Segundo o jornal Valor Econômico, o presidente do Senado, Renan Calheiros, esteve
duas vezes no Palácio do Planalto na semana passada. O tema permanente foi a distensão da crise, em troca de liberação orçamentária. Vejamos os números e as negociações entre Renan e Lula:
1 - A retirada da Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) que o governo
moveu no Supremo Tribunal Federal para derrubar lei que determina um
aumento de 15% nos salários dos servidores do Senado, Câmara e Tribunal de
Contas da União, uma conta estimada em R$ 563,4 milhões, em 2006.
2 - O pagamento de R$ 900 milhões prometidos aos Estados exportadores a
título de compensação prevista na Lei Kandir.
3 - O compromisso do presidente em não vetar as isenções e benefícios
incluídos pelo Congresso na "MP do Bem".
4 - Não vetar o item que permite aos municípios renegociar suas dívidas com
o INSS.
5 - A liberação de emendas parlamentares prometidas.
Em termos clássicos da ciência política, este é o falado pork barrel, que é em sentido literal, a disputa entre os porcos para ver quem come mais lavagem (comida de suíno) no coxo. Assim, o Senado negocia, através de sua liderança, um “pequeno” gasto cujo montante totaliza mais de R$ 2 bilhões de reais. Chantageia o Planalto, que por sinal chantageia o Congresso através de seu STF menemista. A barganha de fundo é o item 5, como sempre.
O Senado Romano no período de Júlio César fazia exigências parecidas. Os tribunos da plebe a utilizavam como massa de manobra para resolver as conspirações palacianas. Quem sempre sofria eram as finanças do Império, atendendo as exigências de províncias romanas onde os Senadores tinham posses, terras e Legiões leais aos seus mandos. A estrutura de república oligárquica pouco ou nada muda em mais de 2000 anos.