É provável que na quarta-feira dia 3 de outubro seja assinada a Medida Provisória da TV “Pública”. Se não for agora, é para breve. Encabeçam os eleitos do ministro da Secom Franklin Martins os jornalistas Orlando Senna (diretor-executivo), Helena Chagas (diretora de jornalismo) e Tereza Cruvinel (presidente TV Pública). Interessante observar como as medidas de Lula e Martins são fontes de conflito dentro de ambos campos.
É uma argumentação a ser desenvolvida. Lênin implementou o NEP chamando a Fiat para estruturar a linha de produção fabril. Em suma, adeus poder do povo e pelo povo. Nas várias entidades de defesa da democracia na comunicação, a TV pública é sonhada de forma descentralizada e sob controle popuar. Como dizia o samba de Clementina: “sonho meu, sonho meu, vai buscar quem mora longe, sonho meu!”
Franklin Martins foi buscar quem morava ao lado, vizinhas e vizinhos de mesa e computador. Chama os parceiros de redação, alguns que ousaram pensar por dentro mas com pontos de vista um pouco mais crítico ou que difira do pensamento único neoliberal. São os eleitos de muito poucos para gerir a TV do Estado. Percebam, por ESQUERDA a TV Pública apanha pelo seu centralismo e oficialização. Por DIREITA a TV essa apanha por ser estatal, e vir a canalizar parte dos recursos da Secom, da ordem de R$ 1 bi e 200 milhões ao ano. Na cabeça de um jornalista, homem de redação, capaz e competente dentro das paredes, sabedor das limitações da indústria midiática, Martins negocia dentro do possível sem romper com nenhum dos atores gravitantes. Imagem e postura dissonante, somente a do Grupo Naspers-Civita, contando com escribas auto-dotados do encargo de algozes do atraso.
Nada disso é novidade. Os melhores quadros da direita são renovados com pessoas oriundas na esquerda. A tradição brasileira na transição do impresso-rádio para a TV tem na figura do ex-militante do PCB Carlos Lacerda a sua figura de maior envergadura. No caso brasileiro, outra figura desponta na transição de posturas. Ex-fundador do Pasquim, Rato que rugia alto para Médici, Orlando e Ernesto Geisel e cia., Paulo Francis transitou de campos e travestiu-se de um personagem.
No momento, Diogo Mainardi substitui a Francis no ataque à “esquerda”. Sua peleia é na interna de seu campo, o jornalístico. Não é exagero afirmar que é Mccarthismo tupiniquim. É algo à moda “mar de lama” e “ditador”, como o jagunço Chateaubriand chamava Getúlio. Infelizmente, esta falsa polêmica continuará a polarizar os leitores e fazedores de mídia contra hegemônica desse país.
Nota originalmente publicada no portal de Claudemir Pereira