No ponto de vista da economia real do país, a compra do Grupo Ipiranga foi algo muito parecido com outras fusões já realizadas. No meio da operação anunciada em um domingo de tarde, se encontra o Estado brasileiro, balizando e refinanciando a concentração. Não é a toa que o ex-ministro de Médici Antônio Delfin Netto é base de apoio ao governo de Lula.
As cinco famílias controladoras até ontem da Petróleos Ipiranga, grupo econômico historicamente vinculado aos Bastos-Tellechea, posteriormente aos também de origem basca Ormazabal, além dos Gouvêa Vieira, Matos e Aguiar, saíram capitalizadas da operação. Já os mais de 2.000 operários especializados do Pólo Petroquímico de Triunfo/RS, com certeza não. A julgar pelo comportamento da Braskem S.A., controlada pela Odebrecht, estes empregos diretos estão ameaçados. Esta empresa, que é detentora de contratos oficiais por todo o país, incluindo o Buraco da Linha 4 do Metrô de São Paulo, também conta com verba direta da Petroquisa, braço petroquímico da empresa de economia mista chamada Petrobrás.
Na outra ponta, dividindo a distribuição do botim de derivados junto da BR Distribuidora, está o Grupo Ultra, detentora da marca Ultragaz. O assunto é de estratégia de desenvolvimento nacional, indo muito além das grandes jogadas financeiras. Por este prisma, a Petrobrás financia a concentração industrial em área sensível, ao invés de intentar transferir o controle para os funcionários da Petróleos Ipiranga.
As 5 famílias que controlavam o grupo saem capitalizadas, o país enfraquecido e a estatal do petróleo passando recibo de ser a máquina do capitalismo brasileiro financiado pelo Estado.