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ISSN 0033-1983
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Teoria texto no formato acadêmico
Cinco anos de Indymedia: construindo novos modelos de comunicação democrática
| Indymedia
A atuação junto ao CMI se dá, em geral, através da Internet, predominantemente através dos sites mantidos pelos coletivos dos cinco continentes, que apresentam também uma listagem completa dos outros sites de cada agrupamento nas páginas iniciais, permitindo ao usuário o acesso ao conjunto da Rede.
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Rio de Janeiro, 2º semestre de 2005
O CMI é uma organização que se articula de modo global, regional, nacional e local através de ações na internet (a partir dos recursos disponíveis de sites, listas de discussão e chats) – e a partir da internet (atividades, eventos e cobertura de notícias) 2. Tais comunidades se diferenciam das tantas que se popularizaram na Internet a partir de uma intensa e indiscriminada troca dos mais diversos arquivos entre seus integrantes.
No CMI, as comunidades de compartilhamento social se estruturam a partir de indivíduos que atuam em coletivos locais – delimitados por cidades – que afirmam e disseminam a democratização da comunicação a partir de práticas de mídia independente. Esses coletivos envolvem interessados de um modo geral – usuários ou não da internet, engajados ou não em ações políticas dos mais diversos fins – reproduzindo nestes, de certa forma, a mesma estrutura de rede que caracteriza sua ação na Internet.
enviar imprimir Criado em 1999 por ocasião da cobertura da 3ª Reunião Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Seattle, em decorrência do grupo de comunicação que gerou um site formado por jornalistas independentes que recebia e armazenava conteúdos de diversos formatos e temas sobre os protestos realizados durante o Encontro, o CMI passa a ser uma articulação de pessoas e grupos de alcance mundial, que exercem continuamente essa forma de produzir e compartilhar a mídia entre os usuários de seus canais de contato.
A idéia que move a criação e a prática do CMI é bastante simples e cativante. Inspirados pelo lema “Odeia a mídia? Seja mídia!”, de Jello Biafra, ex-vocalista da banda Dead Kennedys, mais de 200 Centros de Mídia Independente já foram criados em todo o mundo3 , na medida da expansão dos assim chamados protestos antiglobalização, em geral realizados paralelamente às reuniões de líderes de governo e de organizações multilaterais, tais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a OMC. No Brasil não foi diferente. Surgido em decorrência de um protesto realizado em setembro de 2000, o CMI do Brasil colocou seu site no ar em dezembro do mesmo ano e atualmente conta com 11 coletivos locais nas cidades de Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Caxias do Sul, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo e coletivos em formação na região do ABC, Aracajú, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Joinville, Juiz de Fora, Recife, São José dos Campos, São Luis e Vitória4.
A participação é aberta e a organização é descentralizada, cabendo aos coletivos se comprometerem apenas com os Princípios Globais e da Rede CMI, com os Critérios de Filiação e a Política Editorial que o CMI estabelece aos seus integrantes5 . O conjunto dos coletivos locais do CMI forma a assim denominada Rede CMI-Brasil, que se denomina como “uma rede internacional de produtores independentes de mídia, preocupados e comprometidos com a construção de uma sociedade livre, igualitária e que respeite o meio ambiente”. Tem na utilização da internet uma sugestiva relação entre o ativismo político e o comunicacional, estimulando a produção de notícias que em geral não freqüentam os veículos de comunicação tradicionais, criticando a produção de notícias pelas empresas de mídia tradicional, elaborando e divulgando mensagens no contexto de uma nova mídia, mas não deixando de publicar ou fazer referência às notícias de interesse publicadas na mídia comercial. Embora a internet não seja determinante para a participação e o envolvimento em atividades que o CMI desenvolve, é através dos recursos e serviços disponibilizados na Rede – especialmente sites, listas de discussão e chats – que sua proposta se faz possível.
