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Sobre História
História, memória e historiografia.

A História no pensamento de Paulo Freire.

http://www.paulofreire.org/Crpf/ObraPFFotos

Paulo Freire na bibliotéca.

Com o objetivo de conhecer como Paulo Freire pensava a História, buscou-se analisar um conjunto de obras de sua autoria para identificar a concepção freireana de História. Foi elaborada uma contextualização da trajetória das discussões no Campo da história: racionalismo, estruturalismo, pós-estruturalismo e os principais paradigmas historiográficos. Após a construção deste referencial teórico, analisou-se o conjunto de onze obras de Paulo Freire e concluiu-se que ele pode ser considerado como um autor que participou da construção de uma “nova” concepção de Estruturalismo e que, sua filosofia pedagógica, defendia uma concepção Crítico- dialética de História.

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Por Anderson Romário Pereira Corrêa.
Alegrete, 05 junho de 2009.

Introdução:

Busca-se conhecer qual era a concepção de História defendida por Paulo Freire e como deveria ser o processo de ensino/aprendizagem nesta disciplina. Paulo Freire é conhecido internacionalmente como um dos principais filósofos brasileiros da área da Educação. Neste sentido, cabe investigar como ele pensava a História. Geralmente os historiadores e os professores de história não param para pensar sobre suas práticas, seus métodos e referenciais teóricos explicativos. Para atingir o objetivo estabelecido, elaborou-se uma revisão bibliográfica que possibilitou a compreensão da epistemologia da história entre as décadas de 30 e 80 do século XX. Em seguida, foi construído um referencial teórico para dialogar com a análise da Obra de Paulo Freire. As obras de Paulo Freire foram abordadas primeiramente com uma técnica de análise de conteúdo (quantificação e caracterização de recorrência). Foram analisadas as considerações de Paulo Freire em relação ao saber histórico. Comparou-se o exposto pelo autor com as discussões teóricas de historiadores sobre a epistemologia do passado e sua prática pedagógica. Este artigo é composto dos seguintes tópicos: Introdução; A História – uma ciência em construção; O Paradigma Crítico-Dialético; A História no Pensamento Freireano; Conclusão e Bibliografia.


A História: ciência em construção.

No contexto da modernidade e da pós-modernidade a História também vem sofrendo as influências das construções e desconstruções teóricas que estão em discussão e em disputa. José Carlos Reis (2000) escreve que a história, assim como toda cultura ocidental, passou por uma transição entre o século XVIII e o século XX. Esta transição caracteriza-se pelo iluminismo (racionalista, globalizante e moderno), o estruturalismo e o pós-estruturalismo. A seguir, descreve-se de forma sucinta, a trajetória da epistemologia do passado nestes últimos tempos.
O projeto iluminista vê a história como “espírito universal”, que progressivamente vai “tomando consciência de si”. O projeto moderno e iluminista é extremamente otimista, crê no poder da razão. A hipótese iluminista é hegeliana, não pode não ter sentido. A historia seria então governada pela razão. O projeto iluminista legitima toda violência contra o passado-presente, que é considerado um entrave para o progresso e evolução. (Reis, 200:178)
No século XX o movimento estruturalista veio desconfiar deste sujeito consciente, em busca da liberdade. A convicção de que a razão governa o mundo foi posta sob suspeita. Passou-se a duvidar do progresso, do evolucionismo, do eurocentrismo, da razão racionalista. O homem não é totalmente sujeito e livre, e a sociedade não é guiada por uma teleologia. De acordo com José Carlos Reis, a história deveria dedicar-se mais ao repetitivo, cíclico, resistente, inerte e estrutural. Deveria dedicar-se a realidade empírica, produzindo um saber objetivo e conceitual. O estruturalismo ainda se diz racionalista, porém procura a razão a contrapelo, onde ela se esconde e, com isso, acaba adotando um determinismo inconsciente. Os estruturalistas são contrários as utopias, pois discordam do fato de misturar a filosofia com a ciência. A utopia só faz sentido dentro de um raciocínio típico-ideal, uma abstração que permite conhecer a realidade. (Idem: 182).
A segunda fase do estruturalismo, o pós-estruturalismo, não duvida da razão, isto é, não acredita na própria existência da razão. Não procuram mais verdades históricas, nem essenciais, nem aparentes, nem manifestas e nem ocultas. O universal não é pensável, a unificação é impossível. O conhecimento histórico pós-estrutural é anti-estrutural, parcial, limitado, individual, em migalhas. Não se quer neutralidade, passividade, serenidade e universalidade. Não existe uma razão, moral, verdade universal. A partir dos anos 80, o homem não é mais o horizonte do historiador, a história deixou de ser analise do passado para produzir mudanças no presente, etc. (Idem: 183)
Acima foi transcrito como Carlos Reis descreve a relação e influência da cultura ocidental na concepção de história e na pratica historiográfica. Esta trajetória ocorreu aproximadamente entre os anos 30 e 80 do século XX. Carlos Reis diz que uma bandeira que vem ganhando adeptos entre os historiadores é a proposta defendida pelo historiador francês F. Dosse. Este autor defende um retorno ao projeto inicial da Escola dos Annales, onde se destaca: a mesma relação interdisciplinar com as Ciências Sociais, a mesma referencia à História problema, a mesma resistência e substituição do Marxismo. (Idem: 187) A compreensão e o aprimoramento do saber histórico, absorvendo todo o avanço possível das ciências humanas e sociais, está em gestação. Portanto, é uma nova corrente na pós-modernidade. A nova construção em gestação não é o estruturalismo, nem o pós-estruturalismo, pode ser um “novo-estruturalismo”.


