Na última 2ª feira, dia 28 de maio, a Rede Globo editorializa o Jornal Nacional com trechos do discurso do excelentíssimo senador pelo Amapá, José Sarney. O tema, a grande preocupação pela liberdade de expressão e de mercado na comunicação, “atacada” pelo governo de Chávez. O mérito de renovar ou não a concessão da Radio Caracas Televisión é um. O editorial indireto da empresa saindo da boca de Sarney é outro.
Simultaneamente, as preocupações da classe política brasileira se manifestam em uma cena típica de Don Corleone. Da obra magistral de Mario Puzo, a fila de cumprimentos no Senado transfigura a Renan Calheiros. Sai de cena o político da tropa de choque de Collor, ex-membro do PC do B, PRN e sobrevivente do governo FHC. Os holofotes focam na bola da vez, recebendo a solidariedade mais que orgânica da nobre casa.
Ao terceirizar o seu editorial em Sarney, a Globo executa uma manobra diversionista, dando a entender que, se rolar alguma cabeça, caso role, esta será a de Calheiros. A mais que alvissareira e polifuncional família maranhense, com ramificações Brasil adentro será preservada. Driblaram a ira de Serra no estouro da Lunus em 2002, e agora desviam a atenção de um aliado estratégico que é corda e caçamba com Sarney.
O Planalto comemora o fato de que sua parcela no PMDB foi poupada. A fritura de Silas Rondeau no fim saiu barata. O corregedor geral do Senado, agora no PMDB, portanto, próximo do governo, Romeu Tuma, será tão discreto quanto nos seus tempos de Rua Tutóia. Outro sobrevivente de regimes e mandatários, não poupará esforços para punir a tudo e a todos desde que não prejudique ninguém.
A navalha já está cega, com lâmina gasta....