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A pugna entre militares e os riscos para o projeto bolivariano – 2


No caminho do vale-tudo, a juventude oligárquica venezuelana substitui aos incapazes militares golpistas e dirigentes patoteros. Prepara-se para o desgaste da política oficial e confronta diretamente a maioria do povo moblizado.



A presente Nota, mais do que uma continuação da anterior, pode ser lida como a ante-sala do próximo boletim desta aguerrida página. Aprofundando e traduzindo o título, reconheço um tanto enigmático, desenvolve-se a crítica e a luta entre duas lideranças político-militares. Uma, o presidente que também é celebridade, Hugo Rafael Chávez Frías; outro líder, seu ex-ministro de Defesa, Raúl Isaías Baduel. A leitura que aqui faço é a seguinte:

"O afastamento do segundo (Baduel), em relação ao primeiro (Chávez), pode ser o fator de instabilidade necessário para que a votação pelo SÍ não atinja os mais de 60% necessários para garantir a ampla margem de que o governo chavista necessita."

Olho na análise, uma vez que estamos a debater sobre golpistas de direita, operadores do Departamento de Estado, papagaios de mídia através das linhas da SIP (com sede em Miami) e gusanos de todos os tipos e cores. Faz-se necessário dizer em alto e bom som que esta página entende o projeto bolivariano como positivo para os destinos da Pátria Grande. Mais, que existe uma Pátria Grande e que por vezes, nossa história demonstra ser a forma da liderança carismática a mola propulsora de avançadas populares.

Mola propulsora sim, como um pavio. Explode e detona, logo se apagando. No médio prazo, o(s) populismo(s) – e aqui afirmo que o mesmo existe e não necessariamente isto é negativo – termina por roer a corda. Explicito a qual corda(s) me refiro.

A institucionalidade pela qual se lançou ao mar o general Baduel e defendida por Dieterich (ler nota anterior) aposta em uma solução republicana e com certo equilíbrio entre poderes, medianamente pautada pela Constituição venezuelana de 1999. A última carta magna foi uma das razões pela qual tentaram o golpe de 2002. A partir de 2003, o chavismo se pauta no projeto do Socialismo do Século XXI. Convoca poderosas forças sociais, isto dentro de um mapa político que vai de uma nova fração de classe de empresários vinculados ao regime à extrema-esquerda com projetos de Poder Popular anti-estatista. No centro político do chavismo (com ou sem Chávez), Baduel aponta a preservação institucional e uma vontade de correção do entrevero entre os amigos do presidente, os amigos dos amigos e a corrupção endêmica.

O tenente-coronel Chávez aponta outra coisa; é uma liderança carismática que crê em suas luzes própria e no apoio popular (sobrante, ainda) muito mais do que em qualquer assessoria eficiente. Foi a autoconfiança do conspirador de fevereiro de 1992 que o levou a galvanizar os votos em 1998. As experiências de organização popular aparentemente não superam a capacidade de mobilização vindas do Estado. Na troca entre uma nova forma de vida, a partir da economia cooperativa, e o custo a ser pago pela intermediação da tecno-burocracia somada aos arrivistas e incapazes de sempre; bancar aos inúteis sai mais barato do que pelear duro por outro projeto de sociedade sem intermediários profissionais.

Ao lado da direita de sempre (a mesma do golpe de 2002 e saudosa da farra de Punto Fijo), que ainda não está morta, perfila uma possível saída republicana. Junto aos ocupantes de Miraflores, a aposta é em uma ausência da política com a centralização do poder, com o ímã Chávez catalisando as energias do povo; uma outra solução perfila tímida e mais à esquerda, indo no rumo da institucionalidade não estatista.

Se Chávez conseguir aprovar o SÍ com mais de 60%, a roda do moinho vai tragar uma parte dos jogadores já no dia 2 de dezembro. Caso contrário, o tabuleiro muda, perfilando o antagonismo chavismo-bolivariasmo X escuálidos-aliados.

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