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O médico e a doença - rentismo e chantagem política

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A Banca reclamou dos depósitos compulsórios e apostou as fichas em outras candidaturas. Agora, força a indicação do possível ministro da Fazenda do segundo governo Dilma e assegura que nenhum dos três candidatos favoritos ameace com auditoria da dívida pública.

1º de outubro de 2014 - Bruno Lima Rocha

Falta pouco e a escalada especulativa convoca para a necessidade de expormos pílulas da última semana antes do 1o turno nacional. Comecemos pela lógica de gerar fato político através da espiral da informação alarmista, retroalimentada pelas relações entre especialistas e negociantes. Vamos lá. O analista eleitoral Antônio Lavareda expressou na manhã de 3ª, 30 de setembro, na mais forte emissora de rádio da Província de São Pedro, a expectativa do "mercado financeiro" a respeito da primeira rodada eleitoral. Compara-se o momento com 2002, quando o ex-gerente de operações de George Soros, Armínio Fraga - hoje homem de confiança e operador do JP Morgan - era presidente do Banco Central. Na época, o dólar bateu R$ 4,00 e o "mercado" forçou uma situação de fato que terminou com a fatídica reunião dos executivos do mundo financeiro com o futuro ministro da Fazenda Antônio Palocci. 

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Lula ganhou, materializando o pacto de classe ao ter o senador e industrial mineiro José Alencar como vice. Mas, ao contrário do que o eleitorado escolhera, ainda havia outra negociação policlassista, com outra fração de dominante, esta associada diretamente ao capital transnacional financeiro. A "transição" segura terminou com o ex-presidente mundial do Bank Boston, Henrique Meirelles, assumindo o cargo de presidente da autoridade monetária do Brasil, o Banco Central, no mandato do ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva. Seguindo a teoria das portas giratórias, Meirelles após deixar o governo, assumiu cargo-executivo no Grupo JBS (à frente da Holding deste “campeão nacional”) assim como o ex-ministro da Fazenda de FHC, Pedro Malan, que ocupou posto-chave no Unibanco até sua fusão com o Itaú e hoje é membro de conselhos consultivos e de administração de transnacionais operando no Brasil e na região.

 

Com a possibilidade concreta de vitória do lulismo, os operadores da engrenagem (banqueiros, especuladores, analistas, mídia especializada, tecnocratas dentro do aparelho de Estado) apontam para outra meta alcançável. O objetivo imediato do "mercado" é garantir que Dilma anuncie um nome favorável aos interesses rentistas para o posto de ministro da Fazenda, ainda na campanha de 2o turno. Com isso, o lulismo garantiria a "boa vontade" dos operadores de bancos e investidores na roleta comandada pela baliza da Selic, determinada pelo Copom em base aos relatórios "técnicos", como se neutra fosse alguma ciência humana. Se conseguirem indicar o ministro da Fazenda e com a permanência do atual presidente do BC, Alexandre Tombini estaria “assegurada a continuidade tranquila” (com o perdão da redundância e da rima pobre). A direita ideológica reclama e os bancos apertam, mas sinceramente, não vejo como a atual direção do BC possa ser menos favorável ao rentismo. A ex-ministra das Minas e Energia e da Casa Civil de Lula até que tentou inverter a lógica da política econômica subordinada a política monetária. Este foi o verdadeiro vôo de galinha, com direito a matérias sem fim dos telejornais brasileiros. Na metade do mandato, Dilma sucumbiu de vez. Após sucessivas quedas no índice da Selic esta taxa subiu seguidas vezes e se manteve em 11 pontos desde então.

 

O “susto” e o cofre

Mesmo havendo um recuo parcial da Selic com subidas consecutivas na segunda metade do mandato, a tentativa de fazer política de Estado à frente da autoridade monetária foi o bastante para dar um “susto” na praça bancária aqui instalada. Agora, ao final da corrida de primeiro turno, parece valer a máxima de “entregar alguns anéis para não perder dedo algum”. Do “susto” a banca resolveu tentar garantir o cofre.

 

Considerando como válidos os índices indicados pelos distintos institutos de pesquisa, a luz vermelha acendeu tanto nas organizações de mídia como no enxuto mercado financeiro. Segundo a oposição de esquerda (dentro e fora da corrida eleitoral), os nacionais que faturam com o rentismo e a rolagem da dívida pública interna seriam apenas 5.000 famílias. Já a escala corporativa e transnacional destes seria passível de ser toda identificada (com CNPJ e nome fantasia também) caso reconstituíssemos os nomes de pessoas jurídicas que constam nas CPIs do Sistema Financeiro (1996) e a dos Bancos (1999). O eleitorado percebeu esta possibilidade e identificara tanto em Armínio Fraga – já aqui citado – como em Neca Setúbal, notória financiadora de Marina Silva e herdeira do Itaú, alvos visíveis nas respectivas campanhas de Aécio Neves (PSDB) e na ex-vice de Eduardo Campos (PSB). Ao que parece, pela via direta a banca não retoma o poder exercido na Era FHC, sendo preferível garantir alguém de confiança em um governo que não é de seu agrado, embora a governante faça de tudo para agradá-los!

 

Neste bolo dos que faturam com a especulação oficial entram também os fundos de pensão, cujos postos-chave pertencem ao governo de turno. Assim, amarrado como está, o Estado brasileiro é fundamental não apenas na indução (ou cedendo diretamente recursos, transferindo do coletivo para o privado), mas na oferta de subsídio e injeção de capital na economia. É por isso que o agente econômico vê-se favorecido através do bismarckismo tropical de Lula e Dilma, e, ao mesmo tempo, se enxerga incomodado, pois sabe que depende diretamente do Poder Executivo para realizar seu ganho de capital.

 

O “mercado” deve – ou ao menos teme – perder na urna para uma coalizão policlassista, onde oligarcas dão sustentação política a uma ex-esquerda comprometida com um tímido keynesianismo tardio. Não parece suficiente para empoderar o povo brasileiro e menos ainda transformar as relações sociais. As ideias de câmbio passam longe deste pleito, mas a adesão neoliberal está mais longe ainda. Preferível aos banqueiros, investidores e suas camadas auxiliares garantirem o de sempre; um lugar privilegiado dentro do aparelho de Estado e do governo de turno. Assim, preservam seus ganhos diretos equivalentes a mais de 40% do orçamento e do PIB da 7ª economia do mundo e, ao mesmo, podem conspirar contra este mesmo Estado e o Poder Executivo que aporta com seguidos “pacotes de bondades” ao conjunto dos agentes econômicos.  

 






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