Embora esta página não tenha como missão análise esportiva e futebolística, fica impossível não entrarmos no assunto Copa do Mundo, dentro das 4 linhas. A tragédia de sábado foi o reflexo da gestão da seleção. Infelizmente, não há como culpar diretamente a Ricardo Teixeira, por mais que todos adoremos dar pau no cartola ex-operador da Bolsa de Valores. Dessa vez, foi a mentalidade tacanha e conservadora de Parreira que nos levou à desgraça consumada.
Para pasmo da nação, nossas estrelas não pareciam consternadas nem constrangidas. Se compararmos com o desespero dos alemães ao serem eliminados pela Itália, e mesmo a revolta dos hermanos ao perderem nos pênaltis para os anfitriões, a reação das estrelas foi murcha e apagada. Xôxa, como diria uma bisavó. Ganhando ou perdendo, contratos milionários estão assegurados, e ao que parece, isto basta.
Vivemos uma série de desgraças parecidas, como na tragédia histórica de 1982; na meia-boca do México em 1986, sob a batuta do Mestre Telê e a feitoria do jogador Nabi Abi Chedid; na atitude ridícula da Itália 1990, com gol de Caniggia e passe de Don Diego Armando, até a vitória sem sal nem gosto nos EUA. Deveríamos sempre ganhar ou perder como na Copa de 2002, isto dentro das 4 linhas. No banco estava o tão querido Felipão, que na vida em sociedade é tão conservador quanto Parreira e Zagallo, mas ao menos dentro de campo, parte pra cima e joga e vibra junto com sua equipe.
Parreira teve uma 1ª passagem melancólica pela seleção, perdendo a Copa América para o Uruguai em 1983. Voltou 10 anos depois, consagrando-se na Copa do Estados Unidos do beisebol, basquete de gueto, da versão yankee do rúgbi e do hóquei sobre o gelo. Nesta Copa, afirmou que o gol no futebol é um mero detalhe. Esquece-se o grande treinador, que assim como na vida, o jogo paródia do dia a dia, é ganho justo nos detalhes. Não é para culpar Roberto Carlos no gol de Henry, se perdem, perdem todos, especialmente aquele que escala errado e treina ainda pior.