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Coluna Além das Quatro Linhas


Coluna Além das Quatro Linhas – Semana de 12 de setembro

sedelamapa

O ministro e o Imperador; relações cordiais e o mesmo padrão de comportamento de governo também na área do esporte. Será que quando a Copa do Mundo se aproximar e as batatas estiverem assando para tudo e todos, estes afetos e negócios de governo seguirão tão harmônicos?

Anderson Santos (editor), Dijair Brilhantes & Bruno Lima Rocha

Os inimigos se multiplicam...

Andrew Jennings começou a pesquisar sobre a FIFA. Enquanto isso, no Brasil, jornalistas como Jorge Kajuru e Juca Kfouri seguiam implacáveis a Ricardo Teixeira. O tempo passou, e a lista tem até grupos de comunicação inteiros, como a ESPN, e o atual deputado federal Romário. E a lista só aumenta...Será que agora vai? Será que o rompimento tácito com a Globo pode indicar o início do fim de uma Era começada com a ditadura militar?

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O MEDO JÁ ASSOMBRA TEIXEIRA

O ditador da CBF Ricardo Teixeira já não dorme mais tranquilo. A paz parece ter acabado desde que o jornalista Andrew Jennings resolveu assombrar sua vida. Como se não bastasse a perseguição do jornalista da BBC a “Mister Teixeira”, outro atual desafeto seu, certo Baixinho, resolveu ceder espaço para a opinião do autor do livro “proibido” “Jogo sujo: o mundo secreto da FIFA”.

Em entrevista ao site do ex-jogador e agora deputado federal Romário (PSB-RJ), o jornalista inglês disse que o mandatário maior do futebol brasileiro, queria sua própria Copa para enriquecer mais. Segundo Jennings, negócios foram feitos entre Teixeira e os demais presidentes das federações de países que compõem a Conmebol. Antes que o jurídico da CBF parta para cima de nós, pobres jornalistas alternativos que gritamos desde este portal brioso (embora ainda pequeno), sugerimos que processem (se for o caso), os domínios eletrônicos de onde tiramos estas informações....ah, mas é óbvio, deputado federal tem imunidade, aí vai ficar difícil lá pelo Planalto em conexão com a Vila da Penha e a Barra da Tijuca.

De acordo com Jennings, Ricardo Teixeira tem (tinha?!) planos de chegar à presidência da FIFA, mas os recentes casos de anúncio de corrupção minaram as suas chances. Afinal, globalmente, não há confiança na CBF, apesar de estar certo de que, nos últimos anos, Blatter prometeu a Teixeira que o brasileiro seria o próximo presidente da FIFA, algo impedido pelos recentes escândalos envolvendo os nomes de ambos. A exposição midiática (e negativa) poderia estar afastando esta possibilidade.

Dentre tantas outras abordagens e cobertura, o (baita!) jornalista inglês trabalhou há 40 anos investigando máfias italianas e sua atuação na Europa, Reino Unido e América do Norte. Segundo Jennings: “Esta experiência e entendimento de como as famílias do crime organizado operam foi o treinamento perfeito para o próximo alvo - as federações esportivas internacionais. […] Não tenho dúvidas de que a FIFA é uma família do crime organizado e que Blatter (presidente da FIFA) mantém a sua influência distribuindo fartamente ingressos da Copa do Mundo”.

Andrew começou a pesquisar mais sobre o Brasil após a escolha do país como sede da Copa do Mundo de 2014, passando obviamente por uma suposta corrupção nas obras da África do Sul e numa desnecessária construção de estádios para o Mundial. Algo que deve ser repetido aqui.

Ele responde às acusações de que as matérias da BBC, em novembro do ano passado e maio deste ano, só teriam saído porque a Inglaterra não foi escolhida para os Mundiais de 2018 e 2022. Jennings diz que trata do assunto de suborno para a escolha de sedes desde 2006.

