O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) criticou a intervenção de Lula ressaltando que, hoje, a Venezuela tem relações congeladas com vários países justamente por causa de declarações dadas por Chávez em apoio a candidatos que perderam. Esta é a situação da Venezuela em relação a Peru, México e Equador. O CNE criticou ainda o apoio do deputado espanhol Mayor Orejas (PP) ao candidato da oposição, Manuel Rosales. Além disso, a oposição questiona o fato de o presidente brasileiro inaugurar a obra de uma empresa privada.
Soubessem eles das vinculações umbilicais do BNDES com o empresariado nacional e saberiam que o Estado brasileiro é privado.
Chávez afirmou que fará, assim como Lula fez à Venezuela, sua primeira viagem ao exterior depois de eleito. O tenente coronel da Pqd da Venezuela vai fazer ao Brasil sua primeira viagem depois do pleito, caso seja reeleito. A visita ao Brasil já está marcada para o dia 7 de dezembro, poucos dias após a eleição.
Além da agenda pública de inauguração da ponte sobre o rio Orinoco, Lula esteve na Venezuela para a certificação de um poço petroleiro e para discutir com Chávez a pauta da próxima Cúpula Sul-Americana de Chefes de Estado, que será realizada na Bolívia, em dezembro. Assim, a Petrobrás e o Itamaraty vão afirmando para fora aquilo que seu conselho de administração, refletindo 48% de capital privado, não deseja fazer para dentro.
A visita de Lula é uma expressão de “apoio político” a Chávez, mas para inglês ver. No entanto, mais do que interferir na política venezuelana, a presença de Lula indica quais serão as prioridades da política exterior brasileira nesse segundo mandato. A ausência do presidente brasileiro na 16ª Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado, realizada no começo de novembro, no Uruguai, mostra que o governo brasileiro pretende priorizar a integração do continente para disputar de igual para igual com a União Européia.
No Uruguai, constatou-se a forte presença do governo espanhol e seu interesse na economia latinoamericana. Na 16ª Cúpula Ibero-Americana, as discussões se centralizaram no impasse entre Argentina e Uruguai pela construção das fábricas de celulose no Rio Uruguai, na divisa entre os países. As negociações foram intermediadas pela Espanha; cuja interessante triangulação, representa seus próprios interesses através da Telefónica de Espana, mas serão negociadores isentos perante a holding da Stora-Enso operando nas barrancas do Rio Uruguay.
Chávez e Lula ausentes da reunião demarcam quem joga na cancha grande em nome do Mercosul e quem vai atuar no campinho das caneladas. Coube a Argentina X Uruguay reproduzir o clássico das mútuas pauladas. Paraguay se escora no Departamento de Estado o Chile da Concertación segue mantendo as opções estratégicas de Pinochet.
1ª redação de Camila Reinheimer
Revisão e redação final de Bruno Lima Rocha