Dando seqüência a algumas observações das obras aplicadas por aqui de Friedman e Hayek, nos deparamos com o elogio da Opção Chilena. De acordo com as premissas de Mont Pèlerin, a liberdade econômica deve estar acima da liberdade política. Assim, a venda casada de neoliberalismo econômico com liberalismo político (neoinstitucional) não é algo dado. O Chile de Pinochet é visto como exemplo pronto e acabado de “desenvolvimento econômico” sob um “baixo custo”.
Na segunda metade dos anos ’80, começou-se a aplicar para o Chile o conceito de “fascismo de mercado”. Senão chegou a tudo isso, foi quase. As bases econômicas da sociedade chilena foram entregues aos capitais transnacionais, que embora gerando superávit, não diminuiu as margens de pobreza extrema. O país, tutelado por forças armadas de inspiração prussiana, viu sua base nacional ser transnacionalizada na ponta de baionetas.
O golpe veio e “surpreendeu” o estado-maior do governo socialista. Não foi por falta de aviso, nem para o gabinete de Allende, nem tampouco para os “inoperantes” serviços de segurança cubanos a serviço da Unidad Popular.
O gabinete de Nixon tinha dois pilares como advisors, conselheiros-mor. O professor de Harvard Henry Kissinger e o professor e papa da Universidade de Chicago, Milton Friedman. O caso chileno virou um case de sucesso para ser aplicado mundo afora. Indo além das doutrinas de segurança, a venda-casada de tortura e proto-fascismo acompanhou a repressão com a desnacionalização da economia. O resultado é a liquidez sem fim, a economia sem lastro e a sociedade real e concreta fora de si.
O case de sucesso pode ser observado com as torturas e fuzilamentos do Estádio Nacional, com o tráfico de cocaína e lavagem de dinheiro promovido por Pinochet e Contreras, o uso da DINA tanto para matar, desaparecer como força operacional de uma máfia de trafico de armas, drogas e dinheiro líquido; e tudo isto para manter a ordem e a alegria das transnacionais que saquearam o país.
Se os Andes falassem, certamente promoveriam uma avalanche comemorativa pela ida ao encontro de Hitler, de Milton Friedman e Friedrich Hayek.