “lei de ferro” do progresso e da reação, mas um guia histórico aberto a adaptações.[15] Esse guia fornece uma visão mais ampla do anarquismo.
“A primeira onda, de 1868-1894, pouco conhecida, e a segunda onda, de 1895-1923, bem mais estudada, que cobre as revoluções no México, na Rússia e na Ucrânia. [...] A terceira onda, de 1924-1949, igualmente famosa, que abarca as revoluções na Manchúria e na Espanha, e que, juntamente com a segunda onda, constitui o ‘período glorioso’ do anarquismo. [...] A quarta onda, de 1950-1989, cujo ápice se deu na Revolução Cubana em 1952-1959 e, novamente, com a Nova Esquerda de 1968. [...] A quinta onda, atual, gerada em 1989 pela queda do Muro de Berlim e pelo surgimento de mobilizações ‘horizontalistas’ contrapondo-se ao antigo e velho ‘comunismo’ marxista (na realidade, um capitalismo de Estado autoritário), às ditaduras de direita e ao neoliberalismo, por meio de novos movimentos das classes populares globalizadas.” SCHIMDT, 2012a, p. 43-44 apud Corrêa, 2012, p. 216.
Além das reflexões sobre o uso do conceito “pré-político”, a teoria das cinco ondas permite elaborar um breve inventário da presença anarquista depois do fim da Primeira Grande Guerra. Concentraremo-nos apenas na terceira e na quarta onda. Na terceira onda, que pode ser associada mais claramente ao período de militância que vai de 1924 a 1949, temos um contexto que é marcado pela repressão do fascismo e dos governos autoritários, pelo crescimento da proposta bolchevique, pela institucionalização dos sindicatos e em alguns países, pelas medidas de bem-estar social promovidas por vários Estados.[16]
Neste período, podemos mencionar: a fundação da Federação Anarquista francesa (FA), em 1945, a atuação da Federação Anarquista Comunista da Bulgária (FAKB), a fundação da Federação de Anarquistas Comunistas da Itália (FdCAI), em 1944, que teve alguma influência na formação da nova Federação Geral dos Trabalhadores Italianos (CGIL). Nesse período, foi também fundada a Federação Anarquista Japonesa, em 1945, que se segue à fundação da Conferência das Uniões Sindicais (CLU). Na Alemanha, houve a fundação da Federação dos Socialistas Libertários (FFS), em 1947, e no norte da África, a fundação do Movimento Libertário da África do Norte.
Sob uma perspectiva internacional, com destaque, podemos citar, segundo Corrêa, a
“East Asian Anarchist Federation (EAAF), fundada em 1928, com organizações dos seguintes países: China, Coréia, Formosa (Taiwan), Índia, Japão e Vietnã. A Asociación Continental Americana de Trabajadores (ACAT), fundada em 1929, que se constituiu como ramo latino-americano da Internacional Sindicalista, envolvendo mais de 100 sindicatos dos seguintes países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, México, Paraguai, Peru e Uruguai.” CORRÊA, 2012, p. 229.
Poderíamos acrescentar um dado local de nossos estudos que reforça esse mapeamento global feito pelos historiadores sulafricanos, em específico, no período que corresponderia a “terceira” e a “quarta onda”. Em nossos estudos[17] sobre o anarquismo e o sindicalismo no Brasil de 1945 a 1964, encontramos uma intensa articulação política internacional nos periódicos analisados. No Brasil, em 1948, houve um congresso anarquista nacional, que contou com a participação de organizações anarquistas de Rio de Janeiro (União Anarquista do Rio de Janeiro), Porto Alegre (Grupo Ácratas) e São Paulo (União Anarquista de São Paulo).[18] Nos periódicos anarquistas editados pelos brasileiros, encontramos[19] 24 grupos anarquistas em diversas regiões do mundo, mas, segundo o levantamento global realizado por Schimdt, este número é ainda maior. Pela Comissão de Relações Internacionais Anarquistas (CRIA), é possível ter acesso a informações sobre o anarquismo em todo mundo, avaliando a presença anarquista na Argélia, Argentina, Austrália, Bolívia, Grã Bretanha, Bulgária[20], Canadá, Chile, China, Colômbia, Cuba, Equador, França, Alemanha, Guatemala, India, Israel, Itália, Japão, Coréia, México, Marrocos, Holanda, Panamá, Peru, Portugal, Espanha, Suíça, Tunísia, Uruguai, Estados Unidos, Venezuela, Iugoslávia[21] e obviamente, Brasil. O caso da Bulgária chama-nos atenção.