Do ponto de vista da tecnologia implementada pelo CMI, sua proposta é a de oferecer um site de publicação aberta6 , onde qualquer usuário com acesso à Rede pode publicar e compartilhar informações em qualquer formato disponível (texto, imagem, áudio ou vídeo), de forma gratuita e livre de direitos autorais. Atualmente o CMI conta com quase mil listas de discussão7 em todo o mundo, sendo que umas 50 delas em português. Dessas listas fazem parte vários integrantes dos coletivos, que se inscrevem e participam delas a partir dos assuntos ou pelos coletivos nos quais atuam, determinados sempre pela dinâmica da cidade ou área de atuação (áudio, foto, impressos, vídeo, técnico ou editorial, manutenção do site). No caso brasileiro, a Rede CMI-Brasil, formada pelo conjunto dos coletivos locais, também conta com sua lista e forma coletivos temáticos a partir de suas atuações locais. As comunidades que se formam a partir dos coletivos que constituem o CMI tecem seu sentimento de afinidade expressando-o das mais diferentes formas, em maior ou menor intensidade, na dinâmica da rede que se dá através da utilização dessa ferramenta, como também dos canais de chat8, contribuindo para seu envolvimento nas atividades que implementam.
A identidade que formam contribui para refletir esse sentimento de afinidade e de pertencimento, sendo marcada por uma posição política de militância que transita entre uma atuação política mais geral, que usa a comunicação como meio, e a mais específica, relacionada com a necessidade de se envolver em práticas de comunicação independente, que se diferenciam do cotidiano da produção de conteúdo midiático no ambiente corporativo, identificado por eles como uma atividade capitalista, burguês, oficialesca (no sentido de ser vinculada ao governo) ou mesmo imperialista e neoliberal. As atividades implementadas pelo CMI têm relação, portanto, com um novo desafio no tocante à atuação das organizações sociais no contexto da democratização da comunicação no Brasil, que é o de vincular a atuação mais diretamente relacionada com o desenvolvimento de produtos e conteúdos independentes à necessidade da adoção de leis mais democráticas.
Podem ser percebidas como o exercício da democratização da comunicação na prática, pelo princípio de ação direta que efetivam através de seus sites de publicação aberta, mas se constituem de modo efetivo como uma relevante prática de produção aberta e compartilhada de conteúdo, na medida de suas especificidades de atuação e de envolvimento dos usuários da Rede e simpatizantes da causa. Nesse sentido, torna-se necessário um melhor entendimento – tanto em relação aos integrantes dos coletivos quanto aos diversos usuários que acessam o site, publicando matérias ou não – do papel que as comunidades possibilitadas pelos coletivos do CMI desempenham no tocante à formação de consciência crítica, à inibição da passividade, ao estímulo à formação de articulações participativas, propositivas, horizontais, dialógicas e organizativas, no sentido contrário à concentração da mídia corporativa, atrelada à concepção da comunicação como negócio sustentado por anunciantes dentro da lógica de mercado, que inibe o envolvimento pleno das pessoas em seu processo de produção, bem como no tocante ao acesso e ao controle dos meios.
Um dos atributos capazes de construir e fortalecer a identidade dessas comunidades é sua capacidade de compartilhar não somente textos e outros arquivos dos mais diversos, como também impressões de mundo, de atuação política e de perspectiva de democratização da comunicação a partir da organização em coletivos autônomos de mútua organização, estabelecendo consensos dos níveis local ao global, além de envolver voluntários assumindo a espontaneidade como valor determinante para a melhor participação em suas atividades. Em especial, os coletivos mantêm uma publicação aberta onde se acessam notícias dos mais diversos assuntos e conteúdos de áudio, vídeo e imagens que fundamentalmente reforçam a “construção de uma sociedade livre, igualitária e com respeito ao meio ambiente”, de acordo com os Princípios de União e Critérios de Filiação estabelecidos pela Rede CMI-Brasil.
A produção de notícias por parte do CMI busca se diferenciar do fluxo habitual da internet, de extrema diversificação e ausência de identidade – presente nas listas, chats e sites pessoais – na medida em que preserva aspectos comuns entre seus integrantes e colaboradores, ou seja, um conjunto de idéias e valores em torno dos quais desenvolvem sua própria forma de pensar e fazer a mídia. Pelo mesmo motivo busca se diferenciar da mídia tradicional. Reserva independência pela necessidade de incentivar e realizar uma troca de informações sobre assuntos de interesse, de forma não-comprometida com o setor empresarial ou estatal.
Os modos de formação das comunidades de compartilhamento social do CMI se tornam determinantes nesse contexto, não só para que sejam definidos, mas principalmente para entender como esse processo se dá na prática cotidiana de seus atores a partir dos recursos da internet dos quais se apropriam, da articulação que promovem entre si e com outros atores sociais e em relação ao próprio ideário em torno da democratização da comunicação no Brasil.
