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ISSN 0033-1983
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Rio – Medellín, só se for agora!


1983 foi o ano que Leonel Brizola tomou posse do governo do estado do Rio de Janeiro. Em 1984 é inaugurado o Sambódromo. O então PDT trabalhista abre alas para a bicheirada, herdeira de Chagas Freitas. Impossível não relacionar uma bandalha com a outra.



R$ 12 milhões do governo Central, mais R$ 5,2 milhões da prefeitura do Rio e outros R$ 4 milhões do governo do estado. Pelo visto, a prestação de contas vai sair no poste. Não há fatura nem discriminação de pagamento, sendo que os fundos saem dos cofres públicos direto para o caixinha da Banca do Bicho. Seria folclórico se não fosse trágico.

“Só se for agora!” é o bordão de Jorge Perlingeiro, apresentador de TV, à frente do Programa Samba de Primeira, espetáculo que de brega virou cult entre os “inteligentes” dos segundos cadernos da terra de Mariel Mariscot. Um dos homens de confiança de Aílton capitão da PE – bicheiro da zona norte Guimarães, o locutor narra as notas dos jurados do desfile em todas as 4as feira de cinzas.

A farra e o descontrole acompanham a hipocrisia de uma sociedade política convivendo tranqüila e calmamente com a delinqüência de alto nível. O patrocínio do evento, Carnaval do Rio 2008, tem o patrocínio da cervejaria Schincariol, a mesma que já foi devassada pela PF e a Receita, além da Petrobrás.

Beija Flor, a escola de samba de Nilópolis, ganhou cinco títulos em 6 anos. Na mesa da diretoria, um fantasma aparecia. Aniz (Anísio) Abraão David, todo poderoso homem forte da cidade da Baixada Fluminense, contraventor que fora preso pela PF, aparecia na frente das câmeras de todo o país.

O Departamento de Estado dos EUA tem a política de definir alguns Estados como estruturalmente corrompidos pelo crime organizado. Um deles, a Colômbia, cujo presidente Álvaro Uribe Vélez é vinculado às AUC, recebe quase tanta ajuda da maior potência militar do mundo como do narcotráfico. No país de García Márquez, 1 em cada 3 pesos circulantes vem do tráfico de drogas. A hipocrisia yankee não cabe mais em si tamanha a prepotência e as cabeçadas.

No Rio de Janeiro, o paradoxo é ao inverso. O Estado em seus três níveis de governo repassa recursos públicos direto para a máfia que controla o Bicho e toma à frente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). Não é possível que ninguém enxergue isso!

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