Vamos começar a reproduzir ao longo da semana, trechos dos documentos finais da Assembléia Popular Nacional, cujos trabalhos terminaram ontem em Brasília. Nos documentos originais estão os conceitos-chave de construção política desses militantes de base. Os números realmente são impressionantes, totalizando mais de 8000 delegados de base, tirados em plenárias distritais, depois municipais e destas para as estaduais.
A crítica vai para a falta de punch, falta pegada, peso no soco, devido a posição dúbia em relação ao governo Lula. Conceitualmente, é inviável e indefensável a classificação de governo em disputa. Ainda assim, o esforço social desta iniciativa pode abrir caminho para um novo consenso. Uma forma de expressão de poder político cujo controle social seja efetivo, o chamado Poder Popular.
O trecho selecionado do documento de hoje é o seguinte:
“ Carta da Assembléia Popular – Mutirão pelo Brasil que queremos, doc. Final
A situação brasileira não é diferente. Um por cento da população controla e dispõe de 13% da renda nacional — a mesma quantia com que sobrevive a metade de toda a população! Um por cento dos proprietários rurais concentra mais de 46% das terras agricultáveis. Nas cidades, 1% dos proprietários controlam mais da metade dos lotes, enquanto milhares de pessoas são perseguidas por lutarem por um espaço para viver. Ainda existe considerável quantidade de não alfabetizados no Brasil e menos de 8% dos estudantes chegam às universidades, sendo que a maioria vem das escolas particulares. O programa “Universidade para Todos” retira recursos que deveriam ir para universidades públicas e os destina a universidades privadas. A Fome é uma vergonhosa realidade em um país que tem capacidade de gerar alimentos para todos e todas. O desemprego, o subemprego e a informalidade são alarmantes. Milhões de pessoas, sobretudo jovens e aquelas com mais de 40 anos, vivem sem garantias, desprotegidas pelo Estado e lançadas à própria sorte. O transporte público está à mercê da lógica mercantil e privatista. O acesso à saúde e a educação de qualidade está restrito a poucos, por falta de investimentos públicos, enquanto assistimos fortunas vazarem pelo ralo dos encargos da dívida e da corrupção. “