Demorou mas chegou. O ex-governador do Distrito Federal, hoje senador pelo PMDB-DF, Joaquim Roriz, sempre foi um homem “complicado”. Peço perdão para os eufemismos, mas evitar processos inúteis é dever de todos os que fazem comunicação social e análise política. Desse jeito, de eufemismo e ponderações, vamos lavando o discurso. Somente quando o grampo capta o áudio, e a difusão eletrônica atinge os lares das famílias brasileiras, podemos afirmar aquilo que todos sabem.
O curioso é o procedimento. O atual governador do DF é o ex-senador pelo PSDB, hoje no Democratas (ex-PFL, ex-PDS, ex-Arena e ex-UDN), José Roberto Arruda. Este político, junto com o senador pelo DEM da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, renunciara ao Senado após ser acusado da fraude no painel do Senado. Mais curioso ainda, é o fato da investigação ser levada a cabo pela Polícia Civil do DF. Na co-irmã, PMDF, as famílias de policiais-militares eram mobilizadas por operadores de Roriz a ocupar terras urbanas, suburbanas e semi-rurais ara efeitos de moradia através de grilagem. Ninguém me contou isso, vi e ouvi, quando estava em Brasília fazendo pesquisa de mestrado.
Uma hipótese, inteligente é verdade, foi levantada. A investigação que corria a pedidos do Ministério Público do DF buscava as fontes de financiamento e o possível orçamento estourado na construção do Metrô de Brasília. Tivesse maior independência operacional os Procuradores, a bomba haveria estourado antes. Percebam, digo bomba e não crime, porque estou sendo adepto do tucanês falado no país dos valores familiares defendido por Renan diante dos ilibados senadores que não o querem relatar nem delatar. Mas, lançada agora, e pela Polícia Civil planaltina, pode implicar também uma manobra diversionista para evitar os holofotes no affaire (viram como também posso escrever sem xucrismo) Renan – Mônica.
O fio da meada passa por uma história envolvendo o pai do presidente da Gol Linhas Aéreas, e dono de fato, Nenê Constantino. Todos viram o valor do cheque e o troco entregue no escritório do Executivo. Tal fato é simplesmente inexplicável. O próximo passo, correto e coerente, era uma devassa fiscal na Gol, nas contas pessoais dos membros da família Constantino e nas contas pessoais e corporativas envolvendo os fundos de Roriz, dentro e fora de campanha. Como isso não vai ocorrer, enquanto a fumaça continuar a subir, Renan Calheiros agradece a ajuda do colega de profissão Joaquim Roriz.