O Paradigma Crítico Dialético.

Para compreender a forma de pensar e praticar a historiografia é útil o conceito de paradigma. Segundo Thomas Khun (1962), paradigma é uma matriz disciplinar comum aos praticantes de uma mesma ciência. É uma forma de compreender e de fazer de uma ciência. Um paradigma fornece um conjunto de problemas e soluções. Esta forma de compreender e fazer deve ser partilhada por um conjunto de praticantes e reconhecida pelos mesmos (Comunidade científica). A seguir apresenta-se os autores que discutem modelos explicativos e metodologias na área da história: Francisco Ricardo Rudiger, Emilia Viotti da Costa, Rudolf Rocker, Agnes Heller, Marc Bloch, Lucien Febvre, Jacques Le Goff, E. P. Thompson e François Dosse.
Para Francisco Ricardo Rudiger (1991:185), um dos principais temas da reflexão epistemológica contemporânea, no terreno das ciências humanas, é em relação ao caráter do conhecimento histórico. É um assunto que preocupa tanto filósofos quanto historiadores. Segundo Rudiger do ponto de vista geral, os paradigmas epistemológicos da história podem ser divididos em basicamente três: historicismo, positivismo e dialético. Dentro destes paradigmas existem varias correntes. Estes paradigmas divergem quanto a concepção de ciência, quanto ao método empregado pelo historiador e quanto a matéria da história (Idem: 186).
De acordo com Francisco R. Rudiger, o paradigma crítico-dialético, o campo factual do historiador é visto como práxis humana, limitada por determinadas condições, cujo caráter, sempre mediado pelos sujeitos da ação social, podem ter cunho estrutural ou sistêmico. (Idem: 187) Em termos de prática historiográfica, a retomada de pressupostos como a interdisciplinaridade, a relação com as Ciências Sociais, a à História problema, e a substituição do Marxismo, no sentido de aprimoramento do saber histórico, terá aqui o conceito de “Paradigma Crítico Dialético”.
De acordo com o que vem sendo exposto, os fatos são resultado da prática humana, condicionada de forma estrutural ou sistêmica. Emilia Viotti da Costa (2001) escreve que a relação entre experiência e estrutura é um dos principais temas teóricos das Ciências Sociais e da História na atualidade. De acordo com a autora, o principio estruturalista define que os sujeitos são determinados (condicionados) pelas estruturas sociais (econômicas, políticas, ideológicas, culturais, etc.). Em casos que são levados ao extremo, aposta-se mais na objetividade do conhecimento histórico, usando de métodos quantificáveis. (2001:22s) Já o estudo das experiências, que emergiu a partir dos estudos antropológico e cultural trás a possibilidade do uso de diferentes tipos de fontes, incluindo as orais e a subjetividade na história, privilegiando aspectos qualitativos. (2001:29) A conexão entre estruturas e culturas (experiências), trouxe ganhos significativos para a compreensão da história. Segundo a historiadora, os indivíduos e grupos sociais “(...) tornaram-se sujeitos da história, em vez de serem seus meros objetos (...)”. (2001:34)
Rudolf Rocker (1937) também possui uma visão contrária aos determinismos na história, assim como as posições que definem uma única causa como determinante (embora em “última instância”). Este historiador se antecipava às discussões já na primeira metade do século XX. No livro Nacionalismo e Cultura, Rudolf Rocker escreveu um capítulo para discutir teoria e metodologia da história com o título “A insuficiência do materialismo econômico”. O historiador afirma que não nega a existência, na História, de relações internas que se pode atribuir a noção de causa e efeito, mas se trata de processos sociais, sempre de uma causalidade de fins humanos. As causalidades de natureza físicas se desenvolvem independentes do nosso consentimento; as causalidades históricas são manifestações de nossa vontade. (1937:03) Para ele, toda tentativa de previsão humana, de uma finalidade é para a existência social de grande importância, porém deve deixar de considerar os acontecimentos sociais como manifestações forçosas de uma evolução naturalmente necessária. Semelhante interpretação tem levado aos piores sofismas e levado a perda total de todo verdadeiro entendimento da história. (Ibidem) Rocker escreve que não existem “leis da história”. Sobre a questão das causas, escreve que qualquer pessoa que pense de forma mediana sabe que é impossível conhecer um período histórico sem levar em consideração suas condições econômicas. Porém é completamente equivocado querer que toda a história seja unicamente resultado das condições econômicas. (1937:05) Segundo Rudolf Rocker: “Todos os fenómenos sociales se producen por una serie de motivos diversos que, “en la mayoría de los casos, están entrelazados de tal modo, que no es posible delimitarlos concretamente. Se trata siempre de efectos de múltiples causas, que pueden reconocerse claramente...” (1937:06)
Rudolf Rocker diz que as condições econômicas por si só não podem modificar toda uma estrutura social, se não existirem nos homens as condições psicológicas e espirituais que dê sentido e agrupem as forças sociais dispersas para uma obra comum. (1937:10) Segundo ele, todos sabem que as questões econômicas tem muita influência na transformação das condições sociais, mas é muito mais importante saber o modo como os seres humanos reagem, em seu pensamento e ação. Sobre a influência e os passos que dão no sentido de implantar uma transformação na vida social considerada necessária. (Idem: 13) Neste sentido, a questão entra no campo das experiências e do cotidiano, que Rudiger destaca ao citar a historiadora Agnes Heller, uma das construtora do paradigma crítico-dialético. (1987:172s) Para Agnes Heller (1982: 54) a necessidade do saber histórico esta enraizado na vida cotidiana. É a relação da História com a consciência histórica. Da mesma forma, é de importante contribuição os estudos de Edward P. Thompson (1981:12) sobre a questão da experiência histórica como categoria de análise e estudo na prática histórico-social. A experiência é a influencia do ser social sobre a consciência social.
Retomando as questões propostas por Rudolf Rocker, o estudo da “vontade de poder” ou “política de domínio”, pode ser um instrumento para a interpretação da história, e assim ele completa: “El triunfo o el fracaso de los planes de dominio capitalista-monopolistas determinará la nueva estructuración de la vida social en el próximo futuro.” (Idem: 18)
A História na perspectiva Crítico-dialética, centrada na prática social e nos projetos sociais, é uma história comprometida com a transformação, e por isso uma história problema. Marc Bloch (2001:07) inaugurou a noção de “história como problema”. A história não seria mais entendida como “ciência do passado”, mas ao contrário, destacava a importância do presente para entender o passado e do passado para entender o presente. Apresentou, assim, o “método regressivo”, ou seja, temas do presente condicionam e delimitam o retorno, possível, ao passado. Como Lúcien Febvre, Bloch afirmava que a história é filha de seu tempo. Nas palavras de Jacques Le Goff (1990:478) podemos perceber a intenção política desta concepção de História: “A memória, onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro. Devemos trabalhar de forma a que a memória coletiva sirva para a libertação e não para a servidão dos homens.” François Dosse (2003) ao parafrasear Bloch e Lefbvre constrói uma síntese entre os dois na frase a seguir: “A história permanece uma ciência em construção, à imagem da nossa sociedade, da qual é indissociável. Também continua o combate pela história.” (2003:28)


A História no Pensamento Freireano.