Comunidades em rede na Rede
A porta de acesso à atuação do CMI se dá, em geral, através da Internet, predominantemente através dos sites mantidos pelos coletivos dos cinco continentes, que apresentam também uma listagem completa dos outros sites de cada coletivo nas páginas iniciais, permitindo ao usuário o acesso ao conjunto da Rede. Os sites são apresentados a partir da seguinte divisão:
- projetos: incluem os sites sobre impressos, rádio, TV por satélite e vídeo que estão sendo desenvolvidos coletivamente em âmbito mundial e um site temático sobre a região da Oceania;
- continentes, regiões ou países: África, com conexões para cinco coletivos; Canadá, com 12 conexões; Ásia Oriental, com três conexões (sendo uma no Japão e duas nas Filipinas); Europa, com 40 conexões (de coletivos ligados a países ou cidades); América Latina, com 15 conexões para países ou cidades; Oceania, com 10 conexões; Sul da Ásia, com duas conexões; Estados Unidos, com 53 conexões de coletivos de estados ou cidades; três da Ásia Ocidental e o recém-criado CMI-biotecnologia.
Além disso, existem conexões para sites relacionados a tópicos sobre o funcionamento da rede do CMI, debatidos pelos coletivos em todo o mundo, que são: temas gerais em discussão, temas legais ou relacionados ao Federal Bureau of Investigation (FBI); perguntas freqüentemente formuladas (da sigla FAQ, frequently asked questions) sobre o CMI, com suas respectivas respostas; listas, documentos, questões técnicas e para voluntários9. Esses sites, no entanto, não bastam para que se tenha clareza do total de coletivos existentes, pois são fruto de dinâmicas diferentes que não aparecem explicitamente no site da rede global.
Segundo dados da professora e ativista americana Dee Dee Halleck (2004), 3,2 terabytes de informações mensais circulam em média pelos servidores globais do CMI, proporcionando 18 milhões de acessos mensais. Como a idéia de mensurar a quantidade de coletivos do CMI em todo o mundo depende de uma dinâmica relacionada com o cotidiano de cada local, não se tem idéia da quantidade de coletivos existentes ao todo, muito menos de pessoas envolvidas neles, mas estima-se que, com pouco menos de cinco anos de criação, tornou-se a maior rede de ativistas de mídia e a maior organização voluntária de todo o planeta.
Os sites ou listas de discussão podem servir como indicadores, mas nem todos os coletivos formados e acolhidos pela rede global dispõem necessariamente de listas de discussão ou sites próprios já integrados ao restante dos coletivos. É possível entender os 143 sites divulgados ou as 247 listas de discussão10 associadas à dinâmica dos coletivos de cada local como uma evidência da formação desses coletivos (não de sua plena atuação), mas não como garantia de que são somente esses os que formam a Rede CMI Global. Além disso, o CMI conta com uma extensa rede de voluntários ou colaboradores, que se envolvem individualmente nos vários projetos implementados, mas não fazem necessariamente parte dos coletivos. Atuam em áreas como tradução ou desenvolvimento de matérias para os editoriais publicados no site, articulam contatos diversos ou dão dicas técnicas para a manutenção da rede. Esse envolvimento praticamente inviabiliza a possibilidade de mensurar a participação das pessoas no contexto das ações que o CMI implementa.
Projetos para além da Internet
A consciência do papel da Internet por parte dos integrantes do CMI é tão evidente quanto a necessidade de gerar projetos fora deste ambiente comunicacional. Na página de apresentação de projetos implementados pela Rede figura a seguinte constatação: “a Internet é certamente uma ferramenta fundamental para a articulação do CMI no Brasil e no mundo. O CMI existe e se
formou a partir dela. Disso não podemos fugir". 11 Por outro lado, entendendo-se como uma iniciativa voltada para a democratização da comunicação, o CMI busca também implementar iniciativas a partir da internet, ou mesmo fora deste espaço. Para Pablo Ortellado (2004), diante da situação da internet no país, tratava-se de “combinar a tecnologia digital e de internet com os meios tradicionais de forma a potencializá-los". Apesar do mecanismo de publicação aberta disponibilizado no site ser o espaço de maior participação do CMI, outras iniciativas implementadas também mobilizam várias pessoas em todo o mundo12.
