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A fronteira agrícola e o racismo


Não é de hoje que os pequenos agricultores gaúchos operam como massa de manobra e recebem títulos e incentivos da ditadura para transformar o meio ambiente do Centro-Oeste e do Norte em uma estrutura produtiva.

19 de fevereiro de 2014, Bruno Lima Rocha

Sempre que se dá no Brasil alguma política pública reparatória ou reconhecimento de direitos históricos para as comunidades indígenas (originárias) ou quilombolas (afro-descendentes), o senso comum do pensamento conservador brasileiro reage. Desta vez, o episódio que ainda rende frutos primou pela sinceridade na fala de três deputados federais do Rio Grande do Sul; Alceu Moreira (PMDB), Luis Carlos Heinze e Vilson Covatti (ambos do PP). Em 29 de novembro de 2013, numa audiência pública da Comissão de Agricultura da Câmara realizada com produtores do pequeno município de Vicente Dutra, estes membros da Frente Parlamentar da Agropecuária externaram uma louca teoria do cerco e a defesa incondicional da propriedade, por em cima de direitos ancestrais e da função social da terra.

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Segundo Heinze, presidente da Comissão: “É ali (com Gilberto Carvalho) que estão aninhados quilombolas, índios, gays, lésbicas. Tudo o que não presta está aninhado. E eles têm a direção e o comando do governo”. Esta e outras falas foram amplamente divulgadas no blog da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e refletem o alarmismo típico de um setor que por um lado, garante a balança comercial brasileira, vencendo a disputa com o MST, derrotando no governo de “esquerda” a reforma agrária. Por outro, vê com péssimos olhos o reconhecimento tímido (pífio) de um Brasil pluriétnico, concretizado em algumas ações de governo como a demarcação de reservas e comunidades, todas advindas da luta direta.

Não é de hoje que os pequenos agricultores gaúchos, chamados na província de colonos, operam como massa de manobra e elemento de colonização interna. No estudo de geopolítica observam-se como os conceitos básicos desta disciplina operacional foram aplicados na Marcha para o Oeste.

Descendentes de italianos, alemães, polacos e ucranianos, detentores de minifúndios, receberam títulos e incentivos da ditadura para transformar o meio ambiente do Centro-Oeste e do Norte em uma estrutura produtiva. Tornaram-se, em uma ou duas gerações, em grandes proprietários de terra, criando uma nova oligarquia da fronteira viva. Esta ação do Estado brasileiro reforçou a ideologia do progresso e da cultura européia do valor ao trabalho. Por tabela, responsabiliza as vítimas pela sua condição dominada.

Ao defender a expansão da fronteira agrícola a qualquer custo, a bancada ruralista retroalimenta duas características do projeto de país que ainda temos. Trata-se do casamento perfeito do latifúndio com o racismo.

Artigo originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat.






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