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Eleições presidenciais brasileiras e as mazelas deste processo democrático

charente

Na ausência de plena capacidade de participação e crítica, a democracia representativa acaba se tornando um ritual onde os que decidem pouco percebem sobre o que estão decidindo.

Bruno Lima Rocha, 28 de agosto de 2014

 

No meio da corrida eleitoral de 1º turno, onde a 7ª economia do mundo vai decidir seu destino consultando a vontade e desinformação da 79ª sociedade mundial em índice de IDH, é preciso fazer uma série de reflexões. Para tal, precisamos ir além da denúncia do esvaziamento da democracia em sua versão liberal e indireta. Entendo que vivemos um problema estruturante, que tem relação direta com dois fenômenos. O primeiro passa pela individualização do cotidiano, com tarefas que se multiplicam e tempos esgotados. O capitalismo em sua era informacional não dá tempo hábil para a vida coletiva e menos ainda para as experiências políticas massivas. Quando isto ocorre, temos uma “crise”, como em junho de 2013. Saudável “crise” por sinal. 

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O segundo se aplica no descolamento do processo eleitoral em relação ao processo político. A escolha massiva de governantes, em especial dos concorrentes para o Poder Executivo, é atravessada pela linguagem publicitária, passando longe da propaganda política, anos luz das grandes ideologias e universos de distância das realizações de governo ou proposição de políticas públicas. Má notícia. Estes dois fenômenos não são fruto da infeliz democracia publicitária brasileira e sim um padrão no mundo ocidental, onde as democracias liberais, indiretas, não deliberativas e com tendências oligárquicas esgotam sua capacidade de representar as vontades de maiorias que decidem sem sequer saber ao certo sobre o que estão decidindo.

 

O descolamento eleitoral é simples de ser observado. Em alguns testes – não científicos, sem variáveis de controle – venho observando o seguinte processo, usando como ponto de debate a corrida eleitoral para a Presidência em 2014.

 

Se admitirmos como válidos os critérios sócio-econômicos do IBGE, indivíduos das classes C e D estariam propensos a votar em Marina, ainda que não consigam definir uma política de governo com a qual ela se comprometera. A medição dos candidatos se dá, majoritariamente, através de efeitos midiáticos, sendo que a maioria não entende o funcionamento do Estado brasileiro e menos ainda o peso da dívida pública, ainda que esta pauta tenha sido ressaltada no debate televisivo inicial (na Rede Bandeirantes, na 3ª dia 26/08/2014). Assim, as primeiras impressões definem mais as escolhas do voto do que qualquer análise mais racional dos benefícios advindos através do lulismo e seu governo de conciliação de classes e jogo do ganha-ganha. A fórmula é simples. Um ponto de variação da Taxa Selic implica em um ano de gastos do Bolsa Família. Ainda assim, nada indica a fidelização de votos dos beneficiados pelas tímidas políticas sociais do lulismo.

 

Já nas classes A e B, ao menos onde circula um bom nível de informação e o alinhamento tanto com o Ocidente como com o pensamento neoliberal mais duro não são tão evidentes, a tendência é vir a votar em Dilma pela  lógica da sequência da projeção do Estado brasileiro e das políticas públicas abrangendo tanto os empreendimentos como as políticas sociais. Parece que o Aécio só ganha – segundo o tracking do Ibope - com gente com renda acima de 5 salários mínimos. Trata-se de oposição classista (do andar de cima e ideológica), assim a esperança dos tucanos que não são tão vinculados a um comportamento de tradição udenista migra para a chance de vitória com Marina.

 

Como o que vale é a regra de campanha, a presidente de fato é simbolicamente frágil. Dilma fala mal, se expressa mal e tem dicção truncada. É um péssimo produto televisivo e uma boa operadora de governo. Sem o Lula empurrando e com algum esgotamento do modelo brasileiro de crescimento, pode emperrar no 2o turno. Quanto ao PSDB, entendo que José Serra e Alckmin estão puxando votos para Marina, esvaziando a campanha do Aécio. Mas, pode ser que Marina não surfe nesta onda positiva por mais 30 dias e chegue com algum desgaste nas eleições (o caso do avião de Campos e o grupo de assessores diretos de campanha, com a Natura e o Grupo Itaú ao seu redor).

 

Se houvesse algum tipo de racionalidade neste processo, duas constatações óbvias seriam consenso. A primeira afirma ser a centro-esquerda a melhor gestora do capitalismo (e isso não é um elogio ou uma apreciação). A segunda constatação afirma que qualquer proposta de esquerda e democrática, deveria passar cada vez mais longe das urnas e sim na luta direta por direitos e formas democráticas deliberativas.

 






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