Obs: não dá para resistir....Jennings é igualzinho aos editores de esporte dos jornalões e conglomerados multimídia tupiniquins, correto? ERRADO. Esse cara não faz jabá, nem de longe, já a legião de coleguinhas come e dorme com a cartolagem, sabe-se lá. Juca Kfouri e o polêmico Jorge Kajuru, são raras exceções da atualidade, infelizmente. Carece no Brasil de gente como o magistral Victor Hugo Morales, uruguayo radicado en Argentina, um exemplo em todos os sentidos da vida de jornalista esportivo,

TOUR PELO BRASIL E ENTREVISTA À PLACAR

Andrew Jennings pode ser considerado a principal figura contra nomes como João Havelange, Joseph Blatter e Ricardo Teixeira. Recentemente esteve no Brasil para participar de programas esportivos e dar autógrafos do seu livro.

A Placar dedicou em agosto uma página à entrevista com o homem que está proibido de participar de coletivas da Fifa desde 2003 (e aí, cadê a gritaria da “mídia”? Isso não é censura?). Dentre as respostas, fica o incentivo por fazer jornalismo investigativo, cada vez mais perdido dentre a efemeridade da profissão. Como no “Caso Watergate”, ele afirma seguir o dinheiro, por achar mais interessante “as atividades de Blatter, suas maquinações diárias” que os resultados dos jogos (depende Mr. Jennings, se passar pela Federação Carioca, os resultados também se provaram “interessantes”, assim como no período da Itália de Paolo Rossi e o esquemão da loteria de lá).

O coleguinha inglês defende ainda que o futebol não precisa de nomes como Ricardo Teixeira ou até a própria Fifa, já que o esporte é feito por jogadores, clubes e árbitros, por mais que o principal evento dele seja dominado por esta entidade de direito privado. Isto se chama dominação burocrático-administrativa, onde o estatuto da representação formal, somada as amarras do direito privado, estão por em cima das estrelas do espetáculo e do caráter ainda associativo de uma boa parte dos clubes. Esta é uma boa cruzada para realizar contra a manipulação da paixão mundial.

Jennings também reforça, se a presidenta Dilma Rousseff tivesse a coragem de não atender aos pedidos de Teixeira e companhia, estaria prestando um imenso serviço como prova de como se combate a corrupção – mal sabe ele o quão este termo está imbricado nos setores político-eleitorais brasileiros. Além disso, “se o Brasil conseguisse se desvencilhar das regras da Fifa e fizesse as suas próprias, poderia nascer um novo modelo para Copas do Mundo”. Modestamente, desde esta trincheira, viemos batalhando contra as estruturas de poder do futebol brasileiro e como o atual governo manteve os esquemas do anterior, que se rendera a cartolagem assim como se aliara com as grandes empresas de construção civil, os bancos e etc. Como disse o homem, “eu nunca fui de esquerda”, e menos ainda João Havelange, Ricardo Teixeira e agora a princesa herdeira Joana....

Por fim, ele disse que nunca é desagradável encontrar Blatter, pelo contrário, é divertido ver alguém que diz que ele faz ficção, pois tem medo de ir à Justiça para processá-lo, pois teria que falar sobre as acusações. Então, porque o velho Joseph não o processa? É parecido com a batalha de Paulo Henrique Amorim e a tropa de advogados de Daniel Dantas; o ex-repórter da Globo e Bandeirantes, sempre vence.

INIMIGOS BRASILEIROS

Na mídia brasileira, Ricardo Teixeira também tem seus inimigos. Mesmo que alguns por interesses outros, a briga pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro fez a Record disputar fortemente, através de matérias de fôlego - veiculadas especialmente no Domingo Espetacular - o posto de inimiga número um dos homens fortes do futebol mundial.