“Na Bulgária, a FAKB, fundada nos fins da segunda onda, protagonizou experiências relevantes envolvendo sindicalismo urbano e rural, cooperativas, guerrilha e mobilização de juventude. Seu 5º congresso, em 1923, contou com 104 delegados e 350 observadores de 89 organizações e, entre 1926 e 1927, a FAKB adotou a Plataforma do grupo de exilados russos Dielo Truda, que sustentava a necessidade de uma organização anarquista programática, fundamentada na unidade ideológica, na unidade tática (método coletivo de ação), na responsabilidade coletiva e no federalismo. A discussão da Plataforma, inclusive, teve, nesta onda, algum impacto no anarquismo europeu. Em 1930, destaca-se, na Bulgária, a influência anarquista na formação da Confederação Vlassovden, de mobilização rural, que chegou, no ano seguinte, a 130 seções, possibilitando ao anarquismo constituir a terceira força política de esquerda no país.” CORRÊA, 2012, p. 229.
Nas décadas de 1950 e 1960, que se enquadrariam na “quarta onda” do anarquismo (1950-1989), a presença anarquista é geralmente ignorada ou reduzida a “reminiscência de um passado já distante de boêmios, rebeldes e vanguardistas”. Esta caricatura, como vimos anteriormente, não se sustenta diante da análise histórica. Neste contexto, marcado pela Guerra Fria, pela descolonização Afro-asiática e por se caracterizar de maneira geral como um período de refluxo[22], a trajetória do anarquismo é marcada por diversas iniciativas internacionais de atuação em projetos da classe trabalhadora.[23] Cabe destacar que são iniciativas tocadas por organizações e grupos anarquistas com projetos políticos bem definidos, ainda que com diferentes matizes, e que, portanto, chocam-se com a idéia pré-concebida de uma “espécie primitiva[24] de movimento”.[25]
Cabe alertar, que não desejamos aqui hiperdimensionar a força política dos anarquistas nos períodos citados, como “compensação” da “unilateralidade” dos estereótipos anteriormente construídos. Mas se trata, certamente, de compreender seu alcance político e sua esfera de influência mediante a análise de diferentes contextos e regiões. O primeiro passo de um trabalho como este, só pode ser dado com a desconstrução de reducionismos que colocam obstáculos nesta empreitada.
As limitações do estudo sobre o anarquismo e de sua análise ignoram o papel chave dos anarquistas na Confederação do Trabalho Cubano (CTC) e sua presença na Revolução Cubana, largamente ignorada pelos estudos históricos.[26] Do mesmo modo, a presença da Sveriges Arbetares Central (SAC) sueca, do Industrial Workers of the World (IWW) chileno, da Confederação Geral do Trabalho e do Movimento Nacional dos Trabalhadores Unidos do Chile, anarco-sindicalista, que estabeleceu a poderosa Central dos Trabalhadores do Chile (CUT), com a junção de marxistas e socialistas e teve a participação de anarquistas em seu processo.[27] A liderança nacional da CUT chilena incluía nove socialistas, quatro anarquistas, dois marxistas, dois democratas cristãos, um cristão independente de esquerda e até um militante da direita (falangista). A participação dos anarquistas numa greve geral, em 1956, no Chile, entre inúmeros casos, indica que a estratégia de massas permaneceu como uma prática corrente na década que se seguiu ao pós-guerra. Participaram da fundação do Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR) e nele permaneceram por dois anos.
No Uruguai, em 1956, é fundada a Federação Anarquista Uruguaia (FAU), uma organização que construiu a Convenção Nacional dos Trabalhadores (CNT), que incluía 400 mil trabalhadores – mais de 10% da população do país). A FAU teve um papel decisivo nos anos posteriores com a formação de um aparato armado subordinado à federação e que estava profundamente enraizada na classe trabalhadora organizada, por meio do agrupamento de tendência chamado Resistencia Obrero-Estudantil (ROE), que reuniu milhares de militantes.[28] Ainda assim, a Federação Anarquista Uruguaia pouco aparece nos estudos sobre a militância de esquerda nos anos 60 e 70, tampouco a organização Resistência Libertária, da Argentina[29], que engajou-se em armas contra a ditadura militar argentina. Em nosso entendimento, isso se deve não à ausência de documentos do período, mas à utilização de categorias equivocadas, que limitam o estudo do anarquismo a periodização dos “cinco grandes momentos” e incorrem nos mesmos problemas metodológicos que dificultam sua compreensão.
Seguindo essas pistas, chegamos a um problema conceitual profundamente relevante, que é ignorar a continuidade do anarquismo e de sua influência ou cultura política nas entidades de massas, fato que merece ser explorado com mais detalhes. A visão do sindicalismo combativo como algo espontâneo e divorciado das origens anarquistas nas décadas de 1940 e 1950 é uma visão corrente[30] na atual historiografia. Nos anos 1960 e 1970, a influência do anarquismo nas teorias e práticas guerrilheiras também pode ser analisada[31], ainda que faltem pesquisas de fôlego neste sentido.
A tese que comprovaria a vocação pré-industrial do anarquismo encontra seu “porto” na noção de que este, como fenômeno de massas, teria se restringido à Espanha. Essa teoria sofreu uma grande revisão sob os avanços de certos setores da historiografia. Uma perspectiva global da história do anarquismo e do sindicalismo fornece um importante corretivo a ela. Segundo Schmidt e van der Walt:
“Uma perspectiva global, todavia, nos mostra que o movimento de massas sindicalista e anarquista existiu fora da Espanha. A noção da excepcionalidade espanhola também dá pouca atenção a um número importante de casos como os da Europa Ocidental.” SCHMIDT, VAN DER WALT, 2009, p. 274, tradução nossa.
Segundo Schmidt, ao contrário desta tese da excepcionalidade espanhola, o anarquismo dominou os movimentos sindicais na Argentina, Brasil, Chile, Cuba, França, México, Holanda, Peru, Portugal e Uruguai. Movimentos camponeses influenciados pelos anarquistas foram desenvolvidos na Bulgária, Manchúria, México, Ucrânia assim como a Espanha. O autor também afirma que “a noção de que o anarco-sindicalismo foi algo parecido com a pequena-burguesia é claramente não convincente”.[32]
“Deixando de lado a ideia fácil de que os sindicatos de trabalhadores podem representar a pequena burguesia, é evidente que o sindicalismo, em seu período glorioso, não foi uma reação contra a modernidade, isolada da classe trabalhadora moderna – ele foi um movimento de trabalhadores assalariados, incluindo os locais mais avançados de produção industrial. [...]
Falando da Espanha, J. Romero Maura tem argumentado que a visão da CNT foi obscurecida pela visão de que o anarco-sindicalismo foi uma doutrina messiânica e irrealista, incompatível com as condições industriais modernas.”
SCHMIDT, VAN DER WALT, 2009, p. 281.
O anarquismo, como corrente política, desenvolveu-se tanto nos países “avançados” (França, Inglaterra, Estados Unidos, etc.) quanto nos “atrasados” (Bulgária, Espanha, etc.); permaneceu atuante, ainda que com diferenças em suas singularidades e força política, tanto nas primeiras décadas do século XX, quanto nos anos posteriores. Longe de ser um fenômeno pré-político ou “pequeno-burguês”, o anarquismo difundiu-se e ajudou a constituir a face organizada da classe trabalhadora em suas entidades de classe.
Obviamente, muitos anarquistas eram críticos do sindicalismo e enxergavam os limites de um movimento que só poderia avançar sobre os “escombros” da velha sociedade capitalista; uma minoria presente nos círculos anarquistas de vários países, segundo contextos históricos específicos, rejeitava a ação sindical e restringia-se ao campo da propaganda pelo fato. Ainda assim, o diálogo fundamental destes militantes, se realizava com a militância sindicalista revolucionária e/ou anarco-sindicalista. Coincidentemente, o estudo do anarquismo como um fenômeno histórico cresceu justamente num momento de grande interesse dos historiadores pelo movimento operário, em que os libertários tiveram um papel de relevo para sua constituição e atuaram fundamentalmente reforçando a associação e organização de classe.
