O conflito no Líbano continua, tal e qual a estupidez e compromisso escuso da maioria das análises realizadas em nosso país. Na Nota anterior, mais fizemos uma política na frente do espelho da alma, vendo e trazendo à tona reflexões óbvias da colônia árabe-brasileira. Nesta, observamos a singela demência de quem desconsidera a maioria dos aspectos relevantes da destruição de um país, cujos descendentes atingem a marca de 12 milhões de brasileiros.
Se é certo que há algo de milenarismo nesta luta, a mesma afirmação, de choque e missão civilizacional, justifica e reitera a importância de todo e qualquer imperialismo. Infelizmente, a trajetória de um povo perseguido, conjunto étnico-religioso que aportou cientistas, intelectuais, trabalhadores, artistas e gente imprescindível para o progresso da humanidade, hoje tem a triste missão de ser o bastião do ocidente no Oriente Médio.
Mitos sem fim têm de ser desmontados, a começar pela caracterização absurda de que árabes possam ser anti-semitas; ou então o rótulo de organização terrorista a dois partidos políticos, integristas e em armas, como são as organizações político-militares-sociais-religiosas do Hizballah e do Hamas. Deixamos aqui nossa posição como árabe descendentes, de nos pôr em desacordo com o integrismo de qualquer espécie, de simpáticos ao pan-arabismo de esquerda, como o professado pelo FPLP. Mas, as simpatias distantes são mais uma demonstração de afeto e compreensão de um problema do que necessariamente o mesmo compromisso militante que temos com as causas daqui.
Lembramos nesta Nota o mesmo que afirmamos em entrevista a rádio AM de alcance interestadual. Hizballah e Hamas são partidos políticos, sendo que o Hamas é partido de governo. Agem de forma mais construtiva do que as “extintas” Irgun e Stern, ambas berço do Likud e de suas derivações. Não há outra razão a não ser falso pretexto interventor para que os EUA montem bases de investigação no Paraguay, justo na área da tríplice fronteira. Quando dos ataques do 11 de setembro, a Casa Branca ameaçou e de fato instalara escritórios conjuntos de CIA e FBI em Ciudad del Leste. Na mídia brasileira, ainda tem gente gritando o corredor de passagem de “terroristas” pela Ponte da Amizade. Curioso, estes “especialistas” são os mesmos que antes elogiavam as medidas econômicas de Caballo, ao mafioso Carlos Saul Menem e seu homem forte Don Yabrán.
Falando de mídia, é irresistível lembrar que as posições de Abravanel e Sirotsky são esperáveis. Mas, Saad pertence a qual etnia mesmo?! Ou então os “brimos” dos Jardins tem dúvida cruel, espelham-se em Maluf ou Herzl? A resultante processada que vai gerar mau cheiro do mesmo jeito. Enquanto as bombas estadounidenses-sionistas-chauvinistas destroem Beirute pela 2ª vez em menos de 20 anos, a mídia nacional aponta os dois lados de uma “invasão limpa”. Ao final dos noticiários, ao concluir a página de Mundo de algum jornal daqui, vemos uma cena de fundo. Nesta, Goebbels e Theodor Herzl sorriem abraçados, comemorando mais um massacre anti-semita.