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Análise de conjuntura pós-eleitoral – passada uma semana da reeleição, a chantagem institucionalizada e o caminho para um governo acuado

últimosegundo

O deputado fluminense e eminente cardeal do Congresso Eduardo Cunha – líder do PMDB - é apontado pelo ainda presidente da câmara baixa tupiniquim, o potiguar e também peemedebista Henrique Eduardo Alves, como seu sucessor. Com uma base aliada assim, o gabinete de Dilma vai ser pouco mais do que um bloco de operadores da direita dedicando-se a extorquir o capital político da presidenta.

Bruno Lima Rocha, 1º de novembro de 2014

 

O domingo dia 26 de outubro foi um marco na história política recente do país. O mesmo projeto de governo emplacava seu quarto mandato consecutivo, realizando a proeza de reeleger uma ex-guerrilheira indicada como sucessora de um ex-dirigente sindical. Tudo seria um mar de rosas, se estas mesmas rosas, ao contrário do que disse Mestre Cartola, não roubam “perfumes de musas do carnaval” e sim o odor fétido do submundo da política oligárquica que todos vêem e ainda poucos são taxativos a este respeito. Se pudermos caracterizar o momento do curtíssimo prazo pós-reeleição, trata-se de algo muito perigoso. 

 

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A chantagem institucionalizada e o cerco (putsch branco segundo o editorial da Carta Maior datado de 29/10/2014, termo com o qual este analista concorda) continuam. Eu afirmei em texto anterior que parte da esquerda votou em Dilma de nariz tapado (não me incluo, votei em Zumbi e Sepé, como sempre) e que, novamente, viria o inexorável caminho em busca da tal da governabilidade. 

 

Tal caminho tem de um lado, os chantagistas de plantão, a começar pela ameaça de levar a sério a CPI da Petrobrás - não nos esqueçamos do vice e seu partido -, passando pelo bloqueio da pauta pelos tucanos e demos, chegando ao sentimento de frustração e traição da massa que votara no retrato de Dilma quando ela ainda era militante da VAR-Palmares e não na hábil negociadora da Casa Civil de Lula pós-José Dirceu. 

O PT não enganou ninguém, talvez a seus próprios eleitores, além de promover um auto engano de si mesmo, ao menos em suas bases. Em texto publicado na governista CartaCapital (Lino Bocchini, em 30/10/2014) vai ao encontro do que digo acima. Mas, infelizmente, o analista da publicação de Mino Carta navega pelo viés do cinismo, algo como análise política positivista. 

 

Se na Carta ao Povo Brasileiro Lula não mentira, tampouco podemos afirmar que seu eleitorado conseguiu – e consegue – separar racionalmente o possibilismo macabro com o qual sua legenda governa e os apelos simbólicos remetendo para idéias de câmbio, ainda que difusas. Venho afirmando que o PT, na hora do sufoco, faz campanha por "esquerda", esconde os aliados oligarcas e governa por direita. A panacéia já começou com a entrevista de Dilma para o Jornal Nacional e logo na sequência veio a pressão "inexorável" para a pasta da Fazenda. O texto do excelente portal Carta Maior (ainda que governista), datado de 28/10/2014, assinado por Pedro Paulo Zaluth Bastos e com o acertado título de “O terceiro turno já começou. O austericídio também?” demonstra o cerco estratégico dos agentes de mercado, justo os analistas ouvidos para compor o Boletim Focus e que têm a coragem de falar em público a afirmativa de “o mercado gosta de ver os juros sendo elevados embora não goste de ser surpreendido!”. Tal preocupação se revela dentro das bases mesmo do petismo. Para quem corre pela margem à esquerda da política, o poder começa a ser definido em seus centros nervosos agora.

 

Também observamos a mesma capacidade de plantar nomes de ministeriáveis para a “equipe econômica” para outras pastas, como o estratégico Ministério das Comunicações. Compartilho o debate e a previsão tenebrosa (e tristemente REALISTA) do respeitado organizador da democracia na comunicação, Jerry de Oliveira no Brasil. Plantado pelo petismo, está Ricardo Berzoini e pelas oligarquias que sempre são governo, cogita-se um nome do PMDB.  Sinceramente, não vejo diferença substantiva se o Berzoini assumir a pasta das Comunicações apenas para garantir direito de resposta (propósito enunciado na Folha de São Paulo em 29/10/2014) e a posse de uma réplica de Hélio Costa e cia. Todos temos muito respeito pela opinião deste militante e entendo que sua análise é cabível e deve ser compartilhada, embora seja foco de crítica deste analista.

 

Pesquisas eleitorais, guerra midiática e mais da democracia concorrencial brasileira

 

Enquanto o governo Dilma, 2o tempo, tenta montar um Gabinete de Kerensky tropicalizado, o lado mais "venezuelano" do Brasil mostra sua cara. O perigoso jornal de extrema-esquerda Folha de São Paulo (o próprio) trouxe uma matéria suspeita de ser "pró-governo" e "anti-tucana" apenas porque cruza informações e faz alguma checagem jornalística (rotina obrigatória não cumprida por Veja naquela capa fatídica). Nesta matéria (de 30/10/2014, atendendo pelo título de “Campanha de Aécio usou pesquisa com dados enganosos”), nota-se que o instrumento dos institutos de pesquisa opera como ferramenta de guerra psicológica e midiatizada. O único jeito de disciplinar estas máquinas de campanhas - consórcios econômico-eleitorais - seria proibir a divulgação de pesquisas até no mínimo uma semana antes de cada turno. Senão, episódios como estes, serão cada vez mais frequentes. 

 

Os tucanos pelo visto entendem as eleições como um jogo "flexível". Contestar, ainda que parcialmente, a lisura da urna eletrônica brasileira e o resultado final conformam uma aproximação da tática de Henrique Capriles, governador do estado de Miranda e candidato derrotado pela direita da Venezuela em acirrada disputa. Bem, se argumentar sobre a lisura do pleito não for "venezuelização" - de blefe, mas é – então, por favor, digam onde está o fenômeno? Tática utilizada pelos esquálidos da Venezuela, sendo que ao contrário do país vizinho, aqui o processo eleitoral é muito, muito confiável. Tal fato não é especulação deste analista, mas circulou em matérias jornalísticas como a publicada no G1, na 5ª 30 de outubro de 2014 (“PSDB pede ao TSE auditoria para verificar “lisura” da eleição”).

 

Vale ressaltar que não se trata de recontagem e sim auditoria. Portanto, soa como uma tática de manter o tema visível, aproveitar o fim do mundo e não deixar o verão dispersar a base tucana mais à direita. Enquanto isso, no submundo planaltino, Kerensky se equilibra com o governo das maltas brancas ("aliadas"), mas sabendo que está seguro, pois não haverá assalto ao palácio (não por esquerda, ao menos) e está ainda mais distante uma insurreição à moda ucraniana ou formação de soviets.

 

Conclusão inicial: esse governo nem começou e, devido às escolhas terríveis, periga de não governar.

 

 






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