5ª 26 de junho de 2008, Vila Setembrina dos Farrapos traídos em Ponche Verde
A mídia gaúcha não se resume aos poucos jornalões e as rádios AMs e as FMs de informação. Não, a indústria de bens simbólicos e signos, ultrapassando o marco de poucas famílias e o monopólio de sempre do clã Sirotsky. Mas, esta “mídia”, quase toda, fez um acordo velado. Em determinados assuntos é realizado um pacto, e este é “imexível” como dizia o velho ministro pelego do Trabalho, o judoca de nome Antônio Rogério Magri, titular da pasta no governo de Collor. O autor da façanha lingüística caíra em função de um cachorro de estimação (pet na gíria agringalhada) e de R$ 30.000,00. Pois bem, tal e como Pedro traiu o Messias por poucas moedas e diante do espelho, o Rio Grande está posto à venda, remate da Província do Eucalipto. E, parte do “road show” de vendas é uma indústria de comunicação domesticada, fabricante de signos que associam capital financeiro ao progresso!
Tamanho nariz de cera é do tamanho do Pinóquio midiático que vivemos. O “empréstimo” do pago com o Grupo Banco Mundial, capitaneado pelo fiscal da Receita cedido para a FEE e desta para a Secretaria da Fazenda, Aod Cunha, é uma pauta proibida se não for para martelar a favor. O “turco” bem o sabe e comandara o espetáculo dantesco, quando a gloriosa câmara alta da República, manteve sessão aberta apenas com três ilibados senadores, dentre eles Jorge Afonso Argello (Gim Argello, PTB-DF), aliado de Roriz e do colchão de R$ 2 milhões do Nenê Constantio (dono da Gol). Pedro Simon (PMDB-RS) ocupara a tribuna revezando-se com o Udenista Heráclito Fortes (DEM-PI). Tudo para receberem a papelada que tramitava no Senado, rumo à Comissão de Avaliação Ecnômica, que tem a batuta do professor de economia e réu confesso perante o país e Duda Mendonça, Aloizio Mercadante (PT-SP).
O tal do “empréstimo” teve um contraponto, tal e como aquele homem de meia idade que, em plena Revolta e Massacre da Paz Celestial, parara diante dos tanques do neoliberal de linha chilena, Deng Xiao Ping. O daqui tem sobrenome italiano, se chama João Pedro Casarotto e encaminhou um estudo de fôlego, na forma de uma representação legal perante os órgãos de Estado “responsáveis” pelo tema. Nenhum órgão público sequer se manifesta assim como os nobres “coleguinhas” do rincão sulino. Casarotto enviara o estudo que fundamenta para mais de 180 colegas cujo ofício e ganha pão é “informar”. O nobre trabalho de Luigi Rossetti anda em crise. Segundo as normas e regrinhas àquelas do jornalismo careta estadunidense, cada trabalhador da notícia teria de dar um lide, fazer um narizinho de cera para aparentar certo domínio da língua e apresentar um tiquinho de nada de contraditório e ponto X contraponto. Nada muito reflexivo ou estimulante, mas o suficiente para aparentar que a indústria prezava pelo discurso-síntese, portanto, registrava as posições distintas e conflituosas.
Pelo visto a escolinha virou deseducação. Nos anos ’20, uma atitude heróica de tenentes gerou o mito dos 18 do Forte. Na primeira década do século XXI, os 18 são os da carta do Lair, são jornalistas e duvido muito que sejam apenas o dobro de 9. Não, são 180 ou mais, já que até os bem intencionados esqueceram o poder dos pseudônimos. Na gíria dos coleguinhas, ninguém deu nada e Casarotto não obteve um mínimo de centimetragem nem segundos radiofônicos ou televisivos. Na tarde de 3ª, 24 de junho, tornei-me ainda mais chato e enviei correspondência de internet para alguns “colegas”, estes na proa do ofício de José Hipólito da Costa. Como não me agrada a fofoca e entendo a privacidade como um direito inalienável não reproduzir aqui o destinatário do correio eletrônico. Já o conteúdo, essencialmente era afirmar que existe uma opinião conflitante, de valor e com estudo rigoroso a fundamentar o tema. Infelizmente, a autocensura e o fantasma do Jabá e as amizades e intimidades com os poderes transitórios no estado das sistemistas é mais forte. Justiça seja feita, se o RS está à venda ou para ser alugado, é a União a fiadora. Em politiquês nacional: os tucanos gerencialistas do Pago estão a vender o Rincão e o fiador do negócio é Arno Augustín, autor da bravata da moratória, cujo repuxo o digníssimo economista não bancou mais que três semanas quando tomava conta dos pilas daqui.
Estamos na tarde de 25 de junho e a censura paira sobre a mediocridade intelectual e midiática do Rio Grande. Triste condição para a terra de pajadores, cueras, tauras, bugres, guascas, poetas, romancistas e cronistas. Mas, se vale a afirmação, esta pauta não caiu e nem morrerá de morte morrida, só de morte matada.
Esta Nota em formato de artigo é a cinqüentenária que escrevo para o amigo e brioso jornalista da Boca do Monte, Claudemir Pereira.