Negar ou dissociar o enraizamento dos anarquistas nas lutas da classe trabalhadora e sua contribuição na formação do que hoje chamamos de sindicalismo de intenção revolucionária, sindicalismo de base e/ou combativo, dá margem à reciclagem de velhos preconceitos e permite a reprodução de erros básicos na interpretação de suas práticas sociais. A pior forma de compreender um movimento político é analisá-lo pelas caricaturas construídas por seus adversários políticos. A presença política dos anarquistas e sua trajetória histórica foram fundamentais para o enraizamento de determinadas práticas que possuem na auto-organização da classe e nas lutas contra as variadas formas de dominação seu eixo fundamental. Mantiveram acesas as perspectivas da utopia de um socialismo libertário que se opunha ao capitalismo e aos totalitarismos de esquerda conformados no “socialismo real”. Ajudaram a incorporar por meio da luta e a ação direta de intenção classista, muitos direitos que os trabalhadores e as classes oprimidas usufruem. Suas práticas históricas, portanto, se inscrevem decisivamente, ainda que de maneira subterrânea, no imaginário dos que hoje ainda lutam, a despeito de muitos não perceberem ou optarem abertamente por ignorar seus contornos.
Notas das partes 4 e 5
1. HOBSBAWM, Ibid, p. 90.
2. Isso quando não incorrem em generalizações grosseiras. O caso do sindicalismo revolucionário é emblemático. Apenas na Itália o sindicalismo revolucionário chegou por obra dos socialistas (Partido Socialista Italiano). Na esmagadora maioria dos países, o sindicalismo revolucionário constituiu uma estratégia anarquista para os sindicatos que, rapidamente, foi tomada pela classe trabalhadora organizada como um instrumento de luta e enfrentamento político. A prática sindicalista revolucionária é prefigurada, no final do século XIX, nas décadas de 1870, 1880 e 1890, com a atuação de determinados setores organizados da classe operária. Estes setores aproximar-se-ão do setor bakuninista na Primeira Internacional. Sobre a história do sindicalismo revolucionário e do anarco-sindicalismo ao redor do mundo, Cf. COLOMBO, Eduardo; et AL. História do Movimento Operário Revolucionário. Tradução de Plínio Coelho. 1ª ed., São Paulo, Imaginário, 2004.
3. Não confundir a categoria de análise anarco-sindicalismo, que dominou certos estudos no movimento operário brasileiro e que amalgama dois fenômenos correlatos/distintos (sindicalismo e anarquismo), com a estratégia anarco-sindicalista, presente na imprensa e no discurso anarquista de determinados países com presença da militância libertária em suas respectivas formações de classe. Esse último caso é o caso da FORA argentina, que define em seus estatutos o finalismo revolucionário (comunismo libertário) e da CNT espanhola, a partir de seu congresso de 1919. O anarco-sindicalismo pode ser compreendido como a estratégia sindical revolucionária explicitamente anarquista e deve ser aplicado enquanto uma categoria de análise de maneira mais criteriosa segundo as especificidades de suas práticas políticas.
4. Segundo Raquel Azevedo, essa visão historiográfica sobre o anarquismo aponta que “uma das faces das contradições que lhe são imputadas deve-se aos ‘erros táticos’ ou às ‘estratégias inadequadas’.” (...) Mas “a principal crítica encontra-se no equívoco que está na raiz de sua proposta, ou seja, em sua rejeição à participação política.” AZEVEDO, Raquel. A Resistência Anarquista: Uma questão de identidade (1927 – 1937). São Paulo: Arquivo do Estado/Imprensa Oficial do Estado, 2002, p. 40.
5. A propósito da suposta “incoerência teórica” do anarquismo, os pesquisadores sulafricanos aqui mencionados, afirmam que ela foi, em grande medida, construída pelos historiadores, que trabalharam com critérios inadequados para definir os “teóricos anarquistas”. Woodcock, por exemplo, a partir do critério da negação do Estado como elemento aglutinador e identificador dos anarquistas, inclui Godwin e Stirner, ambos os quais nunca foram anarquistas, juntamente com Bakunin e Kropotkin, no mesmo “barco”. O resultado dessa disparidade entre os pensadores e também entre os contextos históricos é a conclusão de que a teoria anarquista não seria consistente.
