Infelizmente, nada do que ocorre no Rio de Janeiro é necessariamente uma novidade. Talvez o seja em escala, e também nos métodos de emprego. Aquilo que o CV influenciara a formação do PCC, agora aos poucos incorpora parte da forma de agir do Partido em relação ao Comando.
Tem mais. A presença de policiais no mundo da bandidagem do Rio é tão antiga quanto da própria policia. Seja nas maltas de capoeiragem, boa parte delas manipulada por comissários de polícia imperial ou políticos da então capital, seja na própria Guarda Negra, com o absurdo de uma falange anti-abolicionista e pró-Império, arregimentada pelo Conde D’Eu, ele mesmo dono de mega-cortiço.
O argumento de fundo não é histórico, mas de lógica sistêmica do Rio. Não há o menor interesse em cessar o controle ou co-controle de áreas de favela e periferia por arte de forças mais ou menos paralela. É mais barato para o Estado, para as duas polícias, para os que sempre lucraram com os altíssimos níveis de violência, liberar parcialmente algumas áreas de controle. É certo que existe alguma rebeldia popular, mas muito pouco canalizada para temas de ordem coletiva.
As tais milícias, seria melhor aplicar o termo para-militares. São paracos, tal e qual na Colômbia. Primeiro eram militares retirados, matones, guarda-costas, jagunços. Depois, se cria uma indústria própria, assim como as firmas de segurança, boa parte delas de propriedade de esposas de coronéis da PM, arregimentando seus subordinados para trabalhar na área.
O mais difícil agora é separar o joio do trigo. Após 8 anos de anti-política de segurança, a coisa ficou feia. Tão feia que descambou ainda mais para a direita. E a população que se vire, sendo jogada como bola de vôley no jogo de empurra das “autoridades” que não mandam e que mais ninguém obedece.