Ao lermos a lista dos sanguessugas vemos algo simplesmente inimaginável há 10 anos atrás. Senão por purismos, ao menos nada nem ninguém previa o grau de corrupção orgânico nos quadros parlamentares e escalões superiores da “esquerda” hoje no poder. Isto não é um fenômeno novo, mas muitos pensávamos, de forma até inocente, uma certa imunidade dos novos dirigentes, criados dentro da crítica anti-stalinista e a partir de exemplos mais democráticos, como a Nicarágua sandinista.
Falsa ilusão, isto considerando o comportamento também nefasto que parte da dirigência da FSLN teve. Justo nos primeiros meses na Manágua liberada, ocorre o “assalto às mansões”. Qualquer semelhança com os assaltos às mansões de Vinhedo, ocorrido em imóvel de notório dirigente histórico na esquerda atual, não é mera coincidência.
A convivência de guarda baixa, o trânsito sem muito pudor, as livres negociações e os padrões de vida, aos poucos vai reposicionando a militância na sociedade. De oposição social à oposição política, daí a possibilidade de gestores municipais e eis a escola de governo. Em escala ampliada, com alguns anos de experiências neoliberais bem sucedidas e chegamos à equiparação desta esquerda com alguma tradição democrática, e apenas mais uma legenda com o nefasto comportamento político brasileiro.
A lista dos sanguessugas tem algo de honestidade. Não pela negociação dos nomes não divulgados, menos ainda pelo fato de que temos apenas uma mostra parcial. Mas sim, pela amostragem das siglas, onde quase todos estão na lista válida, e um leque ainda mais variado foi retirado de forma pouco ou nada discreta.
Se este é o padrão, e creio que sim é, então os sanguessugas são a base da “governabilidade”.