6. Quando nos referimos à comprovação histórica, baseamo-nos no historiador Jorn Rüsen, afirmando que Histórias narradas com especificidade científica são histórias cuja validade está garantida mediante uma fundamentação particularmente bem feita. A propriedade do pensamento sobre qual repousa o caráter científico do conhecimento é justamente mediante suas regras metódicas (regras do método) cuidar para que as pretensões de validades das sentenças que enuncia sejam bem sustentadas argumentativamente. Sobre isto, Cf. RÜSEN, Jörn. Científica – a constituição metódica da ciência da história In Razão Histórica – Teoria da história: os fundamentos da ciência histórica. Brasília: Editora UNB, 2001.
7. Este é o caso quando Hobsbawm, tratando da vida do expropriador Francisco Sabaté Llopart, caracteriza essa geração de expropriadores do seguinte modo: “Como motivação, tinham a ‘idéia’ do anarquismo: aquele sonho totalmente descomprometido e lunático que todos nós partilhamos, mas que poucos, exceto espanhóis, jamais tentaram pôr em prática, ao preço da derrota total e da impotência de seu movimento trabalhista.” Além de contestarmos a leitura teleológica sobre a Revolução Espanhola – que enxerga nela um movimento “pré-político”, que foi incapaz de criar um partido trabalhista, próprio de uma sociedade “madura” e “industrial” –, podemos questionar o fato de o autor reiterar um suposto irracionalismo da doutrina anarquista. Cf. HOBSBAWM, Eric. Bandidos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2ª edição, 1976, p. 113.
8. DE JONG, Rudolf. A Concepção Libertária da Transformação Social Revolucionária. São Paulo: Faísca, 2008.
9. Segundo Hobsbawm, os guerrilheiros anarquistas que lutaram contra a ditadura franquista “não tinham qualquer expressão militar. Sua organização e sua disciplina eram demasiado débeis, e seus objetivos eram os de seus dirigentes, homens com perspectivas das mais estreitas.” HOBSBAWM, 1976, p. 119.
10. CLASTRES, Pierre. Copérnico e os Selvagens. In: A Sociedade Contra o Estado. São Paulo: Cosac & Naife, 2003, pp. 23-41.
11. Ibidem.
12. Segundo esta visão, os grupos específicos anarquistas que atuavam na Espanha “travavam duelos com a Polícia, assassinavam reacionários, resgatavam prisioneiros ou expropriavam bancos com a finalidade de financiar algum jornalzinho, sendo que a aversão dos anarquistas à organização dificultava o levantamento regular de recursos.” HOBSBAWM, 1976, p. 115. Reitera-se, assim, a associação equivocada entre anarquismo e “desorganização”. Além disso, seria lícito recordar que os expropriadores anarquistas espanhóis estavam conectados a um trabalho amplo, nas entidades sindicais. Os debates de organização eram fundamentais nesse contexto.
13. Ou substituída pela maior referência de compreensão das ideias e práticas anarquistas. O estudo de George Woodcock, um inventário extremamente problemático das práticas e ideias anarquistas que mereceria outra resenha crítica, incorre em problemas típicos da tradicional História das Idéias Políticas. Sobre a crítica a História das Idéias Políticas, ROSANVALLON, 1995. Outro livro que trabalha com um pequeno referencial de clássicos, ainda que possua qualidade bastante superior ao de Woodcock, é o livro de Guérin. GUÉRIN, Daniel. O Anarquismo: da doutrina à ação. Rio de Janeiro: Germinal, 1968.
14. Sobre a inadequação desta abordagem, Corrêa nos diz que: “Em suma, definir o anarquismo como sinônimo de anti-estatismo implica tomar uma definição reducionista, que não permite explicar o que é o anarquismo. A partir desse conceito, poder-se-ia incluir no rol do anarquismo um conjunto de autores e de tradições que, considerando uma análise mais criteriosa, não constituem parte dessa ideologia.” CORRÊA, Felipe. Sinônimo de Anti-estatismo. Disponível em <http://www.negodito.com/a-sinonimo-de-anti-estatismo/> Acessado em 01/09/2012.