Para identificar e analisar como Paulo Freire pensava a História, após a construção de um referencial teórico contextualizado, foi elaborada uma análise de conteúdo a partir de onze obras de Paulo Freire: “Pedagogia do Oprimido”, “Ação Cultural para a liberdade”, “Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos”, “A importância do ato de ler: em três artigos que se completam”, “Extensão e Comunicação, Política e Educação: ensaios”, “Professor sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar”, “Conscientização: Teoria e pratica da libertação – uma Introdução ao pensamento de Paulo Freire”, “Educação e Mudança, Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido”, “Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a prática educativa”. Foi analisada a recorrência das referências de Freire em relação ao conhecimento histórico e relacionaram-se suas concepções com as discussões dos historiadores sobre seu oficio. Neste conjunto de onze obras, Paulo Freire fala sobre “história” mais de uma centena de vezes.
De acordo com a quantidade de ocorrência, os livros que mais apresentam discussões sobre a História são: “Política e Educação”, “Pedagogia do Oprimido”, “Pedagogia da Autonomia” e “Professor sim, tia não”. Algumas destas referências apareciam em forma de crítica às concepções tradicionais e outras citações apareciam no sentido de afirmar uma nova concepção.
No levantamento que foi feito, de 102 ocorrências registradas, 75 possuem sentido positivo e de promoção, e 27 aparecem com sentido negativo. A maioria das ocorrências aparece no sentido de defender e apresentar de forma propositiva sua concepção de história. A “palavra” História aparece nos textos relacionada a: Dialética (18), História Escolar (15), Conhecimento da Realidade (12), Experiência (11), Fatalismo (10), Mito (08), Causalidade (04), Vontade de Potencia (03), Filosofia (03), Processo (03), Idealismo (03), Possibilidade (03), Cotidiano (03), Determinismo (02) e sem classificação (04).
Como já foi escrito, fez-se a escolha de trechos em que Freire enfatiza ou reporta-se a história enquanto epistemologia do passado. Em todos os livros consultados, somente uma vez o autor citou um grande historiador como sendo sua referência teórica. Foi a historiadora Agnes Heller (retomaremos com Agnes Heller mais adiante quando for analisada a questão do cotidiano e da consciência histórica). As idéias de Paulo Freire serão apresentadas primeiro no nível teórico e em seguida em relação as práticas pedagógicas


Paulo Freire e sua concepção teórica de história.

