Parece inexplicável, mas não é. Nesta última madrugada, diversos ataques ocorreram no Rio e sua Região Metropolitana. A situação é o mesmo absurdo de sempre. Fenômenos históricos, muito conhecidos, que ao serem deixados aos deus-dará, vão se desenvolvendo e complexificando. Depois, bem, depois é agora, com a repetição de em 2006 de junho e julho de 2006.
Há pouco mais de um ano o jornal O Globo deu na capa uma casinha de alvenaria com um Triângulo Verde pintado. No ano de 2000, na implantação do Complexo da Maré e a transferência do famigerado 22º BPM de Benfica para àquela zona, lia-se nas paredes: Comando Azul chegou! Nada disso é novidade, assim como o Inferno de Taubaté gerou e degenerou a geração de fundadores do PCC. Cesinha, Geleião e Playboy (Marcola) foram “hóspedes” na masmorra pós-moderna.
O Estado não se isentou de patrulhar as favelas do Rio. Simplesmente abriu mão do controle para garantir a linha invisível entre o asfalto e o morro. E, na ausência do próprio ente estatal, retorna à cena algo mais do que comum na Baixada Fluminense. Até o final dos anos ’80, naquela região não tinha Comando. Quem mandava era a banca do bicho e a “mineira”. Mineirar é arrecadar extorsão com segurança complementar. Mesmo nas comunidades de favela onde houve guerra entre comerciantes e narco-traficantes, na vitória dos primeiros, de maioria nordestina, quem termina por mandar é a Puliça Minera.
Daí para formar uma “milícia” é um trecho considerável, mas não infindável. Bem, o momento chegou. O controle territorial passa para os “ex-vermes”, gíria da bandidagem ao denominar um agente de segurança do Estado de uniforme azul, cor da PM do Rio. O tema é complexo, mas não impossível de ser decifrado. Qualquer operador, pesquisador ou mesmo curioso bem informado dá conta de interpretar o tema.
Feliz 2007, a mando da “Federação”, jogando pelada com 5,56 mms. contra o Comando Azul.