15. SCHMIDT, Michael. Cartography of Revolutionary Anarchism. Oakland: AK Press, no prelo, p. 16.
16. CORRÊA, 2012, p. 229.
17. Cf. SILVA, Rafael Viana da Silva. Indeléveis Refratários: As Estratégias Políticas Anarquistas e o Sindicalismo Revolucionário no Rio de Janeiro em Tempos de Redemocratização (1946-1954). Orientadora: Maria Paula Nascimento Araújo. Rio de Janeiro: UFRJ / IFCS / Departamento de História, 2011. Monografia (Bacharelado em História)
18. Ainda que tenhamos ciência dos limites de sua militância no período relacionado, a presença dos anarquistas nesse contexto indica que o historiador pode expandir seu estudo para além dos períodos “tradicionais” de estudo do anarquismo. Isso só é possível quando nos livramos das noções “carregadas” de pré-suposições, como o termo “pré-político”, incapaz de lidar com um objeto tão multifacetado quanto o anarquismo.
19. Cf. SILVA, Ibid.
20. Na Bulgária, com a ocupação do Exército Vermelho e a formação de uma frente patriótica após o fim da segunda grande guerra, a situação do anarquismo é bem delicada. Composta por comunistas e o ex-líder da Zveno, o coronel do exército (“Ligação”, organização fascista fundada por oficiais do exército em 1930 e responsável por um golpe em 1934) Kimon Gerogiev, o governo de coalizão tratou de perseguir a FAKB (Federação dos Anarco-Comunistas da Bulgária). Em 1948, o último encontro massivo dos anarquistas foi duramente reprimido. Centenas de anarquistas foram executadas e cerca de 1000 militantes da FAKB foram mandados para campos de concentração. Cf. SCHMIDT, Michael. Anarquismo Búlgaro em Armas: a linha de massas anarco-comunista – parte I. Rio de Janeiro, Editora Faísca, 2009.
21. SCHMIDT, Michael. Cartography of Revolutionary Anarchism. Oakland: AK Press, no prelo, p.51, tradução nossa.
22. CORRÊA, 2012, p. 234.
23. Segundo Corrêa: “Na Europa, desenvolveram-se iniciativas no campo das organizações específicas anarquistas, guerrilhas anarquistas, grupos insurrecionalistas, iniciativas sindicais de massas (algumas clandestinas) e uma participação significativa nas revoltas do Maio de 68 francês, que fizeram parte de um contexto global de mobilizações em todo o mundo.” CORRÊA, 2012, p. 235.
24. Segundo Suárez, “o enraizamento das ideias libertárias não teria sido fruto nem do subdesenvolvimento material nem de uma mentalidade arcaica e milenarista de classes populares à espera de uma nova redenção anabatista; o elemento homogeneizador era a identidade, não especificamente a classe; era a experiência de um ofício compartilhado, não um consciência surgida como resposta à modernização imposta pelas classes dominantes.” SUÁREZ, 2012, pp. 28-29.
25. HOBSBAWM, 1985, p. 98.
26. Algumas exceções. DOLGOFF, Sam. Apud SCHMIDT, p. 55. E DOLGOFF, Sam. “The Cuban Revolution: a critical perspective.” In: Libcom, 2011. Disponível em <http://libcom.org/history/cuban-revolution-critical-perspective-sam-dolgoff>. Acessado em 05/11/12. FERNÁNDEZ, Frank. El Anarquismo en Cuba. Madri: Fundación Anselmo Lorenzo, 2000.
27. SCHMIDT, Michael. Cartography of Revolutionary Anarchism. Oakland: AK Press, no prelo, p. 51, tradução nossa.
28. Sobre a história da Federação Anarquista Uruguaia. Cf. MECHOSO, Juan C. Acción directa anarquista: uma historia de FAU. Tomos I, II, III e IV. Montevideo, Editorial Recortes, s/d.
29. Sobre a história desta organização, consultar o trabalho de DIZ, Verônica; TRUJILLO, Fernando Lopez. Resistência Libertaria. Buenos Aires: Madreselva, 2007.
30. SCHMIDT, Michael. Cartography of Revolutionary Anarchism. Oakland: AK Press, no prelo, p. 57.
31. Abraham Guillén foi um militante e teórico anarquista da guerrilha. Influenciou decisivamente a concepção de “luta avançada” da Federação Anarquista Uruguai, crítica do foquismo e também grande parte das organizações de esquerda que investiram na luta armada.
32. SCHMIDT, VAN DER WALT, p. 281.
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