Ao fazer análise de conteúdo nas obras de Paulo Freire observou-se que sua idéia de História é contraria ao fatalismo e defende a visão de História como possibilidade. Rejeita o determinismo, considerando que existem condicionantes, mas nada pré-determinado em relação aos acontecimentos históricos. Segundo Paulo Freire, não existe uma causa determinante nos acontecimentos, mas vários fatores que interagem na realização dos fatos. Sua concepção é dialética, admitindo o papel condicionante das estruturas sociais, porém enfatizando as experiências a nível do cotidiano. A seguir apresenta-se a concepção de Paulo Freire sobre a História como fatalidade ou destino, a concepção mecanicista e determinista da história, os condicionantes na História, a possibilidade, a concepção dialética, as experiências e o cotidiano.
Segundo Paulo Freire (1987), pensar a história enquanto fatalidade ou destino é pensar o passado como algo pré-dado ou imutável, o presente domesticado e bem comportado e o futuro prefixado e inexorável. Esta concepção é castradora e negadora da liberdade. Nesta concepção, os indivíduos tornam-se espectadores da história, esperando a manutenção do presente e a espera que o futuro já conhecido se instale. (1987:26) Em “Pedagogia da Autonomia...” Freire escreve: “A ideologia fatalista, imobilizante, que anima o discurso neoliberal anda solta no mundo. Com ares de pós-modernidade, insiste em convencer-nos de que nada podemos contra a realidade social que, de histórica e cultural, passa a ser ou a virar “quase natural”. Frases como “a realidade é assim mesmo, que podemos fazer?”ou “o desemprego no mundo é uma fatalidade do fim do século” expressam bem o fatalismo desta ideologia e sua indiscutível vontade imobilizadora. Do ponto de vista de tal ideologia, só há uma saída para a prática educativa: adaptar o educando a esta realidade que não pode ser mudada. O de que se precisa, por isso mesmo, é o treino técnico indispensável à adaptação do educando, à sua sobrevivência. O livro com que volto aos leitores é um decisivo não a esta ideologia que nos nega e amesquinha como gente.” (1996:11).
Ainda na “Pedagogia da Autonomia” Paulo Freire (1996: 38) destaca que a concepção mecanicista e determinista da história reduz a consciência a puro reflexo da materialidade. Da mesma forma que a fatalidade, o determinismo (seja ele mono-causal ou pluri-causal) também servem aos interesses do imobilismo. São as chamadas concepções teleológicas, que afirmam existir um “destino já traçado”. Assim explica ele: “Sempre recusei os fatalismos. Prefiro a rebeldia que me confirma como gente e que jamais deixou de provar que o ser humano é maior que os mecanicismos que o minimizam.” (1996:44) Freire ainda acrescenta: “Quanto mais me deixo seduzir pela aceitação da morte da História tanto mais admito que a impossibilidade do amanhã diferente implica a eternidade do hoje neo-liberal que aí está, e a permanência do hoje mata em mim a possibilidade de sonhar. Desproblematizando o tempo, a chamada morte da História decreta o imobilismo que nega o ser humano.” (Ibidem)
Paulo Freire é contrário a idéia do fatalismo e do determinismo, porém, acredita que existem condicionantes sociais. Em “Política e Educação” o pedagogo apresenta a defesa da idéia de condicionamentos, que não determinam o comportamento dos seres humanos, mas impõe-lhes certos limites: “A nossa experiência, que envolve condicionamentos mas não determinismo, implica decisões, rupturas, opções, riscos.” (2001:09) Na mesma obra salienta que: “Esta inteligência da História, que descarta um futuro predeterminado, não nega, porém, o papel dos fatores condicionantes a que estamos mulheres e homens submetidos.” (Idem: 47) Desde sua primeira obra a “Pedagogia do Oprimido” que ele escreve sobre os condicionantes e não determinantes na História: “Os homens, pelo contrário, porque são consciência de si e, assim, consciência do mundo, porque são um “corpo consciente”, vivem uma relação dialética entre os condicionamentos e sua liberdade.” (1987:90).
Na “Pedagogia da Autonomia” (1996:54) e em “Política e Educação” (2001: 46s) Paulo Freire destaca a sua compreensão que a História é possibilidade e não Determinismo. Para o autor, a história como possibilidade destaca o papel da subjetividade na História, a capacidade que os indivíduos têm de comparar, analisar, avaliar, decidir, escolher, romper. Apresenta a importância da ética e da política.
Estes condicionamentos a que Paulo Freire se refere, que não são determinações, são de vários fatores. Ele rompe com a tese marxista da determinação do fator econômico sobre o processo histórico. Afirma que a economia é um dos fatores, e que não existe fator principal. Na “Pedagogia da Autonomia” existe uma reflexão completa sobre este assunto, que é demonstrada no trecho que segue: “De um lado, a compreensão mecanicista da História, que reduz a consciência a puro reflexo da materialidade, e de outro, o subjetivismo idealista, que hipertrofia o papel da consciência no acontecer histórico. Nem somos, mulheres e homens, seres simplesmente determinados nem tampouco livres de condicionamentos genéticos, culturais, sociais, históricos, de classe, de gênero, que nos marcam e a que nos achamos referidos.”(1996:38). A crítica ao marxismo aparece quando ele escreve que embora não podendo compreender a história contemporânea sem a luta de classes, a luta de classes tão pouco pode explicar tudo. Em “Pedagogia da Esperança” Paulo Freire escreve: “Nunca entendi que as classes sociais, a luta entre elas, pudessem explicar tudo, até a cor das nuvens numa terça-feira à tardinha, daí que jamais tenha dito que a luta de classes, no mundo moderno, era ou é o motor da história. Mas, por outro lado, hoje ainda e possivelmente por muito tem o não é possível entender a história sem as classes sociais, sem seus interesses em choque.” (1992:47) Logo a seguir Paulo Freire escreve que o “sonho”, os ideais, são também um dos “motores da história”, e acrescenta sua visão de que a realidade e a história é o resultado de vários fatores, sendo que não aponta nenhum deles como tendo primazia sobre os outros: “O sonho pela humanização, cuja concretização é sempre processo, e sempre devir, passa pela ruptura das amarras reais, concretas, de ordem econômica, política, social, ideológica etc., que nos estão condenando à desumanização. O sonho é assim uma exigência ou uma condição que se vem fazendo permanente na história que fazemos e que nos faz e re-faz.” (Idem: 51)
Com tudo o que foi exposto, é fácil perceber que Freire possui uma concepção dialética da História (movimento, processo e contradições). Em “Pedagogia do Oprimido” ele escreve: “Os homens, pelo contrário, porque são consciência de si e, assim, consciência do mundo, porque são um “corpo consciente”, vivem uma relação dialética entre os condicionamentos e sua liberdade.” (1987:90) Em “Pedagogia da Autonomia” destaca: “Se sou puro produto da determinação genética ou cultural ou de classe, sou irresponsável pelo que faço no mover-me no mundo e se careço de responsabilidade não posso falar em ética. Isto não significa negar os condicionamentos genéticos, culturais, sociais a que estamos submetidos. Significa reconhecer que somos seres condicionados, mas não determinados. Reconhecer que a História é tempo de possibilidade e não de determinismo, que o futuro, permita-se-me reiterar, é problemático e não inexorável.” (1996:11) Em “Política e Educação” apresenta uma discussão muito interessante sobre a questão dos condicionantes estruturais e a ação dos indivíduos e grupos sociais: “A superação da compreensão mecanicista da História, por outra que, percebendo de forma dialética as relações entre consciência e mundo, implica necessariamente uma nova maneira de entender a História. A História como possibilidade. Esta inteligência da História, que descarta um futuro predeterminado, não nega, porém, o papel dos fatores condicionantes a que estamos mulheres e homens submetidos. Ao recusar a História como jogo de destinos certos, como dado dado, ao opor-se ao futuro como algo inexorável, a História como possibilidade reconhece a importância da decisão como ato que implica ruptura, a importância da consciência e da subjetividade, da intervenção crítica dos seres humanos na reconstrução do mundo. Reconhece o papel da consciência construindo-se na práxis; da inteligência sendo inventada e reinventada no processo e não como algo imóvel em mim, separado quase, de meu corpo. (...) Reconhece minha individualidade que nem se dilui, amorfa, no social nem tampouco cresce e vinga fora dele.