11 de junho de 2013, Bruno Lima Rocha
Ao se concretizar, a nova unidade comercial da América Latina (AL) se aproxima perigosamente em termos populacionais e de Produto Interno Bruto (PIB) do conjunto do MERCOSUL. A partir de 30 de junho de 2013, após as respectivas aprovações dos parlamentos de México, Peru, Colômbia e Chile, entra em vigor o novo bloco comercial equivalente a 36% da população do subcontinente (209 milhões de habitantes) e um PIB aproximado de USd 2 trilhões. Já o bloco econômico liderado pelo Brasil, e com pretensões políticas, desenvolvimento e defesa comuns tem ao redor de 270 milhões e PIB em torno de USd 2,7 trilhões.
A chamada Aliança do Pacífico é um corredor de tráfego para produtos com isenção tarifária e mirando não apenas os respectivos mercados de México, Peru, Colômbia e Chile, mas também catapultar os Tratados de Livres Comércios (TLCs) já existentes entre tais países e o EUA, além de operar como plataforma de exportação de commodities agrícolas para a costa pacífica da Ásia, especificamente a China.
Todo estudo de análise latino-americana compreende algumas condições de partida. Uma é a condição inequívoca de liderança brasileira, geralmente exercendo uma gravitação sobre os vizinhos e demais países da AL. Segundo, ao entrarmos em uma escala de comparações possíveis, geralmente os países estudados são Brasil, México e Argentina, nesta ordem de grandeza e relevância. Terceiro, ao operar na prática como satélite dos EUA, o Estado mexicano segue atuando ainda na lógica pós-NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte) onde se inclui um famigerado Plano Puebla-Panamá, que seria de integração da América Central e México, ambos como reprodutores da lógica das maquiladoras.
Ao posicionar em blocos opostos Brasil e México, este último como reprodutor absoluto das relações carnais com o Departamento de Estado e o Comando Sul, a rivalidade entre blocos latino-americanos favorece a presença e gravitação do Império na AL. O MERCOSUL embora patine, é dotado de concepção estratégica, aumentando a viabilidade para a existência real tanto da Unasul como do Banco do Sul. Já a chamada Aliança do Pacífico, materializa-se como uma grande área de livre comércio, aumentando em escala o modelo dos TLCs bi-laterais, sempre acompanhados da bandeira do livre-comércio a todo e qualquer custo.
A repercussão imediata do lançamento desta mescla complexa de economias cuja liquidez vem ou da presença de transnacionais em todos os setores (Chile), ou pelo fluxo incontrolável de capitais suspeitos (Colômbia, Peru e México), é proporcional a presença no Brasil, de um pensamento e um acionar dependente e neoliberal nos desenhos de política econômica de nossos países. Quem aplaude a nova aliança comercial, nem quer saber de desenvolvimento nacional, distribuição de renda ou projeto de país. Esta meta sinistra e nefasta é diagnosticada pelo neoliberalismo para toda AL, torcendo para que a nova aliança derrote qualquer projeto de integração de povos e não apenas de mercados.
Este texto foi escrito originalmente para o Jornalismo B – Política Internacional – 1ª quinzena de junho de 2013, página 7