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A Copa do Mundo e o poder de agendamento – 2


Os brasileiros odeiam a FIFA e compreendem o modus operandi de suas articulações globais.

No artigo anterior desta série abordei as relações evidentes entre futebol e política eleitoral. Neste texto, observamos o agendamento do evento anunciado superando a capacidade da ação de massas e as convocatórias de protestos através dos Comitês Populares da Copa e grupos afins.

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Todo analista deve expor seus pressupostos e não confundir os desejos com a sociedade concreta analisada. Assim, reconheço ter tido maior expectativa em relação aos atos de rua logo ao fim do verão, prevendo um ápice por meados de maio e adentrando no calendário da Copa do Mundo. Tal não aconteceu por algumas razões, as quais elenco três. Inicio com o processo de criminalização dos organizadores e ativistas, reforçado com o espetáculo de pirotecnia midiática advindo com a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes no Rio, antes do carnaval.

Como uma parte das forças à esquerda que organizavam os atos tinham (e têm) interesses eleitorais, o decréscimo na convocatória veio junto da opção tática de retirar-se da cena oportunamente. Após o ato do MPL em São Paulo, já durante o torneio da FIFA, tal escolha tornou-se linha nacional e verticalmente vem sendo seguida.

A segunda razão é a ausência de reivindicação concreta e possibilidade de conquistas imediatas. Por mais que tenha havido um nefasto intento de “seqüestrar a pauta” ao final de junho de 2013, a vitória do não aumento da passagem em algumas capitais de estado e conquistas como passe livre metropolitano foi o fruto da massificação da luta pelo direito à cidade. Trata-se do modelo brasileiro de fazer política.

O texto legal do Estatuto das Cidades é o acúmulo de duas décadas de movimentos sociais urbanos liderados na luta pela moradia e condições de vida. Uma vez posto no papel, os direitos materializam-se quase que na marra, forçando a agenda dos dirigentes e diminuindo a margem de lucro dos concessionários. Agora, com a bola rolando, as remoções de famílias e desmandos da Lei Geral da Copa não foram suficientes para levar multidões às ruas.

A terceira e última é a mais óbvia. Os brasileiros odeiam a FIFA e compreendem o modus operandi de suas articulações globais. Mas, a massa ausente dos estádios tem no futebol uma parte fundamental de sua cultura popular, atravessando a pirâmide social e forjando a identidade nacional. Com a ausência de sentido comum, somada com o abuso do aparato repressivo, a maioria dos brasileiros talvez expresse sua capacidade de mobilização para depois da Copa e antes do início da campanha eleitoral.

Artigo originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat.






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