Áudios
No site http://radio.indymedia.org/ integrantes de vários coletivos se articulam numa rede global de projetos de rádios livres e comunitárias independentes, que conta também com rádios que não integram o CMI, mas são afinadas com sua proposta. Realizam transmissões ao vivo e disponibilizam arquivos de som dos mais diversos, publicados pelos integrantes do CMI, além de notícias e conteúdos relacionados ao rádio. Do Brasil participa a Rádio Livre Muda FM, da qual fazem parte integrantes do CMI-Campinas, e consta também um link para a Rede Brasileira de Comunicação Cidadã (RBC), que agrega emissoras de rádio comunitárias em todo o Brasil. Além deste portal, o projeto da Área de Rádios Livres das Américas13 (ARLA) foi realizado paralelamente ao Encontro de Rádios Livres, de 20 a 22 de novembro de 2003, e possibilitou a transmissão conjunta de rádio pela Web como parte das mobilizações contra a ALCA, cuja cúpula se reuniu em Miami na mesma época.
Vídeos/TV
Uma iniciativa que proporcionou grande visibilidade ao CMI no Brasil foi a produção de vídeos, disponibilizada no site http://www.midiaindependente.org/pt/blue/ static/video.shtml, embora não seja tão representativa por parte dos usuários em geral, pela limitação do acesso a programas para exibição dos vídeos e conexão limitada à Internet. Na página estática sobre vídeos do CMI, estão à disposição diversos títulos produzidos no Brasil. Dentre eles, “Não começou em Seattle, não vai terminar em Quebec (A20)", realizado pelo coletivo do Rio de Janeiro, que documentou a manifestação contra a ALCA em 2000, é constantemente citado e tido como um dos grandes feitos do CMI-Brasil até o momento.
Em geral eles são realizados por voluntários mais próximos a essa atividade ou em associação com grupos ativistas de vídeo que atuam de forma independente, mas no mesmo campo do CMI. O tutorial de vídeo14 ensina como assistir a eles em plataforma Linux (de software livre), como gravar, passar para o computador, comprimir (para exibição pela Web, sem perda de qualidade) e disponibilizar a partir do site.
Impressos
As iniciativas para a produção de veículos impressos por parte dos coletivos locais do CMI resultaram na produção de jornais relativamente periódicos, com pequena tiragem, como o Ação Direta de São Paulo, que são distribuídos para organizações sociais diversas, em determinadas localidades ou em eventos. Uma solução ainda mais acessível e de maior abrangência é a realização de diversos jornais murais, também de forma não-periódica, em geral intitulados CMI na Rua, pelos coletivos de diversas cidades como Rio, Fortaleza, Florianópolis, etc. Seu
propósito é o de chamar a atenção de pessoas em geral, colando folhas em formato A3 e espalhando as notícias em pontos de maior acesso nas cidades, como pontos
de ônibus ou praças urbanas de grande movimento.
Outro projeto de maior dimensão, porém pouco aproveitado, é o IMC Print (http://print.indymedia.org/). Voltado para o envolvimento de diversos CMIs em todo o mundo, conta com a participação de um integrante da Rede CMI-Brasil – por iniciativa própria, não por representação da Rede. Trata-se da tentativa de desenvolver modelos para uma publicação global, mas que acaba sendo um espaço para disseminar iniciativas impressas realizadas pelos coletivos do CMI em todo o mundo.
Telecentros
A proposta de realização dos telecentros ou cibercafés (Projeto..., 2004), que seriam “pequenas redes de computadores interligadas à internet, com programas computacionais e materiais de apoio de livre distribuição", foi concebida também como subproduto das características dos princípios e valores que permeiam os coletivos da Rede CMI-Brasil. Em São Paulo chegou a funcionar um cibercafé numa ocupação urbana – atualmente funciona em conjunto com a ONG Ação Educativa -, que, apesar de ter uma relação de uso bastante objetiva por parte dos adultos, em geral relacionada à obtenção de empregos, chegou a proporcionar uma rádio livre a partir de uma oficina realizada com crianças de 8 a 12 anos que participaram de todo o processo de produção.
