Encontrando-me em Maceió a trabalho cumpri o ritual de toda cidade e estado que visito. De cara, escutei ao longo dos dois primeiros dias todas as rádios AM e aos jornais que se encontra em banca. A imagem que é passada para uma mirada com alguns outonos no trecho é a de um Estado em quase decomposição e de uma rebeldia social latente.
A respeito das dificuldades e aberrações do estado de Alagoas, digo, no seu funcionamento interno, o tema é pauta do artigo semanal no Noblat. Ressalto então as virtudes de uma situação de um povo em rebeldia, ainda que pontual e fragmentada.
Pela manhã desta terça-feira escutava uma das emissoras de ondas médias desta capital e perto das 9 horas, com toda naturalidade do mundo, o locutor anuncia:
“Rebelião no bairro de Jacintinho. População revoltada com a falta d’água tranca a Avenida...”.
Curiosa é a tonalidade e o timbre da narração. Quem conhece comunicação e rádio em específico sabe a importância do ritmo e da inflexão. Ao narrar o ato de rebeldia do povo morador de um dos bairros mais corriqueiros da cidade, o comunicador radiofônico afirma ser esta modalidade de protesto social como algo corriqueiro.
Somadas as categorias de servidores estaduais em greve, incluindo funcionários da saúde e policiais civis, pode-se antever o tamanho do problema. Entendam, não vejo isto necessariamente como um problema, mas sim uma possibilidade de solução no longo prazo.