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A luta pelo controle do Centro de Porto Alegre


O centro da capital dos gaúchos é a caixa de ressonância da política e lutas urbanas na província.

3ª, 05 de junho de 2007, Vila Setembrina dos Farrapos, Continente de São Sepé

O Centro da capital gaúcha pode ser considerado o epicentro nervoso da Região Metropolitana. Por esta pequena área circulam por dia, ao redor de 500 mil pessoas. Assim, um em cada seis habitantes da Grande Porto Alegre está na região de segunda à sexta. Além da população circulante, temos um bairro , na verdade pelo menos dois, habitado pela classe média e por moradores pobres. Já passa de um ano o processo da chamada "revitalização", onde estão incluídas obras do Camelódromo aéreo , dos Portais da Cidade e da tombada área portuária . Mais do que um projeto arquitetônico, todo o tema inclui no marco do controle do espaço urbano e da pressão popular.

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O Camelódromo é um antigo sonho de alguns comerciantes e urbanistas. Implica na construção de um shopping popular aéreo, no terminal da Praça Rui Barbosa, onde os camelôs trabalhariam em boxes. Estes imóveis, construídos através de Parcerias Público-Privadas (PPPs), terão um custo fixo de, no mínimo, R$300,00 por mês e abarcarão a 10% da categoria dos ambulantes. Ou seja, dos mais de 4.000 camelôs do Centro, apenas 400, capitaneados pela Associação dos Artesãos da Rua da Praia, é que terão uma saída. Isto até o movimento cair, uma vez que o transeunte vai parar de circular, a não ser que caminhe por cima das passarelas para comprar os produtos de procedência desconhecida.

Os Portais da Cidade é um projeto também mais que polêmico, onde três estações de transbordo serão construídas, respectivamente no Largo Zumbi dos Palmares bairro Cidade Baixa, na Azenha , início do Centro-Sul e na Cairu, zona norte e coração do decadente 4º Distrito. Os passageiros vindos de outros pontos da capital e da Região Metropolitana desembarcariam nestes "Portais" e lá, antes de tomar a via expressa para o Centro, terão acesso a lojas de shoppings-centers. Para os comerciantes destes bairros, o problema é a queda no movimento. Aumenta também o custo de chegada no Centro da capital, e o lado positivo, pode ser a proibição de circular de carro no coração da cidade. Mais uma vez, a formula encabeçada por José Fortunati (secretário municipal de planejamento, PDT) e CézarBusatto (secretário municipal de governança local, PPS) é a das PPPs.

Porto Alegre tem dimensões e população equivalentes a Montevidéu, capital do Uruguai. Há poucos anos, começou um movimento de abertura de bares e locais culturais na Ciudad Vieja, zona central e retroportuária, coração financeiro do vecino hermano que é especializado como plataforma bancária. Antes, durante a ditadura militar, os bairros de origem negra, como Palermo e Barrio Sur, viram boa parte de seus moradores sendo transferidos para o projeto habitacional Cerro Norte, na zona oeste e afastada da capital uruguaia. Qualquer semelhança com a transferência dos bairros de predominância negra da Ilhota e Vila Dorotéa para a Restinga, no extremo-sul da cidade, não nenhuma coincidência.

É costume se afirmar que a cidade está de costas para o Rio, na verdade, o Lago Guaíba. O problema está no interesse anexado a esta afirmação. Para os padrões de "revitalização", tem de ser levada em conta à experiência de Puerto Madero , símbolo máximo da Era Menem em Buenos Aires . Reformaram armazéns e áreas de preservação histórica, rechearam de bares e restaurantes, incluindo até uma faculdade. Mas, a movimentação portuária e a população original da região, foram todas removidas.

Para o Rio Grande do Sul, é a caixa de ressonância política, em um estado com ares de autonomia e cuja Praça da Matriz congrega o Tribunal de Justiça, a Catedral metropolitana, o Parlamento e o Piratini, sede do Executivo. Segundo o senso de 2000, o Centro de Porto Alegre diariamente, teria o contingente de 5% dos conterrâneos, contingente este mobilizável e atingível. Não passa uma semana sem que algum ato ou protesto de categoria ou movimento ocorra nesta parte da cidade, e com eco para todo o estado.

A coisa toda é mais complexa do que parece, implicando uma série de interesses cruzados. O interesse da especulação imobiliária e construção civil , gordos investimentos em PPPs, tudo sendo aplicado nas instâncias de consulta direta mas sem capacidade resolutiva . Sendo que o pano de fundo é a concepção de urbanismo e de direito a cidade. Setores sociais e categorias perseguidas como catadores , trabalhadores portuários , camelôs, sem-tetos , população de rua e funcionários de escritórios e serviços serão atingidos. Isto sem falar nos sítios históricos da muito atacada memória da população negra da capital . Volto ao assunto em breve, tratando do tema do Porto da capital e dos catadores. E, sempre afirmando que sem concentração popular não há pressão viável, e sociedade alguma pode ser transformada.






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