Diretamente relacionado a esse projeto, o Indymix consiste numa coletânea de programas de edição de texto e imagem, produção de áudio e vídeo, dentre outros aplicativos como planilha eletrônica, agenda, elaboração de projetos, que são executados a partir do sistema operacional Linux, bem como textos sobre consciência crítica e mídia independente. Sendo assim, todos os programas contidos no CD são softwares livres ou de código aberto, que são gratuitos e podem ser modificados livremente de acordo com o interesse, o conhecimento e a necessidade dos usuários. Podem ser instalados diretamente a partir de CD – como algumas versões do Linux também permitem -, e, segundo cronograma proposto pelo coletivo técnico da Rede CMI-Brasil, a partir da versão 1.0 serão implementados nos primeiros cibercafés a serem desenvolvidos pelos coletivos do CMI.
Laboratórios Polimídia
Derivados das dinâmicas dos telecentros, os Laboratórios Polimídia resultam na produção constante e contínua de conteúdos de mídia com a participação de todos os interessados, através da dinâmica de oficinas coletivas e integradas. Baseados em outras experiências15 , as iniciativas brasileiras do Laboratório Polimídia tiveram dois primeiros esboços: um durante o próprio 3° Fórum Social Mundial, com a participação de um número maior de pessoas do próprio CMI, e outro durante o Fórum Social Brasileiro realizado em Belo Horizonte.
Este último, intitulado Casa Macunaíma, contou com um grupo local que, com o apoio da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (ABRACO), do Estado de Minas Gerais, produziu um espaço coletivo de comunicação democrática, mobilizando diversas pessoas presentes no evento. Como o retorno foi bastante significativo, os responsáveis resolveram fazê-lo novamente durante o Fórum Mundial da Educação, em São Paulo. No âmbito internacional, o Laboratório Polimídia também aconteceu durante a primeira fase da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, de 10 a 12 de dezembro de 2003, em Genebra, com a participação direta de coletivos europeus do CMI.
Entretanto, durante a 4ª Conferência da Rede OurMedia, realizada em julho de 2004, foi implementado um Laboratório Polimídia articulando membros dos coletivos do CMI, produtores independentes e participantes do meio acadêmico. A proposta, dentro da programação oficial da conferência, foi justamente a de proporcionar um espaço para a experimentação, criação, capacitação e troca de conhecimentos, com oficinas, projetos e mostras explorando os usos autônomos e comunitários do vídeo, rádio, internet e outras mídias tradicionais e novas. O fruto desse envolvimento gerou um manual intitulado “O pequeno grande manual de mídias já inventadas", que mais vale pelo registro e sistematização de todo o trabalho realizado e pode ser acessado em http://polimidia.rg3.net/. Foi uma iniciativa bastante válida do ponto de vista da produção e do envolvimento das pessoas dispostas, embora essa articulação entre integrantes dos movimentos sociais e da academia na perspectiva da utilização da comunicação para a transformação social ainda seja um desafio a ser contemplado em iniciativas futuras.
Odeia a mídia? Seja o CMI!
A atuação e as articulações realizadas pelo CMI estão longe de ter a intenção de fazer convergir as experiências de comunicação da sociedade civil para o espaço que disponibilizam. Sendo assim, mais como disposição do que como slogan, este título diz respeito ao aproveitamento dos diversos interessados e também à contribuição através dos tutoriais e oficinas realizadas em encontros ou Laboratórios Polimídia, que permitem expandir iniciativas por parte de outras organizações.
A prática de comunicação empreendida pela Rede CMI-Brasil se contrapõe à mídia corporativa tanto na sua forma horizontalizada de organização quanto no processo de produção mais participativo, no qual o sistema de publicação aberta disponibilizado permite a publicação de notícias das mais diversas, desde que de acordo com a política editorial do CMI, abordada no capítulo anterior. O processo de publicação de notícias funciona da seguinte forma: a partir da página principal do site - http://www.midiaindependente.org -, deve-se clicar a palavra Publique (no alto ao centro ou a primeira seção da coluna à esquerda, abrindo a página de uma seção com o mesmo nome). Nesta página há algumas instruções sobre o processo de publicação, os conteúdos que podem ser publicados e os que devem ser evitados, como funciona a licença das matérias publicadas, a Política Editorial e seu funcionamento a cargo do Coletivo Editorial, para o qual também convida os usuários a participar como voluntários.
