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Coluna Além das Quatro Linhas


Coluna Além das Quatro Linhas – semana de 13 de setembro de 2010

Youpode

Andrade, treinador campeão brasileiro pelo Flamengo, teria perdido o controle do vestiário e feito de bode expiatório, sendo demitido prematuramente pela presidenta do clube de maior torcida e maior dívida entre os clubes, a ex-nadadora Patrícia Amorim.

Dijair Brilhantes & Bruno Lima Rocha

Esquentou a “briga” no Brasileirão

Como se diz popularmente no país do futebol, “esquentou a briga”. Após a rodada do final de semana de 11 e 12 de setembro, onde o Corinthians perdeu para o Grêmio e o Fluminense para Atlético GO, temos a nítida impressão de que a disputa continua aberta. A derrota dos dois times até agora líderes e favoritos ao título mais cobiçado do futebol brasileiro, demonstra que ainda poderá haver alguma surpresa.

Mas a briga a qual nos referimos, ocorreu no final da última semana, quando o mais improvável fato ocorreu. Dessa vez, o presidente corintiano Andrés Sánchez disse que a arbitragem está prejudicando o Corinthians. Esqueceu o mandatário corintiano, que o “Timão” teve dois pênaltis inexistentes marcados a favor do clube do Parque São Jorge nas duas últimas rodadas. Andrés afirmou não haver erros do árbitro contra o Fluminense, mas também não disse que tampouco houve a favor. Questionado sobre o assunto, o jogador Deco do time pó de arroz (sendo que o brasileiro repatriado se assume como corintiano de coração) perguntou se há beneficio maior do que ter um jogo adiado?! Com a notória instabilidade das equipes em campo (pela falta de padrão de jogo e o cada vez mais comum erros de fundamentos do jogo), a ‘briga’ vai Além das Quatro linhas.

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Árbitros profissionais

Está de novo aberta a velha e corriqueira discussão. Por que não profissionalizar os árbitros de futebol? A explicação parece clara, a FIFA, a CBF (e toda essa laia) não tem o mínimo interesse para que isso ocorra. É melhor, para a cartolagem, vivermos com o improviso, com o falso amadorismo do que com um profissionalismo de maior rigor. O presidente da comissão brasileira de árbitros, Sérgio Corrêa da Silva, se omite, não indo contra os mandatários do esporte mais popular do Brasil. Vamos empurrando com a barriga, não assumindo serem os árbitros e auxiliares de primeira divisão verdadeiros profissionais com carteira de amador. Afinal, quem consegue trabalhar com carteira assinada e regularidade e, ao mesmo tempo, viajar duas vezes por semana?!

No futebol, cobra-se profissionalismo dos jogadores, comissão técnica, dirigentes (ao menos os gerentes de futebol) e também da imprensa (ah a “imprensa”, a antiga crônica desportiva, agora mais parecida com os co-promotores do espetáculo o qual não podem criticar seus bastidores), mas dos senhores do apito deixa-se por isso mesmo. Quantos jogos são decididos em um erro de arbitragem? Que o digam os ingleses e o infame gol da Copa de 1966. Como se não bastasse esta grosseira falsificação da realidade, qualquer declaração contra o trio de arbitragem após os jogos, tanto de jogadores quanto da comissão técnica - estes sim profissionais - acarretam severas punições do “isento” STJD.

Todas as áreas de trabalho exigem cobranças. Nos tempos loucos em que vivemos, de aumento da produtividade e multifunção obrigatória para os trabalhadores, em qualquer erro no âmbito profissional implica em mecanismos de controle. A regra – mesmo a injusta – deveria valer para todos e todas. Mas, na paixão popular tributária do erro humano, é do interesse dos poderosos do futebol a blindagem dos “homens do apito”.


Os “homis da lei” também batem em jogadores

No domingo 12 de setembro, ao final do jogo no Castelão (em Fortaleza, Ceará), os senhores homens da lei, resolveram bater em jogadores de futebol. Após a derrota do Santos para o Ceará, os jogadores de ambas as equipes discutiram, e um dos PMS em tese ali estando para “proteger e servir”, resolveu agredir com um golpe de cassetete (pelas costas!) o jogador santista Marquinhos. Boa parte dos policiais militares não se satisfaz em agredir torcedores usando de truculência exagerada, dando a torto e a direito, não vendo a diferença de baderneiros profissionais financiados por cartolas e pais de família levando crianças nos estádios. Por vezes a polícia resolve agredir também os jogadores, baixando o cacete para “manter a ordem em campo”. Quase sempre se metem em confusão de boleiro, quando no máximo deveriam cercar a arbitragem, fazendo a condução dos homens de preto (ou amarelo) para seus vestiários.

Na ocasião, o jogador santista apanhou sem motivo aparente algum. Será que para o comando da PM cearense o jogador de futebol também compõe um “bando de vagabundo” como gostam de dizer os profissionais de farda? Até quando esses homens serão os exclusivos donos da verdade? E a cumplicidade da crônica esportiva? Não vimos repórter algum investigando a vida pregressa do agressor. Coincidência, não? E o comandante deste PM agressor, que defende seu soldado como se este estivesse com a razão, também não deveria ser punido? A real é uma só: os “homis” sentam o sarrafo em campo assim como baixam a borracha em qualquer aglomeração popular. Para o Estado brasileiro, gente andando junto e pensando enquanto caminha é confusão na certa. E, diante da bandalheira que eles fazem (dentro e fora das quatro linhas), é confusão mesmo, mas para eles, tal como ocorreu diante da Câmara de Vereadores de Dourados (MS) e como já ocorrera diante de centenas de órgãos de poder de pequenos e médios municípios brasileiros.


Porque Andrade não tem clube para treinar?

Enigma do Esporte “Espetacular”. A reportagem de Régis Rösing com o ex-treinador do C.R. Flamengo, Jorge Luís Andrade da Silva teve como pano de fundo uma suspeita de racismo. Andrade, ex-craque campeão mundial de clubes pelo clube da Gávea em 1981, campeão brasileiro e eleito o melhor técnico do Brasileirão de 2009, está sem clube até o momento! Isso é no mínimo muito, mas muito estranho. Levantamos aqui outra suspeita. Será que Andrade segue sem clube porque não faz negociação com jogadores, agindo bem diferente dos recebedores de mega-salários sentados no banco de nosso futebol? Fica a suspeita no ar, mantemos a dúvida, não negamos a possibilidade de racismo, afirmamos que há algo nas entrelinhas do Flamengo dirigido por ex-atletas (como Patrícia Amorim e Arthur Antunes Coimbra) e que ainda não foi devidamente apurado. O tema vai voltar.

Dijair Brilhantes é estudante de jornalismo; Bruno Lima Rocha é editor do portal Estratégia & Análise 






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