De novembro do ano passado para cá, Ricardo Teixeira, (monarca, imperial) presidente da Confederação Brasileira de Futebol, vive uma “perseguição” midiática para além das fronteiras do imenso território brasileiro. Tudo (re)começou com um atrevido jornalista britânico de um programa da emissora pública BBC, Andrew Jennings, o inimigo número 1 dos magnatas do futebol mundial.A denúncia: utilização de empresa de fachada para receber dinheiro de propina em troca de decisões do Comitê da entidade máxima do esporte, a Federation International Football Association (FIFA).
Meses depois, em 23 de maio, o mesmo Jennings, e no programa“Panorama”, informava ao mundo que Teixeira e seu ex-sogro João Havelange, que presidiu a CBF e foi o responsável pela mercantilização plena do futebol enquanto presidente da FIFA por mais de 20 anos, teriam devolvido cerca de R$ 10 milhões após julgamento da Justiça Suíça. Vale lembrar que o país neutral da Europa já não é mais o paraíso fiscal que todos imaginavam. O motivo: teriam recebido o dinheiro via empresa de marketing ISL (aquela mesma), que, apesar de mexer com a venda de todas as imagens dos torneios-FIFA, totalizando bilhões de dólares por ano, faliu por conta de supostos desvios.
Até aí, tirando a “patota” de sempre, a pancada não foi tão grande quanto tais fatos mereciam gerar uma difusão devida. É claro que neste grupo há a neófita Rede Record, mordendo e babando após perder a disputa pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. Os blogueiros ex-Globo Paulo Henrique Amorim, Rodrigo Vianna e Luiz Carlos Azenha são os responsáveis por matérias detonando Teixeira e “seus amigos” – inclusive os “amigos gângster da Globo”, como diria o presidente do Corinthians Andrés Sanchez, homem sincero.
O PERFIL
Podem até dizer que a Piauí é bancada por banqueiros para ser lida para seus congêneres – e disso discordamos profundamente. Mas foi graças ao perfil do presidente da CBF, assinado por Daniela Pinheiro na edição de julho deste ano, que uma verdadeira tsunami de notícias apareceu, com direito a negação de Teixeira a dar entrevista a jornalísticas britânicos por serem “corruptos” (!?) e a devida midiatização desse fato pelos mais variados meios de comunicação. Só que ainda faltava um…
O grupo parceiro de longa data de Teixeira e cia. não afirmava um “i” que fosse contra o presidente da Confederação. Mesmo quando estouraram os escândalos sobre a FIFA, com denúncias vindas de todos os lados, a emissora dos Marinho poupou-o e preferiu focar as ações sobre Joseph Blatter, presidente da entidade maior e oficialmente o “dono” do futebol.
Tudo bem que não mereceu a quebra de contrato de trabalho do Bonner e da Fátima, como no apressado anúncio dos “princípios editoriais” das Organizações, mas uma matéria de 3 minutos sobre uma ação judicial criticando R.T. para quem não falava nada sobre é uma eternidade.
O assunto é a investigação por parte da Polícia Civil de Brasília sobre a “fraude na contratação de amistoso da seleção em 2008?, contra Portugal, e que custou aos cofres do Distrito Federal a soma de R$ 9 milhões do governo então chefiado por José Roberto Arruda. A empresa contratada, a Ailanto Marketing havia sido criada um mês antes da assinatura do contrato e é de posse de Sandro Rossell, atual presidente do Barcelona e que por muito tempo trabalhou para a Nike e é amigo declarado de R.T.
Mas já falamos demais, deixemos que o Jornal Nacional explique melhor.Por favor, leiam e vejam.
Andrés Sánchez defende Teixeira
Enquanto até o JN falou sobre a CBF, o presidente corintiano parece ter virado advogado do diabo, e resolveu defender o amigo Ricardo Teixeira. Sánchez disse que pegam muito pesado com o presidente da CBF: “Exageraram um pouco. Precisam olhar o Ricardo de outra maneira, ninguém merece ser perseguido assim. Se está insatisfeito, que vá cobrar na Justiça”, defendeu o presidente do Corinthians à Rede TV! - justo a emissora que ele, Teixeira, ajudou a “prejudicar” no processo de licitação do Brasileirão -, ao falar especificamente da manifestação que reuniu cerca de 300 pessoas pedindo a saída do mandatário da CBF.
No início do ano passado, Andrés apoiou Kleber Leite (ele mesmo, o ex-repórter de campo que terminou vendendo placa de publicidade) na eleição para presidente do Clube dos 13; sendo o ex-presidente do Flamengo também o preferido de Teixeira. O candidato perdeu, mas deixou claro que a relação entre Sánchez e o imperial Ricardo era estreita, algo comprovado com o presidente corintiano liderando a delegação brasileira na Copa do ano passado (qualquer semelhança com Eurico Miranda liderando a delegação para a igualmente fatídica Copa da Itália não é nenhuma coincidência).
Na mesma entrevista, Andrés não descartou ser presidente da CBF. Como Ricardo Teixeira prometeu se aposentar logo após a Copa do Mundo de 2014 (algo que achamos muito difícil, a não ser que seja para assumir a FIFA!), o presidente corintiano seria o substituto do imperador da CBF. E daí? Mudam as moscas mas....
Esta coluna e este portal se posicionam. O povo precisa continuar agindo, as manifestações começaram de alguma forma a surtir efeito, e trocar Ricardo Teixeira por Andrés Sánchez de nada adiantaria, o futebol brasileiro continuaria nas mãos dos “amigos de gângsteres”. É preciso mudar a estrutura de poder da paixão esportiva nacional.
PODE COMEÇAR…
A coluna Painel FC da Folha.com desta segunda-feira, assinada por Eduardo Ohata e Bernardo Itri, informa que o motivo do principal telejornal dos Marinho ter colocado a matéria no ar teria sido pela alteração dos horários dos jogos. A CBF tirou as partidas às 21h dos sábados, um pedido do canal detentor dos direitos de transmissão, e os retornou para às 18h sem consultar a rede de comunicação e nem sequer os clubes.
De qualquer forma, no conflito intra-classe o estopim, já aceso, pode garantir um maior estouro. Na publicação da Piauí, Teixeira afirmou o seguinte à Daniela Pinheiro: “só vou ficar preocupado, meu amor, quando sair no Jornal Nacional”. Já saiu....
No mesmo dia em que a passeata #foraricardoteixeira pulou das 50 pessoas que protestaram no Rio de Janeiro no dia 30 do mês passado para as 500 deste sábado (13 de agosto) em São Paulo, podemos dizer: “mister Teixeira”, pode começar a se preocupar!