Seguindo as homenagens e a tomada de contato com algumas cidades nordestinas, um fato nos faz cair o queixo. Estamos falando da Natal, encantadoramente bela e com gente trabalhadora e teimosa desde os tempos dos potiguares originais.
Hoje a capital do RN é o cenário mais valorizado do turismo na região. E as agressões sofridassão do mesmo estilo do ocorrido no Ceará. Desnacionalização, ataque especulativo e ultra-valorização mobiliária. Para se ter uma noção; hoje o m² na praia de Pipa (litoralsul)ultrapassa R$ 8.000,00. Sai mais caro do que na Avenida Paulista em São Paulo capital e do que na Vieira Souto, no bairro carioca de Ipanema.
A mesma inflação se dá nos novos e luxuosos edifícios natalenses. Apartamentos oscilando em torno de R$ 1 milhão e meio de reais, para cima. Como a população daqui não tem tamanho poder executivo, e a oligarquia, além de pequena, já tem seus váriospedacinhos do céu, a saída provêm de além mar outra vez.
Algumas construtoras atuam em consórcio com capitais transnacionais, simultaneamente saem vôos semanais fretados diretos de Londres, Amsterdam e Roma; além dos nossos patrícios portugueses de sempre. Resultado: desnacionalização do território ao ritmo de um alazão galopante.
Que a oligarquia é associada, isto todos já sabemos. Que o dinheiro do BID ajudou na reurbanização da capital potiguar, aliás, muito bem feita, também já sabíamos. Mas, aplicar o Fundo Constitucional para o Nordeste, verbas do BNDES e do Banco do Nordeste (BnB), aí é novidade.
Detalhe, estes fundos foram também para financiamentos de hotéis de 4 ou 5 estrelas; além de flats, apart-hotéis e residence services de luxo. Por mais que estas iniciativas tragam recursos, o estado do Rio Grande do Norte produz bem mais do que city-tours.
Detalhe, ao mesmo tempo que o BnB financia hotéis de luxo, pequenas línguas de esgoto desaguando em Ponta Negra (ínfimas é verdade), insistem em lembrar que esta região - o NE -tem a maior disparidade de renda do país.
Quando a história se repete ciclicamente, esta torna-se tragédia e farsa como "novidade". No momento, o BNDES insiste em abrir seus cofres para os investidores amigos. Seja no absurdo de não financiar a Furnas nas compras de hidrelétricas, seja no absurdo ainda maior de bancar do bolso do contribuinte hotéis de luxo subsidiados.
A conta eleitoral das duas famílias que coligadas dominam a política local, os Alves e os Maias, engorda indiretamente com essas manobras. Patrimonialismo é pouco para definir conceitualmente esta situação.