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PMDB, PT e as vísceras da política brasileira

Roberto Stuckert Filho / PR

A atual crise política na relação do Palácio do Planalto com o partido do vice-presidente Michel Temer não escapa do presidencialismo de coalizão.

12 de março de 2014, Bruno Lima Rocha

O presidencialismo de coalizão – ou a aliança de ocasião para assegurar a tal da governabilidade – sempre chega ao ápice em momentos de rearranjos de forças ou sucessão. A atual crise política na relação do Palácio do Planalto com o partido do vice-presidente Michel Temer não escapa disso. Embora a presidente Dilma Rousseff tenha declarado que “o PMDB só me traz alegria”, tais palavras não refletem os dados de realidade nem uma análise simples.

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A legenda do senador alagoano Renan Calheiros não é o mesmo partido do deputado federal fluminense Eduardo Cunha, embora formalmente seja. Trata-se de uma federação de oligarquias estaduais controlada por uma cúpula com origens na base política do regime militar e sua transição.

Em termos de propostas de governo ou posicionamento ideológico, Sarney e companhia não diferem dos que dele tanto reclamam. Estes têm a Cunha como cardeal porta-voz do famigerado baixo clero, artífice do blocão do Congresso, representando 242 deputados, equivalendo a 47% da Câmara espalhados entre PDT, PSC, PP, Pros, PMDB, PTB e PR. São contra o governo enquanto pleiteiam a maior barganha possível, baseados numa relação simples.

Ou o Planalto apóia sua “maioria” ou esta base bloqueia a pauta, trancando o parlamento. É o caso do Marco Civil da Internet e a urgente necessidade de assegurar a neutralidade da rede.

Domar essas bancadas é tarefa dura, ainda mais quando a interlocução oficial se dá pela ministra Ideli Salvatti. Mais penosa é a tarefa de articular politicamente o partido do finado Orestes Quércia, cabendo esta função ao ex-ministro dos Transportes de FHC, o deputado gaúcho Eliseu Padilha. A disciplina partidária é rarefeita e a organicidade menor ainda.

O tumulto não termina no Congresso. O ambiente peemedebista conflituoso pesa em dobro na interna da organização política de Raupp, Alves e Jucá. O PMDB tem cinco ministérios, mas as oligarquias estaduais afastadas da cúpula do partido reclamam justamente de ser alvo do dirigismo que elas mesmas exercem nos diretórios estaduais. Assim, os jogadores hegemônicos são contestados pelos demais, embora todos tenham comportamento absolutamente idêntico. Não há mocinho nesta briga.

As vísceras da política brasileira estão expostas. Os peemedebistas desgostosos com o governo, afirmam que neste ano, o PT e o Executivo só se preocupam em assegurar os seis minutos de TV no horário eleitoral. Não deixa de ser verdade, embora ninguém em sã consciência possa esperar muito mais desta aliança.

Artigo originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat.






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