Outros já estão a algum tempo tentado desmascarar o presidente da CBF, exemplos como Juca Kfouri, Jorge Kajuru, e José Luiz Datena (ele mesmo, o cara que vive do info-entretenimento policial), que chegou a dizer no programa do Gugu (Rede Record) que odeia Ricardo Teixeira. Além do pessoal da ESPN Brasil, dirigidos por José Trajano (baita jornalista), que fizeram uma entrevista com Jennings no Bola da Vez.

Mas o caso mais marcante acabou sendo a opinião de Milton Leite, narrador do canal Sportv, que pertence às Organizações Globo.

O locutor escreveu em seu blog, entre outras coisas, que está mais do que na hora do Governo Federal fazer valer a sua posição de investidor maior do evento, Copa do Mundo, e frear o comportamento fora de propósito de quem está gerindo o maior evento esportivo que o país já sediou. Pegou leve, mas quando alguém da Globo abre a boca, é porque já regurgita nas profundezas cloacais do ambiente de negócios chamado futebol uma espécie de tentativa de virada de mesa, no caso, virada de cartola.

PARA SE PREOCUPAR?

Já comentamos aqui na Além das Quatro Linhas sobre a matéria do Jornal Nacional sobre acusações referentes a um amistoso do Brasil em 2008, em Brasília, que teria ocorrido por conta de mudança dos padrões de horários dos sábados e domingos.

Como resposta, a CBF passou, dentre outros jogos, a partida entre os até então líderes do Brasileirão, Corinthians X Flamengo, para a quinta-feira passada, no mesmo árduo horário das 21h50, impossibilitando a transmissão em TV aberta. Pirraça pouca é bobagem.

Em entrevista publicada na Revista Poder deste mês, que tem como matéria de capa o perfil de Joana Havelange, filha de Teixeira, neta de João Havelange e diretora executiva do Comitê Organizador Local da Copa, o ex-sogro defendeu o mérito de todos eles, sobrando críticas até para a Globo.

O homem que ficou 24 anos no comando da Fifa, onde “globalizou” o negócio futebol através de forte estratégias e “parcerias” (como as traçadas junto de marcas desportivas), atacou a emissora diretamente ao dizer que: “Enquanto interessou à Globo, o Ricardo era um gênio. No dia que ele quis tomar uma medida que poderia ferir a emissora, ela volta-se contra ele”. Normal, regras do mundo que ele próprio ajudara a criar e desenvolver.

Nunca é demais lembrar que o motivo de tamanha revolta midiática contra o Imperador Teixeira não veio por conta das duas edições do Panorama, da BBC, mas sim pela entrevista à revista Piauí. Nela, Daniela Pinheiro tirou do mandatário da CBF o menosprezo à “mesma patota. UOL, Folha, Lance, ESPN, que fica repetindo as mesmas m...”.Quando a mídia empresarial é alvo de ataques de manda-chuvas, é porque realmente a coisa está feia.

Não só as matérias com alguns dos seus supostos casos de corrupção se multiplicaram, a ponto de aparecerem com grande freqüência, como até mesmo os torcedores se reuniram em frentes para protestar contra os gastos nas obras da Copa do Mundo. Vale lembrar do protesto coletivo das torcidas organizadas na última rodada do primeiro turno do Brasileirão. Já era hora.

Ainda assim, Ricardo Teixeira tem a emissora dos Marinho há anos como principal aliada, o que sempre fez o dono do futebol brasileiro achar estar acima do bem e do mal. O direito de sediar a Copa de 2014 fez Mister Teixeira “entrar em campo de salto alto”. A soberba pode custar caro. Só esperamos que não seja para o bolso dos contribuintes brasileiros...

...lembrando da malandragem carioca, não a da navalha e bengala, mas a de terno e gravata me refiro, como na antológica canção de Chico Buarque, Homenagem ao Malandro. Neste mesmo estilo, cabe perguntar:

- E aí ministro Orlando Silva, vai tomar uma atitude ou deixa estar que as coisas se ajeitam (desde que nada mude); qual vai ser?






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