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ISSN 0033-1983
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Sobre História História, memória e historiografia.
Pra não esquecer de Sepé Tiarajú e Helton Brum da Silva
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Sepé Tiarajú um simbolo da resistência popular.
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Este texto apresenta a memória dos combates por Terra e Liberdade. Fevereiro é pra lembrar Sepé, morto onde hoje é São Gabriel, o mesmo lugar onde foi morto Helton Brum da Silva em agosto passado. Mais de dois séculos de opressão do latifundio. enviar imprimir Por Anderson Romário Pereira Corrêa
De Alegrete(RS), 11 de Fevereiro de 2010.
Fazem 254 anos da morte do cacique Sepé Tiarajú e cinco meses da morte de Helton Brum. É importante destacar que em sete de fevereiro de 1756 os impérios de Portugal e Espanha massacraram os povos guaranis missioneiros e seus aliados. Os impérios do outro lado do Atlântico trocaram de posse partes de territórios que originalmente pertencia aos povos nativos. O Tratado de Madri de 1750 estabelecia que Portugal deveria entregar a Colônia do Sacramento para Espanha e a Espanha deveria entregar os Sete Povos Missioneiros para Portugal. De acordo com o acordo dos dois reinos, os ameríndios deveriam sair de suas terras. Parte dos ameríndios não aceitou sair pacificamente e resolveu lutar até a morte por suas terras.
A administração guarani/missioneira caracterizava-se pela posse coletiva das estâncias de criação de gado vaccun, ovino e eqüino (além de industrias e comércio). O território de Alegrete era cortado por várias estâncias jesuíticas, com destaque para Yapeju. Com a expulsão dos guaranis-missioneiros de seus antigos campos e estâncias a Coroa portuguesa começou a doar Sesmarias para os súditos do Rei de Portugal. Doar 150 Quadras de Campo, doar a Terra que não era sua. Os novos estancieiros se adonaram dos campos que não eram seus, invadiram militarmente e exterminaram seus verdadeiros donos, ou então os fizeram de peões e escravos.
Depois de 1801, os portugueses tomam novamente o território missioneiro. Mas a luta amerindia não parou. No momento em que surge Alegrete (Uruguaiana, Quarai, Livramento, Rosário, etc), ainda existe resistencia ameríndia. Eles estavam ao lado do exército de Artigas, por que Artigas, além do federalismo político e autodeterminação, tinha um projeto de "Reforma Agraria". Quando Alegrete passou à categoria de Vila, por volta de 1830, ainda havia resistência dos charruas e minuanos, que eram os últimos "donos" dos campos tomados pelos portugueses.
Aqueles que fazem apologia às estâncias devem ter a consciência que estão fazendo apologia à humilhação de um povo, o extermínio de milhares de pessoas e suas culturas. Enaltecer estâncias e sesmarias é enaltecer o latifúndio, a monocultura e o trabalho escravo e servil. A classe rica do campo (principalmente aqueles que receberam propriedades de heranças de várias gerações) tem na origem de suas riquezas um ato de violência, de assassinatos e de todo tipo de monstruosidades, vandalismos e selvagerias. Depois, criaram as regras, as leis em seu beneficio, para perpetuar sua violência inicial. Por exemplo, mataram Sepé e seu povo, expulsaram eles de suas terras. Depois, criaram as leis onde o povo é proibido de lutar, de reivindicar, pois protestar passou a ser crime. Se o MST ocupa uma fazenda, está fora da Lei. Lei de quem? Criada por quem? Para quem?
A luta de Sepé Tiaraju é a luta dos despossuídos do campo, daqueles que foram expulsos pela ganância e ambição dos fazendeiros de “ontem” e de hoje. Sepé Tiaraju morreu em São Gabriel lutando pela posse coletiva da Terra, pela propriedade comunitária. Helton Brum da Silva foi morto em São Gabriel em 21 de agosto de 2009 pela Brigada Militar a serviço do Agronegócio e do latifúndio (dos Fazendeiros). Helton Brum lutava pela posse coletiva e comunitária da terra. Na luta pela reforma agrária cada família recebe pouco mais de 20 hectares. Os trabalhadores rurais sem-terra não recebem uma sesmaria de graça do Governo (150 quadras de campo).
GOVERNOS E PATRÕES ASSASSINOS!
SEPÉ TIARAJÚ ... PRESENTE!
HELTON BRUM ... PRESENTE!
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