Enquanto o CitiBank e a Merrill Lynch tem prejuízos seguidos, fruto de mais uma aventura financeira do capitalismo sem lastro, o Brasil paga o preço pela falta de regulação dos grandes operadores econômicos. Neste país, as transnacionais deitam e rolam e Daniel Dantas faz o que quer. Mais uma vez ficam os dilemas políticos. Diante de tal confusão, este analista quer propor seu quinhão opinativo na encruzilhada entre a razão de sobrevivência no curto prazo e as possibilidades reais de longo prazo. Tendo como fundo musical hipotético um ringtone pós-moderno, baixado em um também hipotético portal controlado por uma transnacional de telecomunicações, controlado por uma holding de balanços fraudulentos (tipo Enron), aí vão três questões que de tão óbvias, quase nenhum colega politólogo ousa fazer:
1) Ganhar as eleições ou assumir o poder? A vitória eleitoral não implica necessariamente o controle dos poderes de fato em um território soberano. Apara um projeto estratégico, não adianta ganhar na urna e não levar na vida real da maioria.
2) Existem condições de exercício de poder sem romper com o modelão macro-econômico? Não, não existem condições de exercício de poder com um mínimo de iniciativa sem romper com o constrangimento estrutural. Minimamente pelo menos. Exemplo: Kirchner pagou a dívida com o FMI, mas antes abateu um bom pedaço. Ganhou com pouco mais de 22% de apoio e fez da esposa sua sucessora com ampla margem.
3) É inevitável a política de alianças para garantir a “governabilidade”? Sim, se a compreensão de governabilidade tiver como pano de fundo a falsa premissa de “equilíbrio”, é necessário chamar uma parcela dos ex-governantes para manter o estatuto de permanência como superior da alternância. Ou seja, a concorrência entre forças políticas tem ser pouco ou nada concorrencial para manter a “responsabilidade” perante os arranjos acordados antes das eleições.
Obs: Estas perguntas valem como crítica para Lula em seu primeiro mandato; já no segundo, é apenas constatação.