Aqueles que lêem as palavras teimosamente repetidas, semanalmente, em algumas das mais respeitadas publicações eletrônicas e impressas do pago e do país, já devem saber que há algo que este analista não tolera. Sim, quem pensou na auto-promoção, acertou. Mas, quando algo contundente em termos jornalísticos ocorre, sinto-me na obrigação de difundi-lo.
A edição de 8 de novembro de O Jornal, de Maceió, Alagoas, citou o artigo semanal que envio para o Noblat em seu Editorial. Como o tema trata diretamente de assuntos do interesse do Rio Grande, tomo a liberdade de usar este espaço ofertado generosamente pelo brioso jornalista de Santa Maria da Boca do Monte e acercar as terras da depressão central dos verdes mares da cidade onde se localiza o bairro do Jacintinho.
Leiam e vejam o “estrago” que o óbvio faz nas mentirosas premissas neoliberais:
EDITORIAL, O JORNAL, MACEIÓ, ALAGOAS, 8 de novembro de 2007
O ajuste
O anunciado ajuste fiscal do Estado de Alagoas, combinado com uma operação triangular (Estado, Tesouro Nacional e Banco Mundial) para amenizar a dívida de Alagoas (hoje em inacreditáveis R$ 6 bilhões) com a União, não passa de um plágio. O governo do Rio Grande do Sul, também tucano e também fracassado, já fez o mesmo, alguns meses antes de Alagoas. O que se percebe é que os tucanos só têm uma receita para os problemas.
Todos os procedimentos são os mesmos: aval do Tesouro Nacional e da Comissão de Financiamentos Externos do Ministério do Planejamento, antes de tentar o acordo com o Banco Mundial.
O cientista político Bruno Lima Rocha, em artigo divulgado ontem, chama a atenção para as exigências do Banco Mundial. A negociação política, adverte ele, passa pelo constrangimento. O banco só libera dinheiro se o Estado cumprir seus pré-requisitos. Um deles é a “modernização” da máquina pública em versão neoliberal, ou seja, tucana. A palavra “modernização”, na visão dessa gente, significa “tirar do Estado responsabilidades que são necessariamente política de Estado”, alerta Lima Rocha.
O cientista político põe o dedo na ferida: “Outra pré-exigência [do Banco Mundial] é o ajuste fiscal, o gargalo de sempre, cuja aplicação ao pé da letra é uma bomba-relógio social”. Ao pé da letra, o ajuste significa demissão em massa de servidores públicos.
Estamos, portanto, em vias de ser governados por tecnocratas do Banco Mundial. É uma confissão de fracasso do atual governo para resolver a crise financeira. Se fosse só isso, não seria novidade. Mas é o futuro de Alagoas que está em jogo. Não se pode fazer experiências no escuro com algo tão importante.
Nota originalmente publicada no portal de Claudemir Pereira