09 de janeiro de 2014, Bruno Lima Rocha
O ano de 2014 apresenta uma novidade em relação às anteriores campanhas de reeleição presidencial. Pela primeira vez em mais de uma década, temos um cenário de alianças muito difuso sobreposto a uma exposição internacional do país sem precedentes. Neste artigo e no próximo, abordamos o tema das eleições presidenciais em três dimensões: a agenda social de protestos atravessada pela Copa do Mundo; a política de alianças dos operadores profissionais e, junto desta, a percepção da classe C como reserva eleitoral do lulismo e seus herdeiros.
Iniciemos pela primeira. A experiência dos protestos ocorridos no primeiro semestre de 2013 e cujo ápice foi paralelo a Copa das Confederações, demonstrou ao governo federal que a conta política pode ser alta. O cálculo é oportunista. Os governos estaduais, responsáveis pela segurança pública e policiamento ostensivo, podem pedir ou não a presença da Força Nacional, assim como de reforço da PF e da PRF. Em contrapartida, o Planalto não pode arriscar-se ao ponto de não ter estes recursos para a garantia do evento.
Conforme já noticiado, a Força Nacional já formou uma tropa equivalente a uma guarda nacional provisória, com mais de 10 mil profissionais. Esta é composta de agentes coercitivos estaduais (voluntários na função), todos com treinamento extra padronizado em Brasília, recebendo diárias que podem ser dobradas. A iniciativa, datada do governo Lula, não transforma servidores dos estados em federais, mas disponibiliza os mesmos para o governo central. Estarão presentes – provavelmente – nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo.
No mundial, o nervo exposto é São Paulo. Se o governo tucano não requisitá-la e tiver sérios problemas com os protestos, Alckmin (PSDB) paga a conta na sua campanha de reeleição e por tabela atinge Aécio, candidato de sua legenda embora com pouco apoio vindo do Palácio dos Bandeirantes. Caso a requisite, pode demonstrar para a parcela conservadora do eleitorado paulista que mesmo após duas décadas à frente de 40% do PIB brasileiro, a sigla de FHC não foi capaz de estruturar o estado para um evento desta ordem. Considerando que a prefeitura paulistana está com o PT, o resultado pode ser desastroso para o governador.
As jornadas de protesto de 2013 demonstraram a uma massa organizada para além da representação oficial, a possibilidade de conquistas passando longe da urna. Em contrapartida, toda a política profissional que ver as ruas neutralizadas; já para Dilma e aliados, trata-se de um tema vital.