Estrat�gia & An�lise
ISSN 0033-1983
Principal

Artigos

Clássicos da Política Latino-Americana

Coluna Além das Quatro Linhas

Coluna de Rádio

Contenido en Castellano

Contos de ringues e punhos

Democracy Now! em Português

Democratização da Comunicação

Fale Conosco

LARI de Análise de Conjuntura Internacional

NIEG

Original Content in English

Pensamento Libertário

Publicações

Publicações em outros idiomas

Quem Somos

Sobre História

Sugestão de Sites

Teoria



Apoiar este Portal

Apoyar este Portal

Support this Website



Site Anterior




Creative Commons License



Busca



RSS

RSS in English

RSS en Castellano

FeedBurner

Receber as atualiza��es do Estrat�gia & An�lise na sua caixa de correio

Adicionar aos Favoritos

P�gina Inicial












































Artigos
Para jornais, revistas e outras mídias

A Grécia à beira da fratura societária – 2

O assassinato de Alexandros Grigopoulos deu origem à revolta grega de dezembro de 2008. A ira dos cidadãos que não admitiam uma polícia assassina foi ao encontro de uma sociedade fraturada, mirando na Comunidade Européia e padecendo das conseqüências dos ataques de financistas e demais apostadores na ciranda financeira.

lesvosnews

1º de agosto de 2011, da Praça Syntagma (Atenas, Grécia), Bruno Lima Rocha

A história contemporânea dos helenos inicia em 06 de dezembro de 2008, quando o jovem Alexandros Grigopoulos, de apenas 15 anos, foi assassinado a tiros pela polícia no meio das ruas da região da Praça Exárquia, numa noite de sábado. Este bairro, bem próximo do centro, é uma espécie de zona autônoma, aglutinando anarquistas e adeptos de sub-culturas libertárias desde a segunda metade dos anos ’70. Lá também se localizam instalações universitárias, como a Escola Politécnica, centro nervoso e operacional de todo o protesto no país desde a década de ‘70. O crime de Estado deu início a uma revolta que durou três semanas, de dimensão nacional e apoio popular, só encerrando no natal daquele ano. De lá para cá, a Grécia pegou fogo.

enviar
imprimir

Para os códigos da cidadania grega, muito em função da última ditadura (1967-1974), é inadmissível a repressão política neste nível. O detalhe é que os coronéis gregos foram retirados do poder pela pressão da luta direta, sendo que os acordos de transição vieram depois do fim da governabilidade e de qualquer legitimação ditatorial.

Isto deixara um caldo de cultura política de protesto, sendo hoje esta cultura transversal a no mínimo três gerações. O PASOK (equivalente ao partido social-democrata) ganhou as últimas eleições com o atual Primeiro Ministro George Papandreou pegando carona nos discursos da revolta do ano anterior. Mas, já nos primeiros meses de governo, este capital político se dilui a partir da imposição de medidas de “austeridade” impostas em função do ataque contra os papéis gregos, ocorrido em fevereiro de 2010.

A desilusão é proporcional ao considerável tamanho do rombo nas contas públicas. Este totaliza 190 bilhões de euros em “posições expostas”, o que no jargão do mercado financeiro implica em compromissos não cobertos; enquanto os recursos adquiríveis hoje, juntando reservas e vendas de bônus do tesouro totalizam apenas 82 bilhões de euros. Para piorar, a “mui nobre e ilibada” agência de análise de risco Moody’s rebaixou novamente a apreciação da dívida grega.

É por isso que nas semanas anteriores da votação do plano de metas do FMI (28 e 29 de junho de 2011), surge um neologismo político contemporâneo, um acerto conceitual que caracteriza a situação como “dividocracia”. O cratos (mando) da coletividade é dos executores da dívida e não dos detentores de mandato popular. Este termo marca o divórcio entre a representação política e a população que embarcara na miríade da zona euro e agora se vê diante da falência.


Este artigo foi originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat






voltar