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Teoria
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Opinião Pública x Opinião Popular

radiomebaweb

A criação de meios comunitários de comunicação fomenta a discussão popular com pautas do público para o próprio público a partir da sua realidade.

Rio Grande, julho de 2001

Todos os dias, dezenas de notícias de escândalos bombardeiam a cabeça da maioria do povo. Apagão e crise energética, ACM e painel do senado, seu inimigo Jáder Barbalho, greve das PMs, a corrida pré-eleitoral, os acordos do Malan com o FMI e agora a crise da Argentina. Entorpecidos de tantos problemas, o povo discute o que pode e reflete o que dá. Termina por canalizar parte dos anseios oprimidos através dos mecanismos oferecidos pela própria mídia. A "sociedade se corrige" com participação cidadã, exigindo muito do pouco que funciona no capitalismo brasileiro: os cavaleiros legalistas do Ministério Público, o Procon e a defesa do consumidor, Instituto da Terra e a Defensoria Pública. Somadas a estas ilhas de excelência do Estado brasileiro, estão centenas de ONGs que fazem de tudo para aumentar o nível de "cidadania" num país governado por elites que nada mais são do que seu próprio passado escravrocrata.

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Opinião pública, a grosso modo, é um conjunto de opiniões emitidas a partir de temas apresentados pelos grandes grupos econômicos, baseadas em informações e conceitos transmitidos pelos próprios conglomerados. Se o povo discute os temas expostos pela classe dominante, controladora da mídia, quais são os assuntos que se discute a partir dos próprios interesses de classe?! Se o consenso é fabricado nas transmissões televisivas, dá prá concluir que os assuntos de interesse popular são "dissenso"?! Sim, infelizmente, para ambas perguntas, a resposta é afirmativa.

Ao contrário do que possa parecer, um enunciado político, qualquer um, é fruto de negociatas, espionagem e correlação de forças. Desde a declaração do Banco Central sobre a alta do dólar até um projeto-lei fisiológico do vereador mais pilantra, sempre a pauta do noticiário político passa por um processo seletivo acirrado. Isto significa, no mínimo, selecionar uma em cada dez notícias. E, uma vez selecionada, construir esta notícia gerando um sentido pré-escolhido.

O controle da opinião pública está na seleção do que noticiar, a forma de transmitir, a ordem de exposição do telejornal, o tom emocional da transmissão, além dos comentários editoriais dos apresentadores. Por mais que sejam noticiados escândalos das elites e mecanismos de governo, a própria denúncia em forma de notícia é um produto informativo. O bombardeio destes produtos na cabeça da gente, não nos permite aprofundar nenhum deles.

Cada assunto é martelado até o ponto que a cobertura necessita ser ainda mais profunda. Quando esta passa de notícia a sintoma de uma característica sistêmica, simplesmente o assunto desaparece. Apenas como exercício de memória; alguém se lembra do escândalo dos poços artesianos construídos pelo DNOCS nas fazendas do deputado federal do PFL Inocêncio de Oliveira? O senador Romeu Tuma era chamado de xerife do governo Sarney (1985-1990) quando comandava a Polícia Federal, mas quantos se lembram que ele comandava o DOPS da Polícia Civil em São Paulo na época da ditadura militar, e foi diretor no governo Maluf?! É coincidência que Paulo Renato (Ministro da Educação), Pedro Malan (Ministro da Fazenda) e Armínio Fraga (presidente do Banco Central) sejam todos ex-funcionários do FMI e do Banco Mundial?! Até que ponto chega o cinismo da classe dominante?!

Outro falso mito, é o de que a mídia tem sua dinâmica própria, independente dos capitais que a manipulam. Certa vez num debate, um estudante perguntou a Noam Chomsky:
- "Professor, como a e elite controla a mídia?!" Chomsky perguntou ao estudante:
- "Amigo, como a elite controla a GM, Ford, Volkswagen e outras montadoras?" Simplesmente não controla porque não precisa controlar" disse ele, "Isto porque os capitais da mídia são a elite!"

O mesmo acontece no Brasil. A partir de 1964, logo após o golpe de 1º de abril, a Rede Globo se associou ao grupo yankee Time-Warner e tornou-se peça fundamental de apoio ao regime. Já no ano de 2001 a Globo não apenas apóia, mas ela é o regime! Pautando os assuntos comuns a toda nossa vida, o "grande irmão" tenta nos dizer o que discutir, contra quem se revoltar e nos impor os motivos de nossa indignação. Como diz outro papagaio da direita, o ex-membro do CCC Bóris Casoy, "isto é uma vergonha!". E é mesmo.

Mesmo que a situação narrada acima seja dura, a classe oprimida ainda tem alguma capacidade de resposta. Nenhuma audiência ou público receptor é inteiramente passivo, ninguém acata e reproduz tudo o que tentam nos impor goela abaixo. Mas, mais importante do que resistir ou furar ao bombardeio da mídia capitalista, é gerarmos meios de comunicação sob controle popular. Só teremos nossos enunciados políticos discutidos em comunidades populares e categorias de trabalhadores, quando formos capazes de gerar entre nós mesmos todo o processo de construção da notícia.

A pauta de discussão será popular quando os meios de comunicação forem do povo. Vamos compreender e debater a notícia pautada a partir de nossas comunidades, geradas na própria realidade, seja esta como for. É urgente que o conjunto dos militantes que estão na luta popular, trabalhando na inserção social todos os dias em vilas, periferias e favelas, participem da criação de rádios e TVs comunitárias e até mesmo semanários impressos populares. Através da comunicação social democrática, recriamos o consenso da base, pautamos a luta através da realidade cotidiana e encontramos a estética em nossa própria cultura popular. Assim, escrevemos a história onde protagonista é o povo em luta e movimento!






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