O debate de domingo último rendeu laudas sem fim de análise de desempenho dos concorrentes. Entrei na roda e escrevi uma análise substantiva da capacidade de compreensão pública, do grande público me refiro, do debate em si. O tema é recorrente na ciência política contemporânea, especificamente em suas versões mais neo-neo. Isto é, neoinstitucionalista e neoliberal. Não, não é palavrão, é conceito mesmo.
Voltando ao debate, a análise substantiva não é o fato de haver debate em si, mas o que e como é debatido. Tampouco se trata de falsa polêmica, a respeito se as instituições importam? Instituições importam sim, e muito, mas o debate de uma democracia limitada implica a venda casada de uma institucionalidade de participação limitada. Assim, com pouca compreensão, pouco controle e eis a conta do chá da pouca democracia.
É óbvio que o ideológico não é nível de análise, mas esfera determinante, interdependente, estrutural e estruturante. E, assim sendo, se está escondido, escamoteado, vem embutido. É como nas análises superficiais, as premissas vêm embutidas. Na política, como nas fábricas de embutidos, vale a máxima da salsicharia inglesa. Não vejam como é fabricado senão tomam nojo e deixam de consumir.
Se e caso vivêssemos um ambiente político de maior contundência, a explicitação da falta de diferença substantiva entre Chuchu e Lula, apontaria a falta de opções do eleitorado. Não havendo remédio, remediado está, pois isso poderia ser a luz no fim do túnel sem fim da democracia limitada.
Falando em redundância, José Serra, grande derrotado em 2002, novamente derrotado por Geraldo Alckmin na interna tucana, pode ser o vitorioso no Planalto. O 2º mandato de FHC, mandato de ausência de governo proativo, teve em Serra seu grande crítico interno. Na era midiática e paulistocentrada, haveria de se fazer um diálogo econômico entre Delfim Netto e José Serra. Ia dar em capa da Carta Capital, e terminar em comício de Lula.
Se isto não é choque de paradigmas, então o que é?!