A campanha eleitoral se aproxima do final de forma mais emocionante do que quando começou. Esta afirmativa é fruto de evidente observação empírica. Mas, por outro lado, o grau de despolitização avança. Queria poder retornar às Notas aqui fazendo um paralelo a partir de duas variáveis. A primeira é a premissa de racionalidade lógica do eleitorado. A segunda tem relação com o grau de capacidade cognitiva do mesmo eleitorado.
Afirmar que o eleitor brasileiro não sabe votar é uma praxe triste e repetitiva. Servia de discurso para a ex-esquerda quando esta avaliava o grau de consciência de classe, a correlação da falta de consciência e os mapas eleitorais que sempre punham a esquerda parlamentar em situação minoritária. Chegada à hora de mudar de lado, sendo o governo composto pela ex-esquerda, e o argumento alterna, indo direto para a UDN e o PSD em nível nacional.
As afirmações seguem iguais. Agora o argumento para o fator voto é a falta de consciência, não de classe, mas de cidadania e civilidade. A frente por um país decente evoca as vassourinhas de Jânio Quadros e algo de um lacerdismo tardio clamando contra o “mar de lama” que assola o herdeiro do Catete, ou seja, o Planalto. Os marketeiros da direita se perguntam, como pode o ex-metalúrgico receber tantos votos ainda que tenha a dezenas de auxiliares e correligionários envolvidos diretamente com esquemas no mínimo espúrios?!
O eleitorado não vota necessariamente na decência pregada por aqueles que atiram pedras mesmo tendo telhado de vidro. Digo mais. O grau de complexidade das informações vindas de dossiês, sempre leva algum tempo até tornarem-se um folhetim consumível. Daí a mudar preferências é um largo trecho. Afirmei isto no último artigo de batalha escrito; e as coisas tendem a se confirmarem. Pode até dar em 2º turno, mas fruto de operações e seguimentos de inteligência e contra-inteligência.
Devemos admitir que em nosso país, 74% das pessoas são analfabetas funcionais. Assim, as proezas das informações instantâneas, expressam-se em outro idioma para a maioria dos brasileiros.
Na campanha com voto preferencial sedimentando-se, o grau de compreensão das operações que acercam a ex-esquerda da direita de sempre não chegara a superar o também já conhecido utilitarismo do contrato do jogo eleitoral. Na mesma campanha tocada adiante com militância paga, o candidato da situação não vai ao debate. Não era de estranhar.