Bruno Lima Rocha
4ª, 02 de julho de 2008; Vila Setembrina da capital esquecida do Rio Grande antigo; Continente dos bravos do cacique Bagé; Liga Federal Artiguista
No Rio Grande a agenda política foi da corrupção estrutural para a ameaça do MST ao Estado de Direito. Na 5ª 26 de junho, o Programa Frente a Frente (TVE-RS) expôs o pensamento de um promotor que defende a dissolução do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Gilberto Thums é o autor do voto-relatório, aprovado por unanimidade em reunião “de caráter confidencial” do Conselho Superior do Ministério Público do RS, realizada em 3 de dezembro de 2007. O relatório se apóia no “trabalho de inteligência” feito por dois promotores durante seis meses. Ali se constatava os vínculos com as FARC e o treinamento de guerrilha. Simultaneamente em 2007 a Polícia Federal investigou o movimento e concluiu o contrário.
Thums aponta em seu trabalho (16315-09-00/07-9) alguns encaminhamentos: desconstituição do MST como “movimento legítimo de reivindicação (Fls. 107); declarando-o ilegal e quebrando o vínculo com a Via Campesina e sua legitimidade em negociar com o poder público (Fls. 108-109); apontar uma equipe de promotores para promover uma Ação Civil Pública com vistas a executar as indicações acima, não havendo necessidade de investigar além do que foi apurado (Fls.110). O “segredo” acabou em 16 de junho, no auge da crise política, quando uma petição de 20 laudas contra o MST chega ao juiz da comarca de Carazinho e é despachada no mesmo dia. Anexados como provas para a denúncia, constavam o trabalho de Thums e um relatório do serviço reservado da Brigada Militar.
Esta “guerra fria” foi apontada pela editora de Opinião do Valor Econômico. Segundo Maria Inês Nassif, “O MPE aciona a Justiça usando um discurso ideológico; um juiz decide em favor da preleção dos promotores; a Brigada militar responde prontamente às ordens judiciais”. De sua parte, Gilberto Thums na entrevista televisiva elogiara a governadora Yeda Crusius, dizendo que “ela não prevarica, nunca desautoriza uma ordem da Justiça”.
No jogo real da política, a luta pelo controle da pauta define onde é o alvo da vez.
Este artigo foi originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat