No RS, a surpresa tônica mais uma vez foi o processo eleitoral em nosso estado. Mantendo a tradição de não reeleger governadores, o sentimento popular é de rejeição ao atual modelo. A mídia corporativa se vangloria vitoriosa na sua campanha contra o voto nulo. É bem verdade que os índices foram baixos para governador e presidente. Contudo, nos cargos parlamentares esses índices oscilaram de 15% a 25% em todo país.
O 2º turno no estado aponta para uma polarização que reflete a situação nacional. O PSDB de Yeda Crusius vai para a decisão, muito mais pelos erros “políticos” de Rigotto: ter ousado ser candidato a presidente, ter ficado em cima do muro com relação ao pleito nacional, as fraturas internas do PMDB, etc. Além disso, Yeda se beneficiou dos altos índices alcançados por Alckmin no estado, um voto que se caracteriza pelo apelo midiático envolvendo o governo Lula nos escândalos de corrupção.
O PT ganha fôlego no estado, mas respira por aparelhos. Olívio Dutra em seu discurso, logo após a eleição, enfatizou a necessidade de um estado que tenha mecanismos de controle público que vise ao bem comum e esteja ao serviço de todos. Falou da necessidade de construir um governo com protagonismo das pessoas, dos lutadores sociais e dos movimentos sociais. Além de um discurso mais comedido, ele reconheceu a necessidade da composição com outros partidos para o próximo pleito.
Jussara Cony já acena nas entrevistas em buscar alianças com a direita mais tradicional do RS, justo àquela ainda ancorada nas estatais e entes do Estado. O PP, cujo candidato Turra já declarara apoio individual para Yeda, defendia abertamente a manutenção da Corsan, CEEE e Banrisul estatais. O senador radialista Sérgio Zambiasi, base de apoio de Rigotto e Lula, ancorado no assistencialismo neo-pentecostal, é a meta dos dois grupos. Para ganhar do consórcio econômico-empresarial, Olívio terá de lavar ainda mais seu discurso e plataforma.