O artista plástico Alvaro Oyarzún organiza seu trabalho de forma bastante fragmentada. Formatos, assuntos e técnicas variados, que se dispersam e se acumulam na parede. Sua obra acaba por desconstruir a polaridade da pintura: superfície e representação. No entanto denota uma investigação rigorosa referente ao meio pictórico. Disseca seus diferentes aspectos. O gesto, a cor, a narração, o retrato, o desenho e, inclusive, a fotografia.
Em sua proximidade as pequenas histórias que ele cria e os cruzamentos entre elas articulam diminutos lotes que se ligam e formam um jogo com todo o seu material. Com as circunstâncias que ele propõe se abre a possibilidade tradicional para ser uma pintura, mas não é. Oyarzún faz um exame, como uma operação, da experiência humana. Percorre uma caminhada sem riscos pelos estilos e desta história do ficcional constrói seu trabalho.
Sua obra aparenta ser um anedotário, uma espécie de reinvenção do artístico banalizado. Um caderno de anotações, cheio de referências que podem passar pelas mais simplórias atividades humanas até as complexas relações entre o homem e as grandes demandas da humanidade. O humor de Oyarzún consiste supor esta alternativa errática e ingênua, produzindo um efeito geral da confusão no receptor onde a capacidade da arte gerar o sentido é hoje ironizada pelo relaxamento e pela distração da pintura como o lugar comum.
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Revisão, Bruno Lima Rocha
Nota escrita por Daniela Soares, colaboradora desta página e editora de trecos&trapos.