(...)” (2001:47). Para finalizar com uma síntese do pensamento dialético em história a partir de Paulo Freire, destaca-se na obra “Professor sim, tia não” a seguinte afirmação: “Recusando qualquer interpretação mecanicista da História, recuso igualmente a idealista. A primeira reduz a consciência à pura cópia das estruturas materiais da sociedade; a segunda submete tudo ao todo-poderosismo da consciência. Minha opção é outra. Entendo que estas relações entre consciência e mundo são dialéticas.” (1997:26)
Ao enfatizar a dialética entre os condicionantes e as possibilidades do fazer-se histórico, Paulo Freire, ainda em “Política e Educação” escreve, dando destaque as experiências vividas ou herdadas pelos sujeitos e grupos sociais: “Ressaltamos inicialmente a sua condição de ser histórico-social, experimentando continuamente a tensão de estar sendo para poder ser e de estar sendo não apenas o que herda, mas também o que adquire e não de forma mecânica. Isto significa ser o ser humano, enquanto histórico, um ser finito, limitado, inconcluso, mas consciente de sua inconclusão.” (Idem:12) Na obra “Professor sim, tia não” afirma que fazem-se a experiência existencial enquanto experiência social e histórica. (1997:68) Em se tratando de experiências socio-históricas, Paulo Freire enfatiza o cotidiano, e narra que ao amanhecer, despertamos, escovamos os dentes, tomamos o primeiro banho e o café da manhã. O marido conversa com a mulher, ou a mulher com o marido, informamo-nos das primeiras noticias. Saímos de casa, andamos na rua, cruzamos com pessoas, paramos no semáforo (...) fazemos coisas que apreendemos desde criança, mas em nenhum momento paramos para pensar o porquê das coisas que fizemos. Para Paulo Freire: “Dos dentes que escovamos, da ducha que tornamos, do café que bebemos (a não ser que tenhamos reclamado algo que saiu da rotina), da cor vermelha do semáforo por causa da qual paramos sem também nos perguntar, em outras palavras: imersos na cotidianeidade, marchamos nela, nas suas “ruas”, nas suas “calçadas”. Sem maiores necessidades de nos indagar sobre nada. Na cotidianeidade, nossa mente não opera epistemologicamente.” (idem:82). Ele escreve mais sobre a cotidianiedade: “Se prosseguirmos um pouco mais na análise da cotidianeidade desta manhã que estamos analisando ou em que nos analisamos, observaremos que, para havermos tomado uma manhã qualquer nossa, como objeto de nossa curiosidade foi necessário que o fizéssemos fora da experiência da cotidianeidade. Foi preciso que dela emergíssemos para, então, “tomarmos distância” dela ou da maneira como nos movemos no mundo em nossas manhãs. É interessante observar, também, que é, na operação de “tomar distância” do objeto, que dele nos “aproximamos”. A “tomada de distância” do objeto é a “aproximação” epistemológica que a ele fazemos. Só assim podemos “admirar” o objeto, no nosso caso, a manhã, em cujo tempo analisamos como nos movemos no mundo.” (Ibidem). E finaliza: “No primeiro momento, o da experiência da e na cotidianeidade, meu corpo consciente se vai expando aos fatos, aos feitos, sem contudo, interrogando-se sobre eles, alcançar a sua “razão de ser”. Repito que o saber – porque também o há – que resulta destas tramas é o de pura experiência feito. No segundo momento, em que nossa mente opera epistemologicamente, a rigorosidade metodológica com que nos aproximamos do objeto, tendo dele “tomado distância”, isto é, tendo-o objetivado, nos oferece um outro tipo de saber. Um saber cuja exatidão proporciona ao investigador ou ao sujeito cognoscente uma margem de segurança que inexiste no primeiro tipo de saber, o do senso comum.” (Idem:83) Daí conclui-se que as experiências do cotidiano devem ser problematizadas e tratadas com rigor metodológico para buscar o conhecimento mais apurado e atingir a Consciência.

A Prática pedagógica em História.

Do exposto percebe-se que no pensamento de Paulo Freire a História é possibilidade condicionada e existe a partir das experiências do cotidiano, da problematização e criticidade, do tratamento metódico da realidade histórica. Aponta caminhos para pensar a Educação e o Ensino/aprendizagem da História.
A história fatalista e determinista que organiza o passado estanque, apresenta-se na didática, na forma de narração e exposição dos fatos, geralmente de forma cronológica, enfatizando datas e nomes. Na “Pedagogia do Oprimido” ele escreve: “Narração de conteúdos que, por isto mesmo, tendem a petrificar-se ou a fazer-se algo quase morto, sejam valores ou dimensões concretas da realidade. Narração ou dissertação que implica num sujeito – o narrador – e em objetos pacientes, ouvintes – os educandos.” (1987:57) Acrescenta Paulo Freire: “A narração, de que o educador é o sujeito, conduz os educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, a narração os transforma em “vasilhas”, em recipientes a serem “enchidos” pelo educador. Quanto mais vá “enchendo” os recipientes com seus “depósitos”, tanto melhor educador será. Quanto mais se deixem docilmente “encher”, tanto melhores educandos serão.” (Idem:58) Esta concepção e forma de trabalhar com os conhecimentos históricos é conhecida pelos professores de história como “História Tradicional”.
Ao contrário da concepção fatalista e determinista da história (História Tradicional), que tem na narração e na repetição de fatos, datas e nomes seu ponto forte, a concepção dialética de história, que trabalha com a concepção de possibilidades condicionadas, destaca a “história problema.” Em “Pedagogia do Oprimido” Freire escreve que: “A concepção e prática “bancárias”, imobilistas, “fixistas”, terminam por desconhecer os homens como seres históricos, enquanto a problematizadora parte exatamente do caráter histórico e da historicidade dos homens.” (1987:72) A problematização da realidade parte sempre do seu aqui e agora.
Freire explica que é necessário problematizar os fatos, pois não existe nada que não possa ser ainda desvelado. Em “Extenção e Comunicação” Paulo Freire (1985) escreve: “É necessário que ele reflita sobre o porquê do fato, sobre suas conexões com outros fatos no contexto global em que se deu.” (1985:35). Destaca o pedagogo a tarefa do profissional educador da área de história: “Poder-se-ia dizer que esta é a tarefa própria de um professor de História; a de situar, na totalidade, a “parcialidade” de um fato histórico. Parece-nos, entretanto, que sua tarefa primordial não é esta, mas a de, problematizando a seus alunos, possibilitar-lhes o ir-se exercitando em pensar criticamente, tirando suas próprias interpretações do porquê dos fatos.” (Idem:35)
Em “A Importância do ato de ler” Freire (1989) destaca o importante trabalho que deve ser feito em relação ao conhecimento da realidade histórico-cultural onde inserem-se os educandos: “Um excelente trabalho, numa área popular, sobretudo camponesa, que poderia ser desenvolvido por bibliotecárias, documentalistas, educadoras, historiadoras, seria, por exemplo, o do levantamento da história da área através de entrevistas gravadas, em que as mais velhas e os mais velhos habitantes da área, como testemunhos presentes, fossem fixando os momentos fundamentais da sua história comum. Dentro de algum tempo se teria um acervo de estórias que, no fundo, fariam parte viva da História da área.” (1989:21) Porém é preciso estar vigilante para que mesmo partindo da experiência, do cotidiano, não se caia no fatalismo e no “saber de experiência feito”. O “saber de experiência feito” é aquele saber do “senso comum”, onde não é conhecimento não é tratado com metodologia crítica e problematizadora. O “saber de experiência feito” pode colaborar na construção e na manutenção de mitos, pois mistifica a realidade e o passado. Isto acontece porque o “senso comum” geralmente é fatalista e determinista. Em “Pedagogia da Autonomia” Paulo Freire destaca esta situação: “O diálogo em que se vai desafiando o grupo popular a pensar sua história social como a experiência igualmente social de seus membros, vai revelando a necessidade de superar certos saberes que, desnudados, vão mostrando sua “incompetência” para explicar os fatos.” (1996:32)
Sobre a preservação da memória e do patrimônio histórico e cultural, Paulo Freire em “Política e Educação” destaca: “Às vezes, sinto um certo descompasso em certas Cidades entre a quantidade de marcos que falam ou que proclamam envaidecidamente feitos de guerra e os que falam da paz, da doçura de viver. Não que esteja defendendo a ocultação dos fatos belicosos que escondem ou explicitam malvadezas, perversidades in-críveis de que temos sido capazes nos descompassos de nossa história. Mostrá-los às gerações mais jovens é também tarefa educativa das Cidades. Mas mostrá-los nem sempre como quem deles se orgulha.” (2001:14) A memória que existe a nível do cotidiano, é um “saber de experiência feito”, que por não ser crítico, serve a imobilidade na história, a ocultação da realidade pois reforça mitos, é antidemocrática e serve a dominação e não a libertação.


Conclusão.

A partir da analise elaborada é possível compreender o pensamento de Paulo Freire em relação ao conhecimento Histórico. A concepção de história de Paulo Freire está de acordo com o momento, o contexto histórico em que ele produziu suas reflexões filosóficas e teóricas. Também está de acordo com a nova postura em relação às ciências humanas e sociais, ou seja, acredita na ciência com consciência.
O que mais Paulo Freire enfatiza em seus textos é uma concepção dialética de História (História como movimento e contradições). Escreve bastante, como não deveria deixar de ser, do saber histórico escolar. Para ele, a história é importante para “conhecer” a realidade (o presente histórico). Ele defende um saber histórico que parta das experiências, porém crítico e metódico, para atingir a “Consciência histórica”. Critica o fatalismo, os mitos e a mitificação do passado. A história para ele é multi-causal, destacando a “vontade de potencia” (discurso e instrumento das relações de poder). Em sua filosofia (histórica) Paulo Freire critica o idealismo e o determinismo, afirmando que a história é possibilidade e se manifesta no cotidiano. A História Escolar para ele deve ser problematizada, critica o “narrativismo” de fatos, datas e nomes. Para ele a História escolar deve proporcionar práticas reflexivas através de problematizações em busca dos porquês, em fim, deve ser explicativa e responder a problemas do presente.
Assim, o pensamento de Paulo Freire em relação a História, pode ser compreendido como uma nova concepção de estruturalismo sistêmico e crítico-dialético.


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