Bruno Lima Rocha
4ª, 29 de outubro de 2008, Vila Setembrina dos Farrapos, Continente de São Sepé, Liga Federal
As eleições municipais gaúchas apontam dois vitoriosos e um novo mapa metropolitano. Os chefes políticos ganhadores foram o ministro da Justiça Tarso Genro (PT) e o senador Pedro Simon (PMDB). O grupo de Tarso venceu em Canoas, a terceira maior cidade do estado. Para conquistar a vitória de Jairo Jorge, o PT abriu o leque das alianças. Chegou ao ponto de compor chapa tendo o PP como vice. Venceram, abriu-se a porteira e a experiência pode vir a se repetir.
Já Simon saiu triunfante como estrategista político por dois motivos. Primeiro, se ratifica como a maior liderança do “seu MDB”. Isso porque a outra referência para todo o estado, o deputado federal Eliseu Padilha, está de perfil baixo por ser um dos investigados na Operação Solidária. Segundo, tirou José Fogaça do PPS trazendo-o de volta para sua legenda de origem. Com isso, desestruturou a base do grupo vinculado ao ex-governador Antônio Britto, ganhou a prefeitura de Porto Alegre e abriu a cancha para o Piratini em 2010.
A vitória destas lideranças veio acompanhada de duas novidades. O PMDB jamais havia ganhado a eleição para a prefeitura de Porto Alegre. Ao lado, na Região Metropolitana (eixo BR-116/Vale dos Sinos) o PT venceu nas cidades de Canoas, Sapucaia, Esteio, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Sapiranga. Estou me referindo a um universo de 773.912 eleitores que se bem trabalhados, podem contrabalançar os votos que o partido de Maria do Rosário vem perdendo na capital. Para dar uma idéia comparativa da dimensão deste eixo metropolitano, Porto Alegre tem um colégio de 1.033.885 eleitores e Caxias do Sul, a segunda cidade, tem 295.264 votantes. Ganhar aí reforça muito a posição de Tarso Genro para concorrer ao governo do estado.
Do lado do PMDB a dimensão é outra. Junto com o PP forma a espinha dorsal da política gaúcha. Respectivamente, estes partidos governam 143 e 147 municípios. A diferença está na gravitação, pois a legenda de Simon governa cidades maiores. Se conseguirem indicar um candidato competitivo, as pré-condições para a corrida estadual de 2010 estão dadas. Já no domingo se conjecturava o nome do próprio José Fogaça para o Piratini. E, por mais que o prefeito reeleito negue, nenhum analista sensato pode descartar essa possibilidade.
Este artigo foi originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat.