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Para jornais, revistas e outras mídias

Refletindo o jornalismo necessário nas emissoras comunitárias


Um jornalismo construído desde as emissoras comunitárias, alternando momentos em rede e coberturas locais, municipais e regionais, pode reconstruir a credibilidade em nosso ofício e, caso se conquiste algum modelo através de políticas públicas ainda ausentes.

22 de outubro de 2015, Bruno Lima Rocha.

"Como o cotidiano da vida na metrópole é espacial, é fundamental poder convocar os sujeitos coletivos, e para tal, não existe forma mais radical e ao mesmo tempo mais democrática do que o jornalismo de base coletiva que consegue relacionar os temas do local, setoriais ou específicos com as políticas gerais que oprimem nosso cotidiano", defende Bruno Lima Rocha, professor de ciência política, relações internacionais e jornalismo.

Eis o artigo.

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O dia 18 de outubro é a data referência para a luta da democracia na comunicação social no Brasil. A pauta é urgente e bandeira mais que necessária. Infelizmente, embora com as redes sociais e os meios alternativos tenhamos alguma condição do contrapor as versões hegemônicas, a maioria dos brasileiros e latino-americanos ainda está muito distante de vencer a batalha da mídia como o tema foi denominado por Dênis de Moraes. Vivendo de forma atomizada dentro do caos urbano e metropolitano de nosso continente e em especial do Brasil moderno, a comunicação social sob controle coletivo e intenções transformadoras poderia ser o elo de ligação que falta para, diante de uma sociedade com múltiplas e diversos grupos de interesse, poder dar certo grau de unidade ao andar debaixo, para as camadas populares e os consensos possíveis entre nós.

Não vamos entrar especificamente na aberração do texto legal que rege o setor, a começar pelo equivocado conceito de comunitário, confundindo-o (propositadamente) com localismo. Neste texto e nas formulações deste analista, sempre se observa a radiodifusão comunitária como veiculação em mídia aberta e de abrangência municipal, independente da dimensão territorial desta unidade de governo sub-nacional. Para o texto especificamente nosso argumento é desenvolvido em torno de cotidianos metropolitanos, por si só fragmentado e caótico e também pensando em termos de cidades-polo, ou centros de desenvolvimento local-regional.

Assim, se há uma tarefa estratégica para qualquer pretensão de transformação social no Brasil e na América Latina esta passa pela reconstrução do tecido social, tanto o produtivo como o de base territorial, também chamado de comunitário. Especificamente neste último, as estações de rádio operando em frequência modulada, FMs de baixa potência, caracterizadas pela lei brasileira de rádios comunitárias (Lei 9612/98, com modificações) ainda podem ser uma saída para reconstruir identidades sociais.

Relacionar os eventos do local com as estruturas de dominação nacionais e internacionais

Como o cotidiano da vida na metrópole é espacial, é fundamental poder convocar os sujeitos coletivos, e para tal, não existe forma mais radical e ao mesmo tempo mais democrática do que o jornalismo de base coletiva que consegue relacionar os temas do local, setoriais ou específicos com as políticas gerais que oprimem nosso cotidiano. O que vale para as regiões metropolitanas tem peso ainda maior para emissoras de municípios pequenos ou distantes dos grandes centros ou cidades-polo.

Ao contrário do que possa parecer para quem não está habituado com a frente de luta das rádios comunitárias, as experiências de jornalismo caracterizadas acima são muito raras no país, em geral fruto de um esforço quase absurdo de minorias políticas dedicadas parcial ou totalmente para a militância jornalística e a produção de conteúdo alternativo. São vários os empecilhos para podermos desenvolver um jornalismo produzido debaixo para cima, materializando algo que consta em qualquer teoria consistente do ofício.

O desafio é do tamanho dos frutos a serem colhidos. Como acertadamente foi interpretado por Adelmo Genro Filho, a singularidade é única e ao mesmo tempo reveladora das estruturas que não são perceptíveis a não ser pelas narrativas jornalísticas que intencionam fazê-lo. Logo, quem assim o fizer, radicaliza a democracia na base e aponta as baterias contra os inimigos de classe.

Não por acaso, tanto as coberturas de instâncias municipais como a relação de temas locais com as pautas nacionais são lutas permanentes e tristemente inglórias no cotidiano das rádios comunitárias. Tecnicamente não é difícil fazer uma leitura comentada de pautas do município e do estado e subordinando-as com a política econômica do país e o pacto de classes que a suporta.

A necessidade do jornalismo popular como base para a democracia radical e de base

O problema é formativo, uma vez que as emissoras comunitárias se deparam, em geral, com três dificuldades para cumprir esta tarefa: a falta de rigor jornalístico, reproduzindo nas emissoras um papel de assessoria, seja em relação ao grupo de poder no município, ou pior, para com o partido de governo de centro-esquerda; a péssima cultura autoritária da esquerda restante e da centro-esquerda hegemônica, evitando análises básicas que facilmente poderiam levar a um estado de revolta das audiências; complementar a estas duas, a falta de concepção de espaço público, muitas vezes reproduzindo nas emissoras as piores tradições do jornalismo chapa branca ou típico do pior “jornalismo” manipulado por sectárias diretorias sindicais.

Um jornalismo construído desde as emissoras comunitárias, alternando momentos em rede e coberturas locais, municipais e regionais, pode reconstruir a credibilidade em nosso ofício e, caso se conquiste algum modelo através de políticas públicas ainda ausentes, abrir postos de trabalho em uma mídia potencialmente transformadora e necessariamente participativa. É óbvio que nada disso é fácil e o andar de cima jamais toleraria pacificamente este tipo de produção midiática. Construir a alternativa jornalística é fundar os pilares de uma democracia radical e direta, desde a base.






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