Curiosa a balança que rege a grande mídia na província e no Brasil. Com maior rigor, diria em todo o mundo ocidental, onde perpassa o mito da liberdade de imprensa. Voltando ao pago, na crise do eucalipto e degola de Vera Callegaro e cia., abundaram neologismos e eufemismos. O que escondem estas palavras vazias de sentido? Justamente o sentido das palavras em si.
Nas pajadas de Jayme Caetano Braun, cada palavra é um coice ou um talonaço. Nas linhas da grande mídia (mediana em termos nacionais), cada palavra termina sendo como um banho de espuma. Pensam que exagero? Então pergunto aos sábios letristas o significado de termos como:
“flexibilização das leis trabalhistas”
“modernização da relação capital-trabalho”
“agilização das licenças ambientais”
Gerando eco, repetida mil vezes, uma versão suspeita torna-se uma mentira aceitável. Trabalhando a partir da premissa de “idéia pensável” (conceito de Noam Chomsky), os formadores de opinião terminam por escamotear a verdade, ao menos aquilo que é factível de prova.
Assim, rasga-se o código ambiental e isso “agiliza” licenças. Uma transnacional cogita publicamente de passar suas propriedades compradas em zona de fronteira, algo inconstitucional, para pessoas físicas de sua confiança e isso é tido como uma “saída racional” para “flexibilizar a lei”. Ocorresse em um escritório localizado em edifício antigo no Centro de Porto Alegre e lá estaria uma câmara oculta fazendo uma “reportagem investigativa”. Desse jeito, laranja vira “investidor oculto”, dano ao meio ambiente torna-se “o inexorável caminho do progresso do Rio Grande”. No final das contas, quase a metade da farra é financiada com o dinheiro do BNDES.
Lembrando o mestre Jayme Caetano, numa simples estrofe, direta e contundente:
“são sempre os mesmos
cadenciando a dança
falando em pátria
pra enganar o povo!”
Nota originalmente publicada no portal de Claudemir Pereira