18 de julho de 2013, Bruno Lima Rocha
O dia nacional de luta, convocado para a quinta, 11 de julho, apresentou de forma tardia a presença das centrais sindicais nas jornadas do mês anterior. Particularmente, esperava uma fraca convocatória, e assim foi. Se compararmos capacidades de mobilização, as coordenações pelo transporte público (como os MPLs e o Bloco de Luta) tiveram um apelo dezenas de vezes superiores ao das burocracias à frente de sindicatos. De nada adiantou o Planalto convocar as “lideranças responsáveis”, porque a legitimidade de quem convoca a luta pelo Passe Livre é infinitamente maior que os sindicalistas de carreira. Estamos diante de um modelo esgotado.
Não poder mobilizar quem está no mundo do trabalho é o efeito perverso da visível melhoria nas condições de vida, mas que não foi acompanhado de sindicalização massiva, engajamento político e consciência de classe. O conceito de classe social é nevrálgico para o sindicalismo. Este organiza os setores e categorias do mundo do trabalho, apontando para o antagonismo na sociedade. Como esperar sentido coletivo classista se a maior parte dos dirigentes das centrais e federações há mais de dez anos convive no pacto social através da tal da governabilidade?
Embora os rumos do sindicalismo brasileiro estejam complicados, nem tudo está perdido. O que foi tragicamente atirado pelo ralo é a legitimação dos chamados sindicalistas autênticos, encabeçando o então novo sindicalismo no final da década de ’70. A CUT é fruto das lutas do ABC, confrontando-se com os pelegos do sistema federativo, então apoiados pelos partidos stalinistas. No início do século XXI, durante o primeiro mandato de Lula, pelegos e ex-autênticos se fizeram parceiros nos ministérios, sendo que a pasta do Trabalho e Emprego há muito está com o PDT e Força Sindical. A criação da CTB não se deu por uma tese defendida na luta sindical, mas apenas pelo arranjo político-partidário de PSB e PC do B. Se nas legendas da ex-esquerda está complicado, das centrais que estão à direita da Força some resta lamentar.
A rara exceção sindical, à esquerda, está no acionar de Conlutas e Intersindical (as duas). Infelizmente, a ação legítima não se reflete em unidade sindical, ainda deixando muito espaço de manobra para o governismo. Não adianta mais esconder o óbvio. O sindicalismo brasileiro precisa ser reinventado, afastando-se do modelo oficial de correia de transmissão dos partidos eleitorais, fazendo escola para a politicagem. Do contrário, mais fiascos como o de 11 de julho virão.
Artigo originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat