A reta final da campanha aponta dois fenômenos simultâneos. Um deles, a retomada da dianteira com folga da parte de Luiz Inácio. O segundo, a situação absurda de uma cortina de fumaça deflagrada por todo o ambiente político. Vivemos uma guerrinha, não do tipo de faz de conta, mas de continuidade do modus operandi do antigo monstro do Golbery. Tal e qual um tipo de modus vivendi dos operadores políticos e empresariais.
Em último caso, fica uma dúvida: “Quem mandou o Planalto confiar nos grupos de mídia?”
E, na teoria política pura aplicada, uma dúvida conceitual ainda mais cruel: “O que leva a estes operadores a estabelecerem relações de mútua confiança e identidades afins com adversários históricos?”
Agora fica a choradeira, da suposta traição de um agente quem sempre foi governo (em qualquer governo) e nunca passou de aliado tático. Escutando versões de análise descritiva entre as relações do governo, com José Dirceu na cabeça pública e à frente da Casa Civil, é possível escutarmos as mais variadas interpretações e tergiversações explicativas dos motivos de Estado, razões de governo dentre outras, para ancorar a base aliada, em um bipé do baixo clero do Congresso, e no outro, nos operadores e homens de confiança da Indústria, do Agronegócio (latifúndio na base da plantation da Rainha Soja), do homem de confiança da Globo e da alta gerência do capital financeiro, senhor e dono dos destinos das finanças da União.
Se a lealdade de Meirelles é uma evidência inegável, a de Hélio Costa é discutível. O fato é que o partido de governo delegara ao seu líder político popular a figura da chefia de Esado, e este convocara assessores diretos de sua própria confiança. Cada vez mais Luiz Inácio se convence que ele carrega o PT nas costas e está disposto a pagar o que for preciso para se manter na parcela de poder do Executivo eleito, ainda e apesar do PT. Mesmo que para isso entregue todos os ministérios que o(s) PMDB(s) desejar e quiserem; ainda que tenha de entregar as mãos para não perder mais um anel em um dedo que já não tem.
Nos espanta o espanto de colegas analistas, mais ou menos profícuos em teorias estéreis e macaqueadamente colonizadas. O bê-a-bá é o jogo real da política, ainda mais sem lastro e com discurso lavado, considerando que a ancoragem ideológica se perdera da democracia socialista à social-democracia, e, desta, para o social-liberalismo. No meio da turbulência apolítica, Lula flutua, surfa e faz manobras radicais. A academia depois que busque explicação para aquilo que os olhos vêem e só a caixa de ressonância do Planalto não quer ver nem reproduzir.