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O PSD e o senso de oportunidade política

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Gilberto Kassab e Cláudio Lembo (foto), junto a Guilherme Afif Domingo, estão na cruzada de inventar uma UDN de tipo light e para-governista. O movimento auxilia aos politólogos de plantão – como este que aqui escreve – a materializar o conceito de oportunismo político e adesismo ao governo de turno.

31 de março de 2011 (véspera do Golpe Militar de 1º de abril de 1964), da Vila Setembrina, Bruno Lima Rocha

A fundação do PSD é um tema que possibilita múltiplas abordagens e algumas valorações. Mas, não importando a angulação da análise, dois fatores são inegáveis. O Partido Social Democrático nasce sob o signo do partido tampão e do oportunismo político. Começando pelo segundo fator, vemos em seus fundadores (Kassab, Lembo, Afif e Cia.) um aguçado senso de oportunidade e mimetismo. Eles, ao mesmo tempo em que reeditam um programa clássico do (neo) liberalismo, declaram despudoradamente a nova legenda como “independente e sem ideologia”.

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O que a nova legenda pode vir a ter de diferente em relação ao DEM é apenas a sua aparência de simpatia e desapego ao oposicionismo sistemático. Em um país onde ninguém quer ser de direita embora a maior parte das elites políticas assim se porta, afirmar uma agenda positiva e de tipo pragmática é um excelente farol aos desgarrados dos combalidos Democratas.

Gilberto Kassab opera como um equilibrista da política, convocando os iguais a abrirem uma sigla de centro-direita e ocupar um espaço vazio pelo antagonismo visceral do DEM, por longos oito anos, exercido contra um governo com ampla aceitação popular. A analogia nas relações internacionais seria a de um Estado tampão, um território soberano ou quase, mas com alto grau de dependência de países líderes na região. Ao posicionar-se entre o PSDB, governo a quinze anos consecutivos do estado mais rico do país, e a aliança PT-PMDB a governar a União emplacando a sucessora de Luiz Inácio, a nova sigla já nasce sob a égide da pressão alheia e com uma base que será infinita o quanto dure, e nada mais.

Qualquer análise de rigor não pode deixar de levar em conta o oportunismo político como motivação principal desta fratura. O Planalto se teve influência direta teve sobre este movimento, realizou uma manobra de mestre. Enfraqueceu a já combalida oposição mais ferrenha, abrindo a cancela para receber novos apoios pragmáticos de plantão. Isso, por sua vez, amolece ainda mais o pouco ou nada fortalecido internamente PSDB, dificultando a existência de uma direita opositora.

O resultado, ao contrário do que possa parecer, se assemelha para a “esquerda” a uma vitória de Pirro. O fenômeno se repete. Lula governara ao lado do capital financeiro e abraçado em ex-arenistas. Agora Dilma dilui as possibilidades da oposição à direita agrupada partidariamente, e assim, simultaneamente, aumenta a influência direta e indireta das posições mais conservadoras dentro de seu governo.

Este artigo foi originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat






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