As matérias podem ser publicadas em qualquer suporte (textos, sons, vídeos ou imagens) e qualquer tipo de texto (acadêmicos, jornalísticos, declaração pessoal, etc.), sendo disponibilizadas a partir de um formulário com os seguintes campos: o número de arquivos multimídia que a mensagem terá (som, vídeo ou imagem); a língua em que será escrita (com opções para português, inglês, espanhol ou esperanto); seu título; nome do autor (com observação para incluir nome original do autor, caso seja copiada de algum outro lugar); sumário (com máximo de seis linhas); indicação caso seja relativa aos tópicos “discuta o CMI" ou “rádios"; e-mail e página Web do autor e o texto propriamente dito; opção de publicação (se em texto puro ou HTML16); título dos arquivos de mídia (se for o caso), e o último campo para localização do arquivo no computador do usuário, além dos botões para enviar ou limpar os dados do formulário que está
sendo preenchido.
Tendo enviado o formulário, a matéria é publicada automaticamente no site, sem passar por nenhum intermediário humano, apenas o servidor no qual funciona o sistema de publicação aberta. O artigo encabeçará uma fileira de matérias enviadas, no alto da coluna da direita, com informações sobre que tipo de suporte a matéria enviada contém (texto, som, imagem ou vídeo), o título da matéria, o dia e a hora de sua publicação. Caso esteja em desacordo com a Política Editorial, irá para a coluna de “Artigos Escondidos", cujo link também se encontra na página principal do site.
Em geral, as matérias que vão para a página dos “Artigos Escondidos" – cuja explicação contém o seguinte alerta: “Matérias repetidas, sem conteúdo ou que violam a Política Editorial" - iniciam com uma observação do Coletivo Editorial sobre o motivo pelo qual elas foram transferidas: “Esse artigo foi escondido porque estava em desacordo com a política editorial do site. Ele pode ser um artigo repetido (já publicado anteriormente), um artigo preconceituoso ou discriminatório, um ataque pessoal, propaganda comercial ou de partido político ou apenas um artigo que contraria a missão do CMI. Em caso de dúvida, contate o coletivo editorial: contato@midiaindependente.org."
Por sua vez, a coluna central é constituída de notícias chamadas “editoriais", em geral curtas, com matérias relacionadas a movimentos ou temáticas sociais consideradas relevantes. São elaboradas pelo Coletivo Editorial - formado por participantes de várias cidades, indicados pelos coletivos locais. Contam ainda com links para matérias ou textos complementares, nem sempre realizados pelo Coletivo Editorial, completando um conjunto de informações de apoio sobre o assunto (que, além de textos, também podem conter sons, vídeos ou imagens), também contando com a participação dos usuários que enviaram as matérias e um texto central de referência, este produzido geralmente em conjunto pelos integrantes do Coletivo.
Cada matéria publicada no site gera um arquivo específico contando com um link para a inclusão de comentários pelos usuários em geral, que transformam a página numa espécie de tribuna de publicação livre. Recomenda-se - na página “Publique" - aos que publicam matérias que se posicionem em relação às matérias publicadas a partir do próprio campo relativo aos comentários, para evitar o acúmulo de textos ou a prática de ter um texto publicado na coluna direita, vislumbrado no site como matéria, quando se trata mesmo de um comentário sobre um conteúdo específico.
Além disso, o prolongamento dos olhares sobre as matérias a partir dos comentários (e comentários aos comentários) atribui a estas um sentido de continuidade e de exposição sobre as diferentes interpretações e posicionamentos que somente foi possível perceber, em larga escala na Web, a partir dos blogs e fotologs, uma publicação muito utilizada como diário virtual, especialmente pelos jovens, que permite a adição de comentários por parte dos visitantes.
Como se fizesse uma imensa redação da conexão do sistema de publicação aberta que disponibiliza, o CMI acaba funcionando 24 horas por dia, sete dias por semana com voluntários que não precisam estar necessariamente no mesmo espaço e nem mesmo participar organicamente dos coletivos locais, que, por sua vez, tendo uma contribuição muito grande no CMI, que é justamente a de legitimá-lo para além da internet e fortalecer seu trabalho para além do ambiente de rede, também contribuem, com sua visibilidade, para chamar novos voluntários para as atividades na internet, como a manutenção das listas, do próprio site e a participação em coletivos que realizam seus encontros pelo chat e mantêm contato por listas de discussão próprias, dentre os quais o editorial e o técnico.
Para além dos blogs, o site de publicação aberta da Rede CMI-Brasil não funciona apenas como uma lista de discussão permanentemente aberta na internet. Suas diferenças em relação à mídia corporativa podem ser assim definidas: publica aquilo a que os meios de comunicação corporativos geralmente não dão espaço ou mesmo visões diferentes a respeito de um determinado acontecimento, proporcionando não somente um espaço livre, mas o compartilhamento de informações relevantes a partir da Rede (incluindo, até mesmo, matérias publicadas nos próprios veículos da mídia corporativa, mas consideradas interessantes); os fatos jornalísticos abordados são descomprometidos em relação a empresas ou governos, sendo trabalhados coletivamente por parte de voluntários e usuários e sistematizados nos editoriais que compõem a coluna central; o CMI não funciona apenas como iniciativa jornalística, mas também como grupo ativista, publicando também atividades nas quais participam, afirmando os princípios anticapitalistas que os constituem.
Para uma política pública de ações
A apropriação da internet pelo CMI revela uma necessidade de entender e assimilar melhor as contribuições que o sistema de publicação aberta, implementado a partir dos valores e princípios afirmados pelo CMI como mídia independente, trouxe ao cenário das experiências de comunicação popular e comunitária.
Sua atuação como organização ativa na internet e a partir dela se afirma numa perspectiva emergente (Johnson, 2003), gerando processos não-hierarquizados, que se ajustam permanentemente visando preservar a articulação da rede, e de forma adaptativa, na medida em que as relações locais afetam a transformação do processo global, diferentemente de organizações sociais tradicionais que se articulam de modo centralizado e às vezes até verticalizado. Essas relações se refletem no desenvolvimento de notícias e editoriais por parte dos voluntários, que atuam, selecionam e publicam seus temas na medida das relações mais próximas que exercem no cotidiano dos coletivos locais.
Consolida-se também na perspectiva de afirmação do antipoder, na forma do que apontou Holloway (2003), articulando-se em torno de uma extensa rede de movimentos sociais autônomos, cuja perspectiva não é disputar o poder pela tomada direta do poder do Estado, mas sim consolidar forças contestatórias nas mais variadas áreas de atuação, que exercem na ação direta seu descontentamento com o sistema capitalista em geral e as corporações da mídia em particular. Trata-se de uma divergência de método em relação aos movimentos ditos institucionalizados, pois não se trata de assumir a posição de negociar com o setor governamental, mas a de forjar, pela ação direta, uma mudança natural da legislação pela apropriação e pelo uso dos meios por parte da população. Isso implica muito mais a articulação de pessoas, grupos, organizações em movimentos geradores de experiências concretas de comunicação do que o desenvolvimento de projetos de lei ou a participação em audiências públicas sem a mínima legitimidade, pois se propõe uma democratização da comunicação idealizada, que não tem ressonância na sociedade.
Construir essas relações é um desafio, pois vão contra a lógica de afirmação institucional, política, profissional e pessoal que faz da via legalista um caminho bem mais cômodo e frutífero para quem nela investe, mas é nessa construção que reside a semente da democracia que diz respeito a uma sociedade igualitária, contrária à lógica da mercadoria tal como se afirma nos documentos que constituem o CMI em geral, a Rede CMI-Brasil em particular, bem como seus coletivos, capaz de exercer efetivamente um governo de todos, para todos e por todos numa terra sem amos.
A articulação constante entre seus voluntários, através dos mais variados coletivos locais e de atividades, resulta na formação de comunidades de compartilhamento social, que se apropriam coletivamente da internet visando a troca de arquivos de textos, imagens, áudios e vídeos dos mais variados tipos, relacionados a temáticas sociais e políticas, visando o desenvolvimento de uma experiência de comunicação baseada na formação de consciência crítica em relação aos temas abordados e atividades implementadas, afirmando a redefinição do compromisso de participação política para sedimentar as bases de articulações sociais, visando incorporar a preocupação com o desenvolvimento de conteúdos alternativos e independentes.
Nesse sentido, o site consiste numa experiência concreta de comunicação democrática, cuja participação é estimulada a partir de tutoriais disponibilizados em seus próprios arquivos internos e a partir de oficinas presenciais, contribuindo para a afirmação de uma mídia plural, participativa, descentralizada e horizontalizada, que se afirma independente da produção e da circulação da mídia corporativa, mas ao mesmo tempo se vale de textos publicados em veículos de grande circulação para sustentar argumentações em determinadas coberturas ou para contrapor as diferenças de qualidade na abordagem. O sistema de publicação aberta, base para o funcionamento de sua engrenagem, permite a interação de diversas pessoas, grupos e organizações da sociedade civil, que podem publicar assuntos de seus interesses ou relacionados às suas ações, conhecer diversos assuntos no contexto das ações dos movimentos sociais ou pesquisar informações acessando o banco de dados de matérias ou editoriais publicados anteriormente, ou ainda, simplesmente ler as mensagens publicadas como usuários despretensiosos.
Na prática cotidiana do CMI, pode-se perceber como é possível promover comunidades de compartilhamento social preservando a espontaneidade como valor, na medida em que se afirmam nas características do hipertexto, refletidas na constante reterritorialização dos novos movimentos sociais, cuja dinâmica nos processos de rede se apreende a partir de iniciativas que contribuem cada vez mais para sua dinamização.
Essa atuação social, a partir de uma concepção particular de comunicação que implementam, faz do CMI uma contribuição importante no cenário contemporâneo dos movimentos pela democratização da comunicação e pela afirmação do direito à comunicação, embora não prime por tomar posições generalizantes em torno de temáticas que configuram a pauta desses movimentos. A consciência de uma necessária tomada de posições, bem como do envolvimento em questões cruciais para os movimentos de comunicação no Brasil, pode ser capaz de gerar produtos e processos de mobilização e luta cada vez mais necessários em nosso cenário, contribuindo para uma desejada afirmação da democracia na comunicação.
Artigo originalmente publicado na revista eletrônica Verso e Reverso, Ano XX, 2005/02, No. 41, publicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
Obs: as opiniões dos membros do Conselho não necessariamente refletem a opinião da página
NOTAS
1 - Doutor e mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo-UMESP. Professor do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense-UFF, pesquisador e publicitário. Coordenador do informativo eletrônico “Sete Pontos” - http://www.comunicacao.pro.br/setepontos.
2 - http://www.midiaindependente.org/ – site da Rede CMI-Brasil; http://www.indymedia.org/ - site global do Centro de Mídia Independente (em inglês). A partir destes são desenvolvidos também uma série de outros sites temáticos, locais de discussão interna.
3 - Atualmente o portal http://www.indymedia.org/ contabiliza links para sites de 125 coletivos do CMI em todo o mundo – acesso em 25 de novembro de 2003; o Brasil só aparece com um link, mas conta com 10 coletivos locais formados e 10 em formação.
4 - Listagem disponível em:
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/static/volunteer.shtml. Acesso em: 09/10/2004.
5 - Esses documentos podem ser acessados a partir do site http://www.midiaindependente.org.
6 - A publicação aberta se caracteriza por um processo de criação de notícias que seja transparente aos seus leitores, sendo possível contribuir com um conteúdo e vê-lo instantaneamente publicado num conjunto de manchetes disponíveis. Os leitores têm a possibilidade de acessar decisões editoriais feitas por outros e ver como se envolver e ajudar a tomar decisões editoriais.
7 - Dados disponíveis em: http://lists.indymedia.org/. Acesso em: 25/09/2004
8 - Mais recentemente começam a utilizar sites de integração como o Orkut, que ainda servem mais de encontro de voluntários com traços de identificação comum,
do que instâncias de deliberação ou mesmo encaminhamento.
9 - Ver mais informações na parte de docs no site http://www.midiaindependente.org/
10 - Disponível em http://lists.indymedia.org/. Acesso em 09/10/2004. A distribuição por países/regiões se dá da seguinte forma: África – 10 listas, Ásia - 15 listas, Canadá - 15 listas, Caribe - 1 lista, América Central – quatro listas, Europa - 84 listas, México - três listas, Oriente Médio - sete listas, Oceania - 10 listas, América Latina - 36 listas e Estados Unidos - 62 listas.
11 - Disponível em: http://docs.indymedia.org/view/Indydocs/PautasReuniaoNacional. Acesso em: 22/02/2005.
12 - Uma boa mostra delas pode ser vista a partir do site http://docs.indymedia.org/view/Indydocs/ PautasReuniaoNacional
13 - Disponível em http://ftaaimc.org/pt/. Acesso em 01/11/2004.
14 - Disponível em http://docs.indymedia.org/view/Sysadmin/MultiMidia#V_deo. Acesso
em 30/10/2004.
15 - O Hub, no Fórum Social Europeu (Florença, 2002), a Convergência Alternativa Mídia-Tec Furacão Kankún um pouco antes do encontro da OMC (Cancún, 2003), o
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