Amanhã, dentro de poucas horas, estará definido-se parte do destino próximo da Bolívia. Este país terá eleições presidenciais, onde não somente será decidido quem ocupará a função de primeiro mandatário, assim como revela-se para a América Latina um futuro e perspectiva de país.
O cocalero Evo Morales, concorre pela maioria indígena, a miscigenação chola e uma idéia ancestral de nação. Também concorre pelo altiplano e as serras, enquanto o empresário Jorge Tuto Quiroga, correndo em nome de Santa Cruz e da "nação" camba.
Trata-se de uma disputa muito maior, onde também se gesta uma 3a. posição, vindo do apoio tático da central operária COB, da central regional de El Alto, das coordenações em defesa da água e do gás e outros movimentos populares mais.
Sabemos todos que o Departamento de Estado têm olhos e garras voltadas para este pleito. O problema está no 2o. turno, uma vez não atingindo uma maioria no 1o. turno, o pleito decide-se no colégio eleitoral. Deixemos os números e porcentuais para o pessoal da "engenharia institucionalista". Não que estes não sejam importantes, muito pelo contrário. Mas análise eleitoral é a ponta do problema, é apenas o problema visível e irradiável pelas mídias.
Bolívia joga um papel estratégico como Estado de ligação - e não tampão como foi uma das arquiteturas do Uruguai - entre o Cone Sul, a América Andina e a Amazônia Legal. Farta de recursos naturais, também é o país mais pobre de América. Interesses imperialistas, sub-imperialistas e populares estão em jogo.
O 1o. turno será amanhã. O 2o. no colégio eleitoral e o 3o. em 90 dias. Sim, embora pouco comentado pelos "colegas" de análise, tal e qual na posse de Mesa foi-lhe dado um prazo de 120 dias e um ultimato faltando 15, o mesmo já foi declarado para Morales. Se ganhar, e deve ganhar e levar, terá 90 dias para começar o implemento de seu programa. Caso contrário, uma instância conformando-se em duplo poder começa a tomar as ruas e estradas novamente.
Sina da via eleitoral, tomará pau por esquerda das willampas tremulantes e por direita, daoligarquia empresarial cruceña.
Talvez este seja o fenômeno de políticas populares mais interessantes da